sábado, outubro 30, 2010

Nevou durante a noite e agora chove na Serra da Estrela



Mas o dia não é para passeios na montanha por causa do temporal. As estradas estão todas transitáveis...

A chuva intensa que caiu ontem alagou lojas e restaurantes na baixa de Lisboa



Nas Portas de Santo Antão, a maior parte dos estabelecimentos reabriu esta manhã. Os comerciantes alertam que a falta de limpeza dos esgotos agravou as cheias.

sexta-feira, outubro 29, 2010

Lisboa: Mau tempo provoca inundações na Baixa



Primeiro piso do Teatro D. Maria II atingido pela água

O mau tempo que esta sexta-feira assolou a Baixa lisboeta provocou o caos no trânsito e obrigou a trabalhos redobrados dos funcionários de limpeza de algumas instituições atingidas duramente pelo temporal.

Exemplo disso é o Teatro Dona Maria II, cujo primeiro piso ficou inundado. Três empregados tentam limpar as instalações, um trabalho que pode demorar todo o dia.
Quando a chuva acalmou, os funcionários das várias lojas e restaurantes do Rossio e área circundante aproveitaram para limpar o muito lixo que se acumulou na calçada e para recolher as mesas e cadeiras das esplanadas.
Marília, empregada de uma loja de artesanato no Palácio da Independência, recorda que a água chegou a ultrapassar o nível da cintura. Enquanto varria, a funcionária olhava em volta para contabilizar os estragos: "São muitos. Ficou tudo a boiar".
Contactado por telefone, o vice-presidente da Confederação de Comércio e Serviços de Portugal, Vasco Mello, afirmou ter registado inundações por toda a Baixa, inclusive na cave da sua própria loja, na Rua do Amparo, e em estabelecimentos das ruas Augusta e da Prata, onde estas situações já não aconteciam desde há dois anos.
Na Rua da Prata chegaram mesmo a fazer transbordar dois colectores de águas pluviais.
"Ainda bem que foi de manhã. Se fosse de noite seria uma desgraça", afirmou o responsável, explicando que a situação tinha melhorado com uma intervenção no parque de estacionamento da Praça da Figueira que abrangeu também a Rua da Palma. Por isso, disse não entender como estas inundações se podem repetir, depois de várias intervenções, inclusive com colectores.
Já em Chelas, os maiores transtornos no trânsito foram provocados pela deslocação de tampas de esgotos.
Um carro reboque que tentava passar entre o trânsito ficou preso e teve de ser ajudado por outro veículo idêntico.
Entre Chelas à Baixa, são notórios vários lençóis de água na estrada, caixotes de lixo no chão e lixo.
Segundo dados do Instituto de Meteorologia, recolhidos na estação Gago Coutinho, junto ao aeroporto, entre as 09h00 e as 10h00, a precipitação foi de 17,5 litros por metro quadrado. Já na Estação Meteorológica do Instituto Geofísico de Lisboa, no Jardim Botânico da Universidade de Lisboa, registou-se uma precipitação de 32,2 litros por metro quadrado.

quarta-feira, outubro 27, 2010

Governo e PSD rompem negociações sobre o Orçamento do Estado



Catroga lança duras críticas ao Executivo

À quinta ronda de reuniões, Governo e PSD romperam negociações sobre o Orçamento do Estado para 2011. "Não tinha dúvidas de que era um mau orçamento, em consequência das más políticas dos últimos anos e do grande buracão nas contas públicas. E tem efeitos muito gravosos para as famílias", afirmou Eduardo Catroga, do PSD, no final do encontro com a equipa do Executivo, liderada pelo ministro das Finanças, Teixeira dos Santos.

"Aceitei esta missão porque a considerava útil para o País. O PSD pareceu-me ter uma vontade genuína de chegar a acordo. E confirmei isso", começou por referir o ex-ministro escolhido pelo líder social-democrata, Passos Coelho, para representar o principal partido da oposição nas negociações com o Governo.
Eduardo Catroga lançou duras críticas ao desempenho do Executivo nos últimos anos, numa declaração que durou cerca de meia-hora. O economista fez questão de deixar bem clara a sua opinião sobre as finanças do País. "O Governo deixou derrapar as contas públicas. Se analisarmos a estimativa feita em Julho e agora feita em Setembro chegamos à conclusao que houve uma derragem de dois mil milhões de euros. O Governo em vez de reduzir as contas públicas, ainda as agravou."
Catroga acusou ainda o Executivo de lhe prometer entregar um relatório detalhado sobre as contas de 2010 na primeira reunião e que, até hoje, ainda não a cumpriu essa promessa.
O representante do PSD explicou que houve vários pontos de divergência, em termos de competitividade e emprego, e que o Governo foi "inflexível", uma vez que não considerou algumas mudanças "necessárias".
"Não havia vontade política [do Governo] para fazer cortes adicionais na parte da despesa", afirmou.
O antigo ministro terminou a sua declaração a referir que "o Governo apresentou uma contraposta final sem hipótese de negociação".
A Comissão Política do PSD vai reunir-se hoje às 17h e faz declaração às 20h sobre final das conversações.
O ministro das Finanças faz declaração ao País ao meio-dia.

Teixeira dos Santos: "Sim, sou inflexível. O défice de 4,6% tem de ser cumprido"



Ministro das Finanças responde a Eduardo Catroga

O ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, acusou esta quarta-feira o PSD de querer "obter propaganda" e afirmou não haver "margem de manobra para acomodar o conjunto de exigências" dos sociais-democratas. Ao facto de Eduardo Catroga, ex-ministro do PSD, o ter chamado "inflexível", o ministro socialista respondeu: "Inflexível?Sim, sou inflexível. O défice de 4,6% (do PIB) tem de ser cumprido".

Teixeira explicou que o Governo não podia "acomodar todas as exigências do PSD", uma vez que haveria "perda de receitas". Acusou os sociais-democratas de terem aceite "uma negociação a contragosto" e que acharam que estavam a "fazer um favor ao Governo".
O PSD queria, além da não subida do IVA, incluíndo a tributação nos produtos alimentares, que não se impusesse a limitação prevista para o limite dos benefícios fiscais, excepto nos dois escalões mais altos do IRS. E o Governo, em sede de IRS, só admitia "exclusão do terceiro escalão da limitação ao aproveitamento de deduções à colecta".
O ministro socialista afirmou que "se exige é que o Orçamento do Estado seja capaz de restaurar a confiança dos mercados" e que isso requer medidas exigentes. "Sem orçamento haverá crise financeira", sublinhou, demonstrando ainda esperança na viabilização do OE por parte do PSD.
No final, Teixeira dos Santos fez distribuir pelos jornalistas a contraposta final, com data de 26 de Outubro, e que deveria ter sido entregue ontem às 19h, mas foi adiada para esta manhã. Com o título 'Protocolo de entedimento entre o Governo e o PSD relativo à sustentabilidade das Finanças Públicas', o documento, da responsabilidade exclusiva do ministro, continha as novas linhas do Orçamento, entre as quais o PS aceitaria as exigências do PSD para manter as actuais taxas de IVA nos produtos alimentares essenciais.

segunda-feira, outubro 25, 2010

Consumidores satisfeitos com a abertura de hipermercados ao domingo à tarde e noite

Constituída a equipa de recandidatura de Cavaco Silva



Cavaco Silva já tem pronta a equipa da recandidatura. De acordo com a Rádio Renascença, o general Ramalho Eanes volta a presidir à Comissão de Honra, sendo que Kátia Guerreiro voltará a ser a mandatária da juventude. A maior parte dos nomes do núcleo duro da campanha de 2005 transita para o próximo acto eleitoral. Contactado pela RTP, Ramalho Eanes não confirmou nem desmentiu a notícia, reafirmando que compete a Cavaco Silva divulgar os nomes que constituem a equipa.

José Rodrigues dos Santos publicou um novo livro



"O Anjo Branco" foi inspirado na vida do jornalista e tenta retratar a vida dos portugueses durante a guerra colonial.

Dispositivos Via Verde esgotados



Os dispositivos de "Via Verde-classe 1" estão esgotados em todas as lojas do Norte do país. Esta manhã, muitos clientes tiveram de regressar a casa sem o aparelho. A Via Verde garante que a situação fica resolvida amanhã e faz saber que só estão disponíveis os identificadores para quem fez pré-reserva.

Cinco mil professores em risco de desemprego



Cinco mil professores podem perder o emprego. A estimativa é dos sindicatos, depois de se saber que a proposta orçamental para o ministério da Educação pode levar à extinção de uma área curricular e à reorganização de outra . Em causa estão o Estudo Acompanhado e a Área de Projecto.

Scolari solta palavrões em conferência de imprensa



Brasil (com vídeo)

O ex-seleccionador português perdeu a compostura quando foi questionado por um jornalista sobre a lesão do jogador Valdivia

Luiz Felipe Scolari, antigo seleccionador de Portugal e actual treinador do Palmeiras, perdeu as estribeiras na conferência de imprensa de ontem, após a derrota por 1-0 com o Corinthians. E soltou vários palavrões quando foi questionado por um jornalista sobre a situação clínica do jogador Valdivia.
"O médico não confirmou m... nenhuma, b... nenhuma. O que ele tem é uma fibrose que não o impede de jogar, mas dificulta", atirou o treinador irritado.
Valdivia começou o jogo no banco e só entrou na segunda parte. Mas acabou por ressentir-se de uma lesão e Scolari foi obrigado a substitui-lo.

Scolari solta palavrões em conferência de imprensa



Brasil

O ex-seleccionador português perdeu a compostura quando foi questionado por um jornalista sobre a lesão do jogador Valdivia

Luiz Felipe Scolari, antigo seleccionador de Portugal e actual treinador do Palmeiras, perdeu as estribeiras na conferência de imprensa de ontem, após a derrota por 1-0 com o Corinthians. E soltou vários palavrões quando foi questionado por um jornalista sobre a situação clínica do jogador Valdivia.
"O médico não confirmou m... nenhuma, b... nenhuma. O que ele tem é uma fibrose que não o impede de jogar, mas dificulta", atirou o treinador irritado.
Valdivia começou o jogo no banco e só entrou na segunda parte. Mas acabou por ressentir-se de uma lesão e Scolari foi obrigado a substitui-lo.

Jantar surpresa para Moura Guedes



Despedida

Amigos e ex-colegas da TVI estiveram no sábado a jantar com Manuela Moura Guedes nas Portas do Sol, em Alfama, Lisboa, uma semana depois de a jornalista ter rescindido com a estação de Queluz de Baixo. O jantar e a festa, organizados pelo marido, José Eduardo Moniz, foram mantidos em segredo até pouco antes da ocasião, uma vez que a intenção era fazer-se uma surpresa à jornalista.
Com o objectivo de assinalar a despedida de Moura Guedes da TVI, vários foram os famosos que marcaram presença no jantar. Para além do marido da jornalista, estiveram também os filhos do casal, Madalena e José Maria, Júlia Pinheiro e o marido, Rui Pêgo, Catalina Pestana, Ana Leal, Henrique Garcia, Susana Bento Ramos, José Pedro Vasconcelos e Gabriela Sobral, entre outros.
A antiga pivô da TVI foi afastada do Jornal Nacional - 6.ª-Feira em Setembro do ano passado. Na última semana, acabou por chegar ao fim uma relação profissional de 15 anos.

Estudo Acompanhado continua, mas não para todos



Garantia do Governo

O Governo garantiu hoje que o Estudo Acompanhado vai continuar a ser oferecido, mas apenas a alunos com "efectivas necessidades". O executivo justificou o fim da Área de Projecto com a ausência de resultados nas aprendizagens e não esclareceu em que situação ficam os professores que terão os lugares em risco.

"O Estudo Acompanhado continuará a ser oferecido, mas no quadro de uma gestão mais flexível, para que a oferta se dirija aos alunos que têm efectivas necessidades de apoio e acompanhamento por parte dos professores", afirma o Ministério da Educação, numa resposta a questões colocadas pela agência Lusa.
A proposta de Orçamento do Estado para 2011 prevê alterações curriculares, como a eliminação da Área de Projecto e do Estudo Acompanhado, medidas que visam a racionalização de recursos no sector, mas também a redução da despesa.
Tal como o Diário de Notícias avançou hoje, os sindicatos do sector alertam que com esta medida são postos em causa o posto de trabalho de 5 mil professores.
A agência Lusa questionou também a tutela sobre o número de professores a reduzir, mas não obteve resposta.

Eficácia "não ficou demonstrada"

O Conselho de Ministros de 14 de Outubro já aprovou, na generalidade, um decreto-lei que estabelece os princípios orientadores da organização e da gestão curricular do ensino básico, no qual está previsto o fim da Área de Projecto.
A Área de Projecto, o Estudo Acompanhado e a Formação Cívica foram introduzidas no ensino básico em 2001, como áreas curriculares não disciplinares, sendo obrigatórias para todos os alunos.
"O impacto da Área Projecto nos resultados de aprendizagem não ficou demonstrado em vários estudos que se realizaram sobre esta matéria. Acresce que a metodologia de projecto pode e deve ser usada no âmbito de cada disciplina", afirma o gabinete da ministra Isabel Alçada, na mesma nota.
O Estudo Acompanhado realizava-se durante duas horas por semana, tal como a Área de Projecto.
Além desta medida de redução de despesas de funcionamento, o Orçamento do Estado prevê ainda a redução do número de professores, a obrigatoriedade dos professores bibliotecários leccionarem a uma turma ou a redução do número de horas de assessoria à direcção das escolas, entre outras.

Ministérios gastam mais 26% em combustíveis



Despesa pública

Os ministros Rui Pereira, Augusto Santos Silva e Mariano Gago não pretendem poupar em gasolina nos organismos que tutelam, revela o Orçamento proposto para 2011. Em contrapartida, a austeridade nesta matéria prevê-se forte para António Mendonça

Na proposta de Orçamento do Governo há um aumento de 26,7% nas despesas com combustíveis. Isto, apesar de o mesmo documento estimar a subida do preço do petróleo em apenas 3,4%.
Os grandes responsáveis por este facto, que contraria os anúncios de austeridade, são os ministros da Administração Interna (MAI), Rui Pereira, e da Defesa (MDN), Augusto Santos Silva, em cujos ministérios e serviços tutelados pretendem gastar, respectivamente, mais seis milhões e 600 mil euros e mais quatro milhões e 100 mil euros. O MAI sobe 65% e o MDN 20%.
A outro nível de despesa, mas com o maior aumento em termos percentuais nos gastos com combustíveis, está o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, liderado por Mariano Gago, com um recrudescimento de 75%.
Mas há outros ministros que acompanham a tendência anti-poupança neste consumo (ver quadro), como Vieira da Silva, da Economia, Ana Jorge, da Saúde, António Serrano, da Agricultura, e Helena André, do Trabalho e Solidariedade Social.
Mas onde é que o ministro Rui Pereira pretende distribuir mais combustível? Segundos os mapas das despesas correntes e de capital, por ministérios, as diferenças substanciais vão para as maiores forças de segurança tuteladas pelo MAI. A PSP tem previsto para 2011 um gasto de cinco milhões e 600 mil euros para o "funcionamento" das viaturas, essencialmente em patrulhamentos, o que representa uma subida de quase dois milhões de euros em relação ao destinado para 2010, montante insuficiente.
Já para a GNR, Rui Pereira foi ainda mais generoso. A força militar que este ano tem uma verba de cerca de cinco milhões e 700 mil euros para despender em combustíveis, vê esse valor quase duplicar para 2011, com mais de 10 milhões e 500 mil euros. O dobro, aliás, da PSP.
A nível dos gabinetes do MAI, a austeridade só chegou mesmo à equipa do secretário de Estado da Protecção Civil, Vasco Franco. Todos os outros ou mantêm o Orçamento de 2010, como é o caso do próprio ministro e do secretário de Estado adjunto e da Administração Interna, Conde Rodrigues, ou aumentam, caso da secretária de Estado, Dalila Araújo.
Augusto Santos Silva também mantém o mesmo valor para o seu gabinete que está inscrito este ano (40 mil euros), enquanto o seu secretário de Estado, Marcos Perestrello, conseguiu mais 500 euros.
Mariano Gago mantém igualmente os 10 mil euros para o seu gabinete, mas quintuplica a verba para o secretário de Estado, Manuel Heitor, com cinco mil euros, em vez dos 1000 deste ano.
O ministro que mais cortou em combustíveis foi António Mendonça, curiosamente, das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, e Luís Amado, dos Negócios Estrangeiros.

Fim de duas 'disciplinas' deixa 5 mil docentes em risco



Orçamento

Extinção da Área de Projecto e do Estudo Acompanhado vai fazer com que escolas precisem de menos professores

A extinção das actividades da Área de Projecto e do Estudo Acompanhado, prevista na proposta de Orçamento do Estado (OE), vai fazer com que no próximo ano lectivo o Ministério da Educação precise de menos professores. Segundo as contas dos sindicatos, haverá menos cinco mil horários a concurso, o que se pode traduzir em menos cinco mil professores contratados. E mais cinco mil no desemprego.
A tutela considera que as estimativas dos sindicatos, no entanto, não têm "sustentabilidade" porque o OE ainda não foi aprovado e as "medidas aí contidas ainda têm de ser regulamentadas". Mas o relatório do OE prevê a redução do número de professores.
Lucinda Manuela, da Federação Nacional da Educação (FNE), ressalva que são valores aproximados, uma vez que "esse levantamento ainda não está feito", mas diz que a estimativa foi feita por baixo. Ou seja, estaremos a falar de "pelo menos cinco mil horários, o que pode traduzir-se em menos cinco mil contratados".
A Área de Projecto (AP) ocupa, no segundo ciclo do ensino básico, duas horas por semana nos horários dos alunos e é leccionada por dois professores por cada turma. São duas horas que os alunos dedicam a desenvolver um projecto que deve servir para aprofundar conhecimentos de várias áreas e melhorar métodos de trabalho. Além disso, há mais duas horas que são dedicadas a Estudo Acompanhado (EA) por um professor.
"O fim da AP, do EA e ainda a atribuição de uma turma aos professores bibliotecários e a redução do crédito de horas a que as escolas têm direito vai fazer com que haja um redistribuição de horários e com que o sistema precise de contratar menos professores", confirma Mário Nogueira, da Fenprof.
E apesar de não considerar que a manutenção da AP e do EA sejam fundamentais, o sindicalista critica "a lógica economicista" por trás destas decisões: "Estão a tomar medidas para poder pôr na rua alguns milhares de professores contratados."
Para Mário Nogueira este é um problema dos professores, que vão ser mais afectados pelo desemprego, mas também das escolas, que terão mais dificuldade em organizar-se. "Nas negociações que tivemos com o Ministério, o secretário de Estado admitia que as escolas pudessem, no quadro da sua autonomia, acabar com AP e EA, mas sem qualquer tipo de implicação nos horários, porque poderiam transformar essas horas em outras actividades", acrescenta o sindicalista.
"O que a FNE sempre disse é que não há professores a mais porque ainda há muito a fazer nas escolas. Preocupa-nos que os alunos do 5.º ano fiquem mais cinco horas por semana sem acompanhamento de um professor, com esta medida", diz Lucinda Manuela.
"Estes cortes vão pôr em causa a qualidade da educação em Portugal, que é um factor estratégico de desenvolvimento, sobretudo em tempo de crise", acusa o secretário-geral da FNE, João Dias da Silva - que ontem foi reeleito até 2014, no congresso da Federação.
Na mesma reunião, em Aveiro, foi aprovada uma resolução de mobilização de todos os docentes e não docentes para a greve geral de dia 24 de Novembro. A FNE vai ainda interpelar todos os grupos parlamentares para que na discussão do OE na especialidade se possa "garantir o papel estratégico dos recursos atribuídos à Educação, no respeito pelo que é essencial para garantir educação de qualidade".
A proposta de Orçamento para 2011 prevê uma poupança na ordem dos 288 milhões de euros neste sector, a que se juntará a poupança de centenas de milhões de euros com o corte nos salários dos professores e restante pessoal. Sindicatos, professores e pais têm criticado o que consideram ser um "brutal desinvestimento na educação".

França: Três refinarias terminam greve



Trabalhadores põem fim ao bloqueio

Os trabalhadores de três das 12 refinarias francesas, paralisadas há vários dias em protesto contra a reforma do sistema de aposentações, decidiram levantar a greve, indicaram fontes empresariais e sindicais.

O fim da greve foi aprovado em duas refinarias francesas do grupo Esso, referiu uma fonte da direcção da petrolífera. "O fim da greve foi votado em Fos-sur-Mer (sul), durante o fim-de-semana, e hoje em Port-Jérôme Gravenchon (norte)", indicou esta segunda-feira uma porta-voz da direcção da Esso, explicando, no entanto, que o grupo continua "à espera de crude" para retomar a produção.
A refinaria de Fos - também afectada pela greve nos terminais petrolíferos na região de Marselha -, "está com um fluxo mínimo desde o início da contestação", acrescentou a mesma fonte.
Os funcionários das 12 refinarias francesas juntaram-se ao movimento nacional de contestação contra a reforma do sistema de pensões, o que provocou graves perturbações no fornecimento dos postos de gasolina em todo o país.
Os trabalhadores da refinaria de Reichstett (este), do grupo suíço Petroplus, paralisados desde 15 de Outubro, votaram hoje também pelo "levantamento do bloqueio" de forma "a reiniciar a produção no futuro", indicaram os sindicatos.

Indonésia: Sismo de 7,5 ao largo de Samatra



Autoridades lança alerta de tsunami

Um sismo de magnitude 7,5 foi registado esta segunda-feira ao largo da ilha indonésia de Samatra, tendo levado as autoridades a lançar um alerta de tsunami.

De acordo com o Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS), o abalo sísmico registou-se a 30 quilómetros de profundidade, com epicentro ao largo de Samatra, na região onde teve origem o sismo que, em Dezembro de 2004, provocou o mais devastador terremoto de que há registos.
Um aviso de tsunami foi emitido para a Indonésia, com a indicação de que o sismo poderá gerar ondas num raio de algumas centenas de quilómetros a partir do epicentro, mas o Centro de Alerta de Tsunamis do Pacífico indicou que os registos existentes sugerem que as ondas produzidas pelo sismo não serão destrutivas.

França: Greves custam entre 200 e 400 milhões de euros por dia



Afirma ministra

O custo das greves que afectam a França varia entre 200 e 400 milhões de euros por dia, afirmou esta segunda-feira a ministra da Economia francesa, Christine Lagarde, em declarações à rádio Europe 1.

A factura para a economia francesa está estimada por "alguns (...) entre 200 e 400 milhões de euros por dia", disse Lagarde, sublinhando que este custo é difícil de precisar.
Christine Lagarde referiu ainda que as greves e os incidentes em acções de protesto contra o aumento da idade mínima de reforma dos 60 para os 62 anos representam também um "prejuízo moral" para a França, cuja imagem tem sido prejudicada no exterior.

Fenprof organiza plenários em todo o País



Questões orçamentais em debate

A Federação Nacional dos Professores (Fenprof) promove, a partir desta segunda-feira, vários plenários e reuniões pelo País, com o objectivo de debater as medidas que o Governo pretende impor com o Orçamento de Estado para 2011.

Segundo a Fenprof, espera-se que estas reuniões juntem "milhares de docentes" num processo de esclarecimento sobre medidas que a Federação entende que terão "fortes e graves implicações no plano laboral e social".
Estes serão, segundo a Fenprof, "momentos importantes de mobilização para as lutas que já estão convocadas", como a greve geral de 24 de novembro.
A despesa prevista para o Ministério da Educação vai sofrer um corte de 11,2 por cento em 2011 face à execução estimada para este ano, o que corresponde a menos 800 milhões de euros.
Segundo a proposta do Orçamento do Estado, a despesa total consolidada do ministério de Isabel Alçada é de 6 391 milhões de euros.

Oportunidades com dívidas



Formação: 372 mil portugueses formados desde 2006

Os formadores das Novas Oportunidades, programa que desde 2006 já formou 372 mil pessoas, queixam-se de atrasos nos pagamentos. Só este ano, o provedor de Justiça, Alfredo José de Sousa, recebeu quatro queixas por atrasos no pagamento de bolsas de formação no âmbito do Programa Operacional Potencial Humano (POPH), destinado à formação em centros de Novas Oportunidades.

Elisabete Cardoso, formadora de Inglês num centro da Fundação da Juventude em Algés (Oeiras), denunciou ao provedor uma dívida de 1500 euros que reclamava desde o final de Agosto. O valor só foi pago em meados deste mês. Paula Gonçalves, da Fundação da Juventude, diz que "os projectos são financiados e reembolsados de dois em dois meses".
Antes de ser paga pelas 50 horas de formação, Elisabete Cardoso apresentou queixas junto do provedor de Justiça e do POPH, organismo público que financia as entidades privadas, como a Fundação da Juventude, pelas acções de formação realizadas.
Por outro lado, Rui Fiolhais, gestor do POPH, salienta que "confundir a eventual situação de uma formadora com o impacto das Novas Oportunidades em milhões de pessoas é confundir uma ínfima parte com um imenso todo".

Greve de três dias na Soflusa cancelada



Sindicato toma decisão após reunião com empresa

A greve de três dias marcada para esta semana na empresa Soflusa, que assegura as ligações entre Barreiro e Lisboa, foi cancelada.

"A greve prevista foi suspensa. Reunimos com a empresa e o assunto ainda não está resolvido, mas ficaram ambas as partes de reflectir. O trabalhador que enfrentava processo de despedimento levou uma sanção e agora vamos ver o que os tribunais dizem sobre os três processos", disse o presidente do Sindicato dos Transportes Fluviais, Albano Rita, em declarações à Lusa.
O sindicato realizou no mês de Setembro dois dias de greve na Soflusa devido a processos disciplinares instaurados aos mestres e estava prevista uma greve de três dias para esta semana, que foi agora cancelada.
Albano Rita referiu ainda que o sindicato vai aderir à greve geral do dia 24 de Novembro e mostrou-se preocupado com informações sobre uma eventual fusão entre a Soflusa e a Transtejo, empresa responsável pelas restantes ligações fluviais no rio Tejo.
"O Orçamento de Estado fala da fusão entre as empresas mas não sabemos a forma e o conteúdo desta fusão, não fomos informados de nada. Normalmente estes casos trazem problemas, para alguém, fica sempre a perder", disse.
O sindicalista anunciou que serão efectuados plenários com os trabalhadores e que já foram solicitadas reuniões com o Ministério dos Transportes para esclarecer a situação.

Moniz organiza jantar a Manuela



Despedida: Ex-jornalista da TVI

Manuela Moura Guedes despediu-se, no sábado, de alguns amigos e colegas da TVI, num jantar que contou ainda com as presenças de Gabriela Sobral (SIC) e Catalina Pestana, antiga provedora da Casa Pia de Lisboa.

Acompanhada por um amigo, o argentino Carlos Quevedo, a jornalista chegou ao restaurante Portas do Sol, em Alfama, pouco antes das 22h00. No local já se encontrava o marido, José Eduardo Moniz, e os filhos do casal, Madalena e José Maria.
Catalina Pestana chegou pouco antes da protagonista da noite, acompanhada pela jornalista Ana Leal, que fez parte da equipa de Moura Guedes no ‘Jornal Nacional de Sexta’.
Gabriela Sobral, actualmente na SIC, não faltou ao jantar da ex-subdirectora de Informação da TVI, uma vez que era uma das pessoas de confiança do antigo director-geral do canal, José Eduardo Moniz. A ex-directora de produção nacional da TVI chegou sozinha e sorriu para os repórteres.
Ao jantar de despedida, que, soube o CM, foi organizado pela secretária de Moniz, compareceram cerca de 50 pessoas.
A apresentadora e directora de conteúdos da TVI Júlia Pinheiro e o marido, Rui Pêgo (director de programas da RDP), José Pedro Vasconcelos, Henrique Garcia, Pedro Carvalho, Susana Bento Ramos, Pedro Curto e Manolo Bello, entre outros, foram alguns dos nomes.
Pouco depois da meia-noite, a jornalista recebeu um presente inesperado dos ex-colegas: um vídeo com os ‘Melhores Momentos de Manuela Moura Guedes’.

domingo, outubro 24, 2010

Bomba fere jornalista português



Afeganistão: João Silva seguia patrulha dos EUA

Uma equipa de sapadores verificava a passagem com detectores de minas e cães treinados para cheirar bombas. Na senda do grupo, seguia o fotógrafo português João Silva, do ‘The New York Times’. Apesar dos cuidados, o português pisou uma mina e ficou ferido com gravidade, junto à cidade afegã de Arghandab, na província de Kandahar.

A explosão atingiu em cheio as pernas do repórter de imagem, que acompanhava uma patrulha da 101ª Divisão Aerotransportada dos EUA, envolvida no combate aos taliban naquela região do Sul do país. Após o acidente que não fez outros feridos, João foi transportado de helicóptero para o hospital da base de Kandahar.
Ao Correio da Manhã, Robert Christie, do ‘The New York Times’, adiantou que a explosão cortou parte das pernas de João e causou-lhe ainda "danos pélvicos e hemorragias internas". Após tratamento em Kandahar, foi transferido para a base de Bagram, junto a Cabul, de onde deveria seguir para a Alemanha, referiu a mesma fonte. "A mulher dele [Vivian] foi informada pelo cirurgião, que frisou que não está livre de perigo." Christie revelou ainda que, mesmo ferido, e "enquanto os médicos lhe aplicavam torniquetes, João continuou a fotografar".
João Silva, casado e com um filho menor, é um veterano de muitas batalhas, sendo considerado um dos melhores fotógrafos mundiais na sua área. "É o melhor fotógrafo de guerra que pode existir", afirmou Bill Keller, editor executivo do ‘The Times’, explicando que é um profissional "destemido mas cuidadoso".
No entanto, nem os cuidados nem a experiência acumulada a cobrir os conflitos no Afeganistão, Iraque, Médio Oriente, África do Sul e Balcãs impediram o drama. "Muitas bombas são feitas com pouco metal e são muito difíceis de detectar", explicou Dexter Filkins, também ele veterano da reportagem de guerra, no artigo em que relatou o acidente para o ‘The New York Times’.
Em palavras que assumem um tom quase profético, o também fotógrafo e colega Michael Kamber teceu no ano passado rasgados elogios ao português, mas lembrou: "Tendo em conta os riscos que corre desde há tanto tempo, o facto de estar vivo é, por si só, um milagre."

PERFIL

João Silva nasceu em Lisboa em 1966 e foi jovem para Moçambique. Em 1991, estreou-se como fotógrafo no jornal ‘Alberton’ e depois no ‘The Star’, de Joanesburgo, onde reside. Fotografou a violência pós-apartheid e criou com três colegas o Bang-Bang Club. Esteve nos Balcãs, no Iraque e Afeganistão. Foi distinguido com vários prémios, nomeadamente os da prestigiada World Press Photo.

RUELA BALEADA E RALEIRAS RAPTADO

Na manhã de 14 de Novembro de 2003, uma coluna de jipes de jornalistas portugueses foi atacada no Sul do Iraque. No primeiro jipe seguia o enviado da TSF, Carlos Raleiras, e a equipa da SIC, a jornalista Maria João Ruela e o repórter Rui do Ó. Ruela foi baleada, Rui escapou ileso e o jornalista Raleiras acabou por ser raptado por um dia.

COUSO E TARAS MORTOS NO IRAQUE

José Couso Permuí, espanhol, e Taras Protsyuk, ucraniano, ambos repórteres, morreram em 2003 no Hotel Palestina, na capital do Iraque, Bagdad, quando um tanque norte-americano disparou contra o edifício. Couso, de 38 anos, da Telecinco, que filmava um ataque dos EUA, ainda foi levado para o hospital, onde faleceu. Protsyuk, de 35, da Reuters, morreu no local.

PEARL, MORTO NO PAQUISTÃO

Daniel Pearl, jornalista do ‘Wall Street Journal’, foi raptado em 2002 no Paquistão, onde se encontrava a trabalhar com a mulher, Mariane, então grávida. O repórter acabou por ser decapitado e o seu corpo esquartejado. O martírio de Pearl e a luta de Mariane para o encontrar já motivou um filme, ‘Um Coração Poderoso’, protagonizado por Angelina Jolie.

GABINETE DA ONU EM HERAT ATACADO POR QUATRO SUICIDAS

Quatro taliban disfarçados com roupa de mulher e fardas da polícia atacaram ontem as instalações da ONU em Herat, na região Oeste do Afeganistão, ferindo dois seguranças e um polícia.
Segundo algumas fontes, três dos atacantes eram bombistas suicidas. Um deles fez explodir um carro armadilhado contra as portas do centro, enquanto dois outros, vestidos de burca, detonaram cintos de explosivos. O quarto elemento do grupo terá sido morto a tiro já no interior das instalações antes de poder detonar a bomba que levava presa ao corpo.
Henri Burgard, porta-voz da ONU, afirma que na altura do ataque havia cerca de 20 funcionários no interior das instalações, mas nenhum sofreu ferimentos.
Refira-se que as instalações agora atacadas foram transferidas de Cabul para Herat por se considerar esta cidade mais segura. A decisão foi tomada após o atentado que em Outubro de 2009 visou uma residência das Nações Unidas na capital afegã, causando a morte de cinco pessoas.
Mas, desde a transferência, as instalações foram já visadas por várias vezes por disparos de rockets e rajadas de metralhadora. Facto curioso é que vários distritos da província de Herat estão na lista das áreas consideradas estabilizadas e prontas para serem transferidas para o controlo das forças locais.

Ruptura financeira ameaça reformas



Pensões

Dentro de 25 anos, as receitas da Segurança Social não serão suficientes para pagar as pensões dos portugueses.

Fique a saber todos os pormenores na edição papel do jornal 'Correio da Manhã'.

Anónimo devolve carteira recheada



M. Canaveses: Emigrante na suíça trazia oito mil francos (5900 euros)

"Tive muita sorte. Perder este dinheiro implicava não poder pagar a prestação da casa e nem sequer oferecer uma prenda de Natal aos meus filhos. Graças a Deus recuperei-o. Ainda há gente séria neste país". As palavras são de um emigrante, que ontem recuperou oito mil francos suíços (cerca de 5900 euros), perdidos anteontem na estação de Campanhã, no Porto, momentos antes de apanhar um comboio para casa, em Marco de Canaveses. Para evitar outros azares, o dinheiro foi imediatamente depositado num banco.

Ontem à tarde, ao levantar o dinheiro no gabinete de apoio ao cliente da estação de Campanhã, o homem quis saber quem era a pessoa que tinha entregue a carteira com o dinheiro, para lhe dar uma recompensa, mas apenas lhe foi dito que os 8000 francos foram encontrados no 8º balcão. "Bem queria agradecer a quem mostrou seriedade, mas ninguém da CP me soube dizer quem era a pessoa. Também quis deixar uma gorjeta para os empregados da CP, mas eles recusaram", disse ao CM o emigrante.
Durante os últimos seis meses que esteve sozinho na Suíça, o homem amealhou a quantia que transportava no regresso a casa. Quando chegou de táxi à estação de Cête, em Paredes, deu pela falta da carteira e alertou imediatamente as autoridades. Pouco depois foi informado de que alguém tinha encontrado a carteira em Campanhã e devolvido o dinheiro. "Foi um alívio enorme. Estava a ver a minha vida a andar para trás", disse ontem o emigrante.

CANSAÇO EXPLICA DISTRACÇÃO

A ansiedade de ver a família e o cansaço de uma viagem de 2000 quilómetros são as explicações encontradas pelo emigrante para ter perdido a carteira. O homem viajou de Zurique, na Suíça, até ao Aeroporto Sá Carneiro, no Porto, onde apanhou depois o metro até ao centro da cidade. Regressou a casa de comboio e terá sido na estação de Campanhã que deixou cair a carteira.
Ao CM, o homem aceitou contar a história, mas pediu para não ser fotografado nem identificado. Tem receio de que alguém saiba que possui uma quantia elevada e que venha ainda a sofrer outros contratempos. "Nos seis meses que estive na Suíça, tudo aquilo que podia ia amealhando. Morava numa casa da obra e tinha alimentação gratuita. Guardava o dinheiro para o trazer comigo", diz o trabalhador, que agora garante que irá recorrer ao banco para evitar percalços. Também a mulher, refeita do susto, garante que irão ter mais cuidado.

Novas Oportunidades permite subida de salários



Avaliação externa revela que apenas 32% confirmaram aspectos positivos da formação no seu emprego

Apenas 32% dos inscritos no ensino através das Novas Oportunidades afirmaram que esse facto "teve já algum impacto positivo na sua vida profissional". Dez por cento dos interrogados disseram que hoje ganham melhor graças à iniciativa que entregou certificados a 3 724 55 dos 1,088 milhões inscritos.

Luís Capucha, presidente da Agência Nacional para a Qualificação, congratula-se com estas conclusões obtidas pela avaliação externa realizada pelo Centro de Estudos da Universidade Católica Portuguesa.
"Com o País numa situação de contenção e reduções de salários na Função Pública, haver 10% que obtiveram aumentos de salário é positivo", referiu, acrescentando que apenas 32% referiram aspectos positivos por responderem logo após o fim do curso.

Governo e PSD deram início à segunda ronda negocial



OE2011

As equipas do Governo e do PSD que estão a negociar o Orçamento do Estado para 2011 iniciaram hoje, com cerca de 15 minutos de atraso, na Assembleia da República, a segunda ronda de conversações.

Tal como aconteceu no sábado, nem a delegação do Governo, liderada pelo ministro de Estado e das Finanças, Teixeira dos Santos, nem a do PSD, chefiada por Eduardo Catroga, ex-ministro das Finanças de Cavaco Silva, prestaram declarações aos jornalistas.
Fonte social democrata referiu à agência Lusa que esta segunda ronda negocial incidirá sobre a análise das informações adicionais sobre despesa pública requeridas sábado pelo PSD a Teixeira dos Santos.
No final da reunião de sábado, o ministro de Estado e das Finanças afirmou que solicitara "informação adicional e esclarecimentos" em relação às condições colocadas pelo PSD para viabilizar o Orçamento do Estado para 2011.
"Tive a oportunidade de solicitar informação adicional e esclarecimentos. Foi uma reunião longa, com espírito positivo - e vai ser necessário continuarmos a trabalhar", disse sábado Teixeira dos Santos.

João Proença pede para não haver "mata e esfola"



Entre Governo e PSD

O secretário-geral da UGT, João Proença, apelou este domingo ao Governo e ao PSD, que realizam esta tarde a segunda ronda negocial sobre o Orçamento do Estado (OE) para 2011, para "não estarem numa de mata e esfola".

"Há muitas questões no Orçamento apresentado pelo Governo que espero que sejam corrigidas, mas também espero que atitudes radicais, que por vezes surgem da parte do PSD, sejam claramente atenuadas e que se encontre um compromisso melhor", disse João Proença à agência Lusa.
O dirigente sindical reconheceu que é importante haver um OE "sob pena de termos perigos maiores", mas frisou que é fundamental que esse Orçamento "responda melhor às preocupações de todos os portugueses e às preocupações de justiça social".
"Um Orçamento também é um instrumento de justiça social. Tem que se combater o défice, mas a justiça social tem de estar sempre inerente", defendeu João Proença.
O sindicalista considerou ainda "inaceitável" as receitas do IRS relativamente a 2010 aumentarem "significativamente" e as receitas do IRC diminuírem, o que classificou como um dos "escândalos" deste Orçamento.
"Há um ataque às deduções em sede de IRS, mas não há ataque idêntico às deduções em sede de IRC", afirmou João Proença, que exigiu ainda um "combate sério à fraude e à fuga fiscal".
Referindo-se à greve geral marcada para 24 de Novembro, o secretário-geral da UGT comentou que o anúncio desta acção "já começa a ter resultados".
"Hoje, quando o Governo e a oposição se sentarem à mesa para discutir o OE, já têm presente a greve geral e o descontentamento dos trabalhadores e políticas que queriam promover já recuaram um bocadinho", sustentou o dirigente sindical, adiantando, no entanto, que isso "não é claramente suficiente".

Grande afluência a hipers no primeiro dia com novos horáros



Lei entrou este domingo em vigor

Os hipermercado estão a partir de hoje abertos ao domingo à tarde e feriados em virtude da nova lei que rege os horários destas superfícies comerciais. Até agora, estes horários sé eram permitidos no período natalício, compreendido entre 1 de Novembro e 31 de Dezembro. O CM fez uma ronda por vários centros comerciais, de Norte a Sul do País, e apurou que a afluência, neste dia de estreia, foi grande.

Os corredores das principais superfícies comerciais encheram-se de famílias carregadas de compras, que juntando o útil ao agradável, aliaram o passeio às compras.
A abertura do Jumbo de Alfragide aos domingos e feriados foi bastante aplaudido pelos clientes. O sentimento era comum: a medida é “muito satisfatória, pois atende às necessidades das famílias”. E, por outro lado, gera emprego e riqueza.
A cliente Ana Maria Alves é mais crítica. E aponta: “Os excessos devem ser evitados, há que saber poupar e gastar, pois os tempos são de crise”.
Cristina Maria Oliveira, operadora da loja de Alfragide há 22 anos, não se sente explorada e realça os benefícios do novo horário para os empregados e clientes. “É bom para nós porque recebemos o subsídio de domingo e para os clientes que têm mais tempo para comprar”. Para ela, hoje está mais gente que o habitual.
No actual contexto económico “qualquer medida que permita a criação de emprego e que gere riqueza para o País, deve ser posta em prática”. Quem o diz é Rui Teixeira, director do hipermercado. O responsável destaca a criação de 400 postos de trabalho e um acréscimo de três a quatro pontos percentuais nas vendas.

'Pesadelo' esteve na Galeria DN



Exposição

Em Julho de 2008, a Galeria DN recebeu a exposição "Pesadelo", de João Silva. Foi a primeira mostra em Portugal do fotógrafo de guerra radicado na África do Sul. Entre as imagens expostas, a de um soldado norte-americano a arrastar um colega ferido no Iraque (aqui na foto), que lhe valeu uma menção honrosa no World Press Photo de 2006.

João Silva pisou mina mas continuou a fotografar



Afeganistão

Fotógrafo português perdeu parte das pernas e ainda não está fora de perigo

O fotógrafo português João Silva, radicado na África do Sul, ficou ontem gravemente ferido depois de ter pisado uma mina, no Sul do Afeganistão. Segundo o porta-voz do The New York Times, jornal para o qual o fotógrafo trabalha actualmente, João Silva perdeu "parte de ambas as pernas", apresentando ainda "danos pélvicos e hemorragias internas". O fotojornalista deve ser transferido ainda hoje para a base norte-americana de Ramstein, na Alemanha.
O fotógrafo de 44 anos acompanhava uma patrulha da 101.ª Divisão Aerotransportada em Arghandab, na província de Kandahar, quando pisou a mina. De acordo com o relato da jornalista Carlotta Gall - contado ao DN pelo porta- -voz Robert Christie -, João Silva "continuou a tirar fotografias após a explosão, enquanto os médicos habilmente aplicaram torniquetes, lhe deram morfina e o levaram em maca para o helicóptero".
Após ter sido levado de emergência para a base em Kandahar, o fotógrafo foi operado e esperava-se que fosse ainda ontem transferido para a base de Bagram, perto de Cabul. Segundo Robert Christie, os médicos estão em contacto com a mulher do fotógrafo, tendo-he indicado que ele "ainda não está livre de perigo, mas é extremamente forte". Vivian, que vive com o marido na África do Sul, deverá voar para a Alemanha na segunda-feira de manhã. A família, contactada pela agência sul-africana SAPA, estava demasiado perturbada para tecer comentários.
"O João é um excelente fotógrafo de guerra, temeroso mas cuidadoso, com um olho incrível", disse Bill Keller, editor executivo do New York Times. "Aguardamos ansiosamente e rezamos pela sua rápida recuperação." Antes de trabalhar no Afeganistão, o fotógrafo de guerra tinha já passado pelo Iraque, pelos Balcãs, por vários países em África e do Médio Oriente, tendo visto as suas fotos distinguidas com vários prémios.
Não há relato de mais feridos no incidente de ontem. Segundo o jornal norte-americano, "um grupo de especialistas em minas e de cães farejadores de bombas tinha já passado sobre a área e encontrava-se vários passos à frente de João Silva quando se deu a explosão". As minas, accionadas remotamente ou através de algum mecanismo de pressão, são a principal arma usada pelos talibãs no Afeganistão, sendo baratas e fáceis de fazer, mas difíceis de detectar. Segundo a AFP, foram responsáveis pela morte da maioria dos 600 militares estrangeiros que, só este ano, já perderam a vida neste país.
Para acompanhar os militares, os jornalistas têm de assinar vários termos de responsabilidade. "Somos nós que temos de garantir a nossa própria vida e ter o nosso próprio equipamento, desde coletes a capacetes. Temos de contratar seguranças privados se quisermos", disse ao DN o jornalista João Francisco Guerreiro, da TSF, que esteve até há dias com os militares portugueses em Cabul. Quanto ao medo, confessa que este é maior quando ainda se está em Portugal. "Depois de chegar, é mais fácil estar mais tranquilo, porque a ameaça é permanente", acrescentou.
O dia de ontem no Afeganistão ficou ainda marcado por um ataque de bombistas suicidas à representação da ONU em Herat. Três guardas ficaram feridos.

"Cunhal era fascinante, tinha uma grande cultura"



GENTE QUE CONTA - Manuel Alegre

Em tempo de campanha e pré-campanha, sobra-lhe tempo ainda para a escrita?

Em tempo de campanha é difícil, embora a escrita apareça sempre no inesperado. Costumava dizer que pode escrever-se mesmo na boca de um canhão, mas a campanha é muito absorvente. O cargo de presidente vai pôr restrições muito maiores.

Quando publicou o seu primeiro livro tinha 30 anos. Foi tarde ou foi cedo?

Tinha 29! Foi quando devia ser.

Se for eleito, pretende continuar a escrever? Acha que o País lhe daria tempo ?

Os presidentes da República têm todos escrito, publicam livros mas de outra natureza. Depende da maneira como se organiza. Conheci Mitterrand, de quem tive o privilégio de ser amigo, e ele reservava certas horas por dia para a leitura, para a escrita, para ir às livrarias, para passear...

Esse seria o seu modelo?

Bom, o Mitterrand é o Mitterrand... Mas o próprio Mário Soares, como PR, tinha muitas horas de leitura, de conviver com artistas, com poetas, com pintores.

Acredita em políticos que não tenham esse tempo?

Preocupa-me (risos). Acho que a Nação não é só economia, não é só contas. Também é esse outro lado da vida, também é o futebol, o gosto de ler um bom livro, de ver um bom filme, de ler poesia.

Quais são as figuras políticas ou intelectuais que mais marcaram a sua formação?

Figuras políticas de referência tenho aqueles homens que marcaram o imaginário da minha infância. O Churchill, o De Gaulle, são gigantes da história, o Roosevelt. Depois, o Olof Palme, homem extraordinário e verdadeiro social-democrata. Um aristocrata que era verdadeiramente um socialista...

Ainda o conheceu?

Conheci, tenho até uma fotografia com ele tirada na Suécia... (e continuando a resposta) Mitterrand, Felipe González. Depois, em Portugal, sem dúvida nenhuma o Fernando Piteira Santos. Um grande homem político, um grande jornalista, um homem que podia ter escrito muitos livros. Um dos melhores prosadores que conheci. Mas a sua intervenção como jornalista impediu-o de fazer a obra que podia ter feito. O Álvaro Cunhal, Mário Soares, Salgado Zenha foram pessoas...

Que relacionamento tinha com Cunhal?

Tive um relacionamento bastante estreito num período da minha vida. Chegámos a viver uns tempos na mesma casa.

A seguir ao seu regresso a Portugal?

Não, antes, no exílio. Depois do meu regresso a Portugal encontrávamo-nos pouco, a não ser nas recepções oficiais, porque aí houve, como sabe, posições diferentes.

Como era ele no dia-a-dia dessa vivência?

Era um homem fascinante. Um homem de uma grande cultura, muito diferente daquele ar carrancudo com que ele aparece muitas vezes em cena. Era um homem extremamente afável. Gostava de pintura, sabia pintar, traduziu livros de Shakespeare, era capaz de falar de poesia.

Teve uma educação católica. Como se relaciona hoje com a religião?

Relaciono-me bem com a religião. Havendo a laicidade que está consagrada na Constituição, cada um no seu papel, acho que a Igreja tem um papel muito importante em Portugal, sobretudo na obra social que faz. Sem muitas obras sociais da Igreja, as dificuldades de parte do povo português seriam piores ainda.

Depois de 48 anos voltou em Março deste ano a Nambuangongo, em Angola, onde esteve na Guerra Colonial. Que emoções lhe despertou esse regresso?

Sentimentos muito fortes. Tão fortes que até chorei, uma coisa que não costumo fazer em público. Pelos amigos com quem lá estive e que já cá não estão (Fernando Assis Pacheco, que já morreu)... A campa de um soldado português que estava ali enterrada e que mandei limpar...Foram períodos intensíssimos em que se vivia entre a vida e a morte, uma fronteira muito curta.

E, dos dez anos que se seguiram de exílio em Argel(1), que recordações tem desse tempo? Não acha que foi tempo perdido?

Não. Foi tempo de juventude, vi muita coisa, aprendi muita coisa, conheci também alguma gente fantástica. Em Argel nessa altura estava toda a gente que queria mudar o mundo, o Eldridge Cleaver, o Carmichael, os Panteras Negras, o Guevara, que por lá passou, os africanos, até o Cubillas, que queria libertar as Canárias.

O Nobel da Literatura foi recentemente atribuído a Mario Vargas Llosa. Foi uma decisão justa?

Foi. Desta vez foi justa e já podia ter sido há mais tempo, embora haja outros autores que possam tê-lo... O Jorge Luis Borges nunca o recebeu... Não percebo porque o Philip Roth, o escritor americano de quem gosto muito, não o recebeu...

O que matou da última vez que foi à caça?

Perdizes.

Quando viu o Benfica ao vivo a última vez?

Já foi o ano passado, este ano ainda lá não fui.

Gostaria um dia de ser recordado mais como poeta ou como presidente da República?

Eu, como poeta, vou ser recordado. Como PR, não sei... Primeiro não sei se vou ser PR e, se o for, não sei se serei recordado. Como poeta com certeza que o vou ser!

(1) Exílio em Argel - Para escapar à PIDE, Alegre refugiou-se em Argel, em 1964, onde foi locutor da rádio Voz da Liberdade e escreveu 'Praça da Canção'

"Toda a gente sabe que o PR tem andado em pré-campanha"



GENTE QUE CONTA - Manuel Alegre

Como é possível ser candidato a PR de dois partidos quando um apresenta este Orçamento do Estado (PS) e o outro (BE) declaradamente vai votar contra?

É uma boa pergunta. Mas eles estão de acordo na minha eleição como presidente, acham que sou um presidente que corresponde melhor à situação do País.

A dinâmica social que está por trás desses dois sentidos de voto não vai causar-lhe problemas no terreno?

Não. Primeiro, eles acham que posso ser um presidente mais justo, mais solidário, mais aberto, mais humanista, com uma visão política diferente, menos conservadora. Aí há uma concordância dos dois partidos. Aquilo que tenho visto no terreno - e quem for à minha sede pode comprová-lo - é que há uma excelente colaboração entre militantes do PS, do Bloco e sobretudo aqueles que estão na origem da minha candidatura, os independentes.

Quem lá está só fala da eleição presidencial, não fala de mais nada?

Não! Na minha presença, pelo menos, não.

Acredita que os eleitores vão continuar a considerar, como há quatro anos, a sua candidatura suprapartidária, agora que tem o apoio de dois partidos?

Mas é que ela é suprapartidária mesmo, não negociei nada com ninguém! Anunciei a minha disponibilidade sem dizer nada a ninguém, formalizei a minha candidatura sem pedir autorização a ninguém. Sou um homem independente, livre, penso pela minha cabeça - a minha vida responde por isso - e faço o meu discurso mesmo que desagrade às forças políticas que me apoiam. Estou aqui a dizer coisas que se calhar desagradam ao PS e outras que desagradam ao Bloco, mas digo aquilo que penso, e essa é a função de um presidente da República.

A eventual recandidatura de Cavaco Silva foi anunciada de forma inédita por Marcelo Rebelo de Sousa na televisão. Acha que foi um anúncio encomendado?

Eu anunciei a minha própria candidatura, não pedi a ninguém para a anunciar. Das duas, uma: se foi o PR que pediu ao Marcelo Rebelo de Sousa, é um facto insólito, estapafúrdio, mas nem quero acreditar nisso. Acho que isto é mais uma daquelas brincadeiras a que já nos habituou o professor Marcelo Rebelo de Sousa e que, aliás, fazem o seu encanto.

As sondagens continuam a mostrar que ainda está longe de uma vitória. Como espera inverter essa tendência favorável ao actual Presidente Cavaco Silva?

Da última vez fiquei a menos de 30 mil votos da segunda volta. Desta vez tenho vindo paulatinamente a subir - a última sondagem da Aximage já me punha 37%. Todas as sondagens, a Eurosondagem, a Aximage e Intercampus, com números diferentes, têm um mesmo sentido: o professor Cavaco Silva a baixar três ou quatro pontos e eu a subir três ou quatro. A campanha propriamente ainda não começou, andamos em pré-campanha, sobretudo o Senhor Presidente...

É por isso que acha que ele não fez, como disse no princípio desta entrevista, tanto quanto devia fazer para tentar encontrar um entendimento para o próximo Orçamento?

Não quero julgá-lo, a vida dele também não é fácil. Mas acho que ele devia ter-se concentrado mais.

No fundo, está a tentar dizer-me que o presidente da República tem estado em pré-campanha nestas últimas semanas?

Isso toda a gente sabe, os jornalistas também. O Senhor Presidente visitou praticamente todos os seus bastiões eleitorais.

Pareceu-me vê-lo vacilar aqui há uns meses, antes de o PS ter dado o apoio à sua candidatura. Não teria avançado se esse apoio lhe tivesse faltado?

Já tinha avançado.

Mas teria continuado?

Com certeza que teria continuado. Sou do PS, e alegra-me saber que o PS me dá o seu apoio. Agora, de um ponto de vista da candidatura em si, tal como estão as coisas, não sei se seria difícil, se seria mais fácil. De qualquer maneira decidi antes.

As dúvidas que o PS teve durante algum tempo têm a ver com as resistências que um histórico como o ex-PR Mário Soares colocou ao apoio do partido a si?

Não, acho que não. Tem a ver com dúvidas que são legítimas da parte de pessoas da direcção do PS, talvez por algumas marcas da última eleição. Tenho camaradas meus da direcção que reconhecem que se enganaram e que deviam ter apoiado a minha candidatura. Tem a ver porventura com alguns votos que tive na Assembleia da República ou com o meu comportamento como deputado. Mas sempre agi assim. Nunca votei nenhuma revisão constitucional! No Governo do bloco central fui eu, o Mário Cardia, que já cá não está, e outros, que votámos contra a lei de segurança interna(1). Tive nessa altura também um conflito com Mário Soares e Salgado Zenha por causa disso. Eu dizia ao Mário Soares "você não leu a lei!". Mais tarde ele num congresso disse "ainda bem que Manuel Alegre votou desta maneira porque eu realmente não tinha lido a lei". Isto é verdade, é história. Está escrito.

Já não espera o apoio desse seu antigo amigo?

Somos homens livres, vacinados e adultos, travámos muitas batalhas juntos. Isso fica à consciência de cada um. O que assinalo é que nestas coisas é preciso ter uma posição clara. Jorge Sampaio teve uma posição muito clara, não era obrigado a isso. Veio dar-me o seu apoio duas vezes, teve aquele almoço comigo sem qualquer ambiguidade, porque há momentos na vida em que temos de saber de que lado estamos. Isto vai ser uma batalha esquerda/direita, a esquerda democrática e a direita, em que está o PS de um lado, o PSD do outro. Está um candidato do centro conservador, Cavaco Silva, e um candidato de centro-esquerda e da esquerda democrática, que sou eu. É preciso saber de que lado se está. Jorge Sampaio, ex-presidente da República, disse-o claramente sem ambiguidades. Agora cada um faz o que a sua consciência lhe dita.

A esquerda parece muito dividida, a direita não avança candidato, e ao centro está Cavaco Silva. Está só ao centro ou também está à direita?

Acho que está no centro-direita. Mas porque não avança a direita com nenhum candidato?

Qual a sua tese?

Tem medo de perder. Acho que houve uma fractura, em parte, do eleitorado de Cavaco Silva por causa do voto sobre o casamento das pessoas do mesmo género. Houve ali, de facto, uma grande irritação, e não tenho dúvida nenhuma de que havia vontade... Ribeiro e Castro estava com vontade de avançar, a um certo momento creio que Santana Lopes estava com vontade de avançar.

Acha que houve negociações no sentido de travar essas tomadas de posição?

Houve uma grande pressão para travar, com medo de perderem as eleições. Porque há um risco de perderem as eleições. Cavaco Silva é o presidente que se recandidata - ele parte mais baixo.

A actual divisão da esquerda, com estas candidaturas, joga a favor ou contra si?

O Partido Comunista (PCP) apresenta sempre um candidato em todas as eleições. Umas vezes desiste, outras não. Mas acho que é útil que apresente, porque há uma parte do eleitorado do PCP que só o PCP é capaz de mobilizar.

E acharia útil que desistisse?

Sei, e costumo dizer, que nunca se perdeu uma eleição presidencial por causa do PCP. Nomeadamente, Mário Soares ganhou a segunda volta com uma extraordinária disciplina de voto do PCP, que fez um congresso extraordinário, convocado por Álvaro Cunhal. Portanto, compete-lhes a eles decidir. Quanto aos outros candidatos, tenho uma relação muito cordial com o Defensor de Moura, acho que aquilo é um problema regional, não é um inimigo nem é um adversário se ele conseguir alguns votos. Em relação ao outro [Fernando Nobre], não sei. Francamente, não sei nem quero pronunciar-me. A única coisa que digo é que nunca tive nenhum problema pessoal com ele, julguei que era uma pessoa muito cordial, mas ele desde o princípio, desde a apresentação da candidatura, sempre teve uma atitude...

Fernando Nobre?

Sim... Tem sido de uma extrema agressividade em relação a mim, não sei se em nome próprio, se em nome de alguém.

Há comentadores que conseguem ver o dedo de Mário Soares por trás da candidatura, é isso que está a tentar dizer?

Não estou a tentar dizer porque não estou lá dentro. Já li isso, há muita gente a dizer isso.

Mas acredita nessa tese?

Não quero falar disso, ponto final.

Diz também que a sua é uma candidatura de inclusão. Acredita que conseguirá ganhar votos ao centro e até um pouco à direita, que são aqueles de que precisa para ganhar as eleições?

Acredito, tenho comigo pessoas de direita. A candidatura presidencial é muito transversal, tem muito a ver com empatias ou com antipatias, e há pessoas de direita, até monárquicos, até gente do CDS e do PSD, gente que subscreveu já da outra vez a minha candidatura! Claro que é residual.

Qual o racional político por baixo dessa abrangência toda?

Em política, o factor afectivo e o factor irracional às vezes sobrepõem-se ao racional. Mas há uma lógica: vai ser um confronto entre duas visões do mundo, uma mais conservadora e outra mais à esquerda.

Acha que vai conseguir juntar José Sócrates e Francisco Louçã no mesmo palco?

(risos) Acho que não vai ser necessário. Um e outro estão juntos no apoio à minha candidatura e estão sem reservas. Testemunho isso. O importante é que eles apoiem a minha candidatura. Agora, não é preciso que estejam no mesmo palco. Quem tem estado no palco é o candidato.

(1) Segurança interna - Alegre votou contra a lei de segurança interna do Governo PS/PSD de 1983-85. Voltou a opor- -se a um diploma desta natureza em 2008

"O menor dos males será a votação do Orçamento"



GENTE QUE CONTA - Manuel Alegre

"Se fosse presidente, teria convocado o Conselho de Estado. Teria convocado os partidos políticos antes de eles se desentenderem. Teria convocado os parceiros sociais, sindicatos e associações patronais. Teria tentado promover uma concertação, política e social. (...) E teria tentado sensibilizar chefes de Estado, governos e instituições estrangeiras. (...) Há situações em que o Presidente da República deve pronunciar-se, não pode ser só um gestor de silêncios. (...) Tem havido uma certa falta de comparência do Presidente da República"

No preciso momento em que o PS e o PSD estão sentados à mesa a tentar viabilizar um acordo sobre o Orçamento do Estado, em nome do centro político em que o País tem vivido, Manuel Alegre quer precisamente fazer vingar a tese de que as próximas eleições presidenciais serão disputadas entre um candidato da direita, Cavaco Silva, e um candidato que representa a esquerda, ele próprio. Não é fácil - sobretudo quando tem de se admitir, como o próprio Manuel Alegre, com incomodidade, que, apesar de tudo, o País precisa de um Orçamento, mesmo que ele não possa ainda fazer a aposta que se desejaria, na economia e no crescimento. Apertado entre as opções do Bloco de Esquerda e as do PS, o candidato desvaloriza as divergências profundas entre os dois partidos que o apoiam e procura fazer um foco na sua candidatura, que segundo ele continua tão independente como há quatro anos.

O ministro Teixeira dos Santos não se cansa de repetir que este é o Orçamento do Estado de que o País necessita. Concorda?

Este é um Orçamento que me custa, e acho que vai custar a todos os portugueses, sobretudo aqueles a quem vão cortar salários, congelar as pensões, diminuir as bolsas.

Compreende essas linhas gerais do Orçamento?

É impossível separar estas linhas gerais do Orçamento dos nossos próprios problemas e também daquilo que se passa na Europa, da linha de austeridade que está a ser imposta neste momento pela Alemanha aos países que têm as dificuldades que temos.

Recebemos essas indicações lá de fora?

Recebemos! Aquilo que mais me choca neste momento é que somos um país que está a perder a independência. Não temos autonomia de decisão! Aqueles que andaram nos campos de batalha a defender a independência nacional nunca pensaram que lhes podia aparecer um dia um inimigo chamado mercados financeiros. Mercados financeiros, Banco Central Europeu, empresas de rating. De facto, não temos praticamente autonomia de decisão. Agora, acho que uma coisa é a consolidação das finanças públicas, rigor nas finanças públicas - isso é indispensável, e temos de o fazer e de diminuir o endividamento. Outra coisa é resolvermos o problema da nossa economia. Isto não é só finança. Tem de haver crescimento, tem de haver uma mudança de paradigma, tem de haver investimento de muito maior qualidade - como sublinhava, aliás, o dr. Santos Silva numa entrevista -, que acrescente valor, na inovação, etc.

Que não haverá nos próximos tempos...

Não vai haver. Portanto, vai haver recessão. E, se vai haver recessão, a recessão é capaz de trazer mais recessão. E se calhar depois disso é preciso haver o PEC IV ou V...

Se estivesse na Assembleia da República, como votava o Orçamento ?

Mas não estou na Assembleia da República, sou candidato a Presidente da República. Posso dizer o que teria feito se fosse presidente da República e que acho que não foi feito.

E o que teria feito?

Primeira coisa, teria convocado o Conselho de Estado.

Logo?

Estamos numa situação muito complicada. Sou membro do Conselho de Estado(1), não costumo dizer ao Presidente da República quando é que ele deve ou não convocá-lo, mas, se fosse presidente, teria convocado o Conselho de Estado. Teria convocado os partidos políticos antes de eles se desentenderem.

Mais cedo?

Mais cedo. Teria convocado os parceiros sociais, sindicatos e associações patronais. Teria tentado promover uma concertação, política e social. E teria tentado sensibilizar, coisa que não sei se o Presidente fez - mas se fez não deu nota pública disso -, sensibilizar chefes de Estado, governos e instituições estrangeiras, porque Portugal foi tratado injustamente, e mesmo algumas empresas de rating, de notação, trataram injustamente o País. Portanto, teria tido uma posição mais activa e provavelmente ter-me-ia mesmo deslocado a países estrangeiros. Se o Presidente vai a Angola - e fez muito bem em ir a Angola - acho que a situação exigia que fosse a França e que fosse à Alemanha, porque há neste momento uma deslocação do centro do poder na Europa.

Porque acha que o Presidente não o fez, não se envolveu tanto?

O Presidente da República muitas vezes - ainda ontem estive a ver uma coisa que anda aí no YouTube - diz "eu não me pronuncio", ou "o Presidente da República não se pronuncia". Mas há situações em que o Presidente da República deve pronunciar-se, não pode ser só um gestor de silêncios. Houve agora esta decisão da senhora Merkel e do Sarkozy, que é uma subversão dos tratados europeus, dizendo que vão punir politicamente os países que estiverem em incumprimento de dívida quando eles próprios já estiveram nessa situação. Aí está uma situação que justificava também uma tomada de posição do Senhor Presidente.

É preferível, nesta conjuntura que vivemos, ter um mau Orçamento ou não ter Orçamento nenhum?

Essa é uma pergunta que eles vão ter de decidir. Este Orçamento tem as consequências que sabemos e que foram ditas num debate da Assembleia. Ouvimos o próprio dr. Silva Lopes, que é uma pessoa conceituada, pessimista e tal, mas tem tido um papel sempre positivo nas questões portuguesas, o dr. Alberto Reis, etc., dizendo que um país não aguenta dez anos de recessão. Não aguenta! Não haver Orçamento, na situação em que estamos, vai levar a uma situação parecida ou pior.

Portanto, pesando tudo, gostaria que o Governo tivesse Orçamento do Estado?

Eu, na situação em que estou, tenho dificuldade em dizer. Acho que há dramatização a mais. Mas a reunião do PSD, as condições que são postas... Dá impressão que há ali uns sinais de abertura para a viabilização do Orçamento.

E, tudo pesado, é disso que o País precisa neste momento?

O País precisava de um outro tipo de Orçamento! O País precisava de crescimento económico.

Mas só vai ter este ou nenhum...

Pois não, mas é terrível.

Perdoe-me a insistência: perante este cenário, o que aconselharia?

Tenho dificuldade em dizer. Não estou a fazer isto por qualquer jogo, tenho dificuldade porque acho que as consequências deste Orçamento vão ser muito dolorosas para os portugueses. E a ausência de um Orçamento pode agravar, de facto, a pressão especulativa sobre Portugal e trazer consequências piores ainda.

E portanto...

Portanto? Mas isso é uma decisão que não sou eu que vou tomar. A posição do Governo é conhecida! Eu, como português, penso que porventura o menor dos males será a votação do Orçamento. É o menor dos males.

Deixa-o desiludido o facto de o PS não conseguir negociar este Orçamento do Estado com forças à sua esquerda?

Tenho pena. Mas nisso a responsabilidade não é só do PS, também é dos outros. Há aqui visões muito diferentes da sociedade, da Europa. Portugal está na União Europeia (EU), assumiu, bem ou mal, compromissos com a UE, e os compromissos são para cumprir. As posições dos outros partidos da esquerda são diferentes. O PCP tem uma posição, a do Bloco de Esquerda não é exactamente a mesma. Estes partidos não têm a mesma visão da governação nem a mesma visão do que é ou deve ser a UE, ou do que é ou deve ser a posição de Portugal na UE. Portanto, era difícil. Embora tenha havido situações no passado, mesmo em alturas de grande tensão, em que houve negociações. Recordo-me do PCP, já não sei há quantos anos, ter, por abstenção, viabilizado um Orçamento do PS.

Diz que consigo na Presidência não haveria banqueiros(2) a mediar o Orçamento. O que quis dizer com isso?

Quis dizer isso mesmo. Estamos nesta situação porquê? Porque o Estado, aliás, os Estados europeus, mas o Estado português também, endividaram-se muito para garantir o sistema financeiro. Gastámos quatro mil milhões logo no BPN. E a banca não contribuiu: beneficiou, quando foi responsável de grande parte desta dívida pública em que nos encontramos. Os Estados membros da União Europeia tiveram de salvar o sistema financeiro, tiveram de gastar ainda muito dinheiro para atenuar os efeitos da crise, e agora a banca aí está outra vez a ditar as regras. Eu sei que a banca está também aflita e em estado de necessidade porque tem um problema de financiamento no estrangeiro, mas há independência do poder político em relação ao poder económico. É uma questão de pudor e de recato. Agora a maneira como isto foi feito... Os bancos vão ao Presidente da República, os bancos vão ao Governo, os bancos vão aos partidos, ao principal partido da oposição. Por estado de necessidade ou não, mas não são eles que vão ditar as regras do jogo ou sobrepor-se à decisão dos órgãos legítimos democráticos. Temos falado muito da dívida pública e muito pouco do endividamento privado!

Que é maior...

Que é maior, é o dobro! E também aqui o Artur Santos Silva, que volto a citar, diz: "Quando nós entrámos para o euro, não interiorizámos o que isso significava." Quando digo nós, é nós todos: cidadãos, empresas, o Estado, os bancos - ele não fala dos bancos, mas os bancos também - não interiorizaram! Não tiveram em conta o juro primário, e depois as pessoas puseram-se a gastar, a gastar... A banca privada fomentou uma publicidade agressiva, fomentou um consumismo desbragado. É o compra-se agora e paga-se depois no privado e no público que nos levou a esta situação. E deviam também ser tomadas algumas medidas para combater o endividamento privado e o papel dos bancos, que têm responsabilidades nisto. Os bancos e os cidadãos.

O que faria se fosse presidente da República (PR) e o Orçamento fosse chumbado?

O PR aí não tem grandes hipóteses.

José Sócrates já disse que não teria condições para governar, insinuou que apresentaria um pedido de demissão. O que poderia aí o PR fazer?

Pode conversar, pode moderar. Olhe, ouvi na TSF uma estranha entrevista do meu amigo e colega do Conselho de Estado António Capucho, que sobre a questão do Orçamento e da mediação entre o PS e o PSD propunha o dr. Ernâni Lopes, o Artur Santos Silva e o Guilherme de Oliveira Martins, como mediadores. Então e o Presidente da República? Onde está a capacidade de moderação e de mediação do Presidente da República? Acho que tem havido uma certa falta de comparência dele. Respeito-o, considero-o um homem honrado, tem as suas visões. Mas isto é um problema político, e tem havido uma certa falta de comparência. Numa situação destas, não me parece que o Orçamento vá ser chumbado, mas tudo pode acontecer. Qual é o papel do Presidente? Não é ter um programa próprio! É o papel de moderador, de árbitro! E aí o Presidente interpretou mal, em meu entender - disse-lhe isso no primeiro debate que tivemos sobre os poderes presidenciais -, a cooperação estratégica, que tem subentendida a partilha das definições da linha do Governo, e que deu naquilo que deu. E também da vigilância sobre a situação financeira! O próprio dr. Nogueira Leite disse que nesse aspecto o Presidente falhou. Ele é economista, é professor de Finanças, criou a ilusão de que por tudo isso ia resolver... Mas chegámos a esta crise, e aquilo em que o Presidente poderia ter sido útil, nessa vigilância, no ter tido uma intervenção aqui e lá fora...

Segundo a sua opinião, não o fez?

Não o fez.

O que pensa das condições apresentadas esta semana pelo PSD para viabilizar o Orçamento? Há um recuo nos impostos...

Pois, há um recuo nos impostos, com os títulos da dívida pública...

É uma boa base de trabalho para conseguir o entendimento?

Penso que é uma base de trabalho que o Governo poderá - mas não me quero substituir ao Governo - considerar. Sobre o IVA e as parcerias público-privadas penso que será mais complicado. Sobretudo os 2% do IVA implicam mil milhões de receita, ficava a receita reduzida a metade, e isso ia estragar as contas todas. Penso que é difícil, mas não queria entrar nessa discussão.

As despesas do Estado social têm muito a ver com a situação financeira a que o País chegou?

O Estado social é a nossa garantia. Ponho- -lhe esta questão: imagine que estávamos numa situação destas, com um Orçamento destes ou com um chumbo de um Orçamento destes, em que as pessoas teriam de pagar a escola, ao médico só poderiam ir se tivessem seguro...

Mas a questão não é o Estado social, é a dimensão do Estado social. Aí há alguma coisa a fazer?

Só agora estamos a aproximar-nos da dimensão média dos países da OCDE, que é 21%, 22%. Estamos a 20%, se não me engano, do produto interno bruto.

No próximo dia 24 de Novembro vai haver uma greve geral, coisa que não acontece há 22 anos. Vai fazer greve nesse dia?

Não faço greve, não é? (risos)

Compreende os motivos dessa greve?

Compreendo. É um facto sindical, político e democrático novo. As duas centrais têm tido dificuldade de convergência e de entendimento, e agora apresentaram as duas juntas o aviso prévio. Acho que os sindicatos têm um papel muito importante, como têm os outros parceiros sociais! Sou favorável à concertação social e ninguém tem falado com eles. Andam os banqueiros, mas ninguém fala com os sindicatos e ninguém fala com os parceiros sociais. Deveria ouvir-se os trabalhadores, respeitar os trabalhadores e ter em conta que é uma greve geral pelas duas principais centrais sindicais. Noutras situações e noutros tempos, isso seria uma coisa tremenda. Hoje liga-se menos, hoje essas coisas valem menos do que valiam. Mas acho que valem muito, que é preciso ouvir a voz dos sindicatos, a voz da rua e a voz dos trabalhadores. Eles representam milhões de trabalhadores que são aqueles que mais vão sofrer com esta crise, e é preciso pensar nas pessoas. E estou, política e democraticamente, do lado desses.

(1) Conselho de Estado - Órgão consultivo do Presidente da República, que este tem de ouvir antes de destituir o Governo, dissolver o Parlamento ou fazer declarações de guerra e paz

(2) Banqueiros - Presidentes da CGD, do BCP, do BPI e do BES reuniram-se com o líder do PSD, Pedro Passos Coelho, e depois com Teixeira dos Santos, alertando para o risco da degradação do 'rating' do País

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