quinta-feira, outubro 21, 2010

Ensino tem dificuldade em recuperar maus alunos



Radiografia

Conselho Nacional da Educação apresenta hoje relatório no Parlamento.

Em 1994/95 entraram no sistema educativo, no 1.º ano de escola- idade, 109 233 crianças. Doze anos depois, apenas 32 526 (cerca de 30%) tinham concluído sem chumbar o percurso escolar completo, encontrando-se a frequentar o último ano do secundário. O dado consta do relatório Estado da Educação 2010 - percursos educativos, do Conselho Nacional da Educação (CNE), que será apresentado hoje à Assembleia da República pela presidente deste órgão consultivo independente, que constata que o nosso sistema de ensino tem dificuldade em recuperar alunos maus.
Numa apresentação prévia aos jornalistas, na passada terça-feira, Ana Maria Bettencourt citou os dados do relatório PISA, da OCDE para comprovar esta realidade, no qual são analisados os desempenhos de estudantes de 15 anos, de vários países, nos domínios da Ciência, Matemática e domínio da língua. "Estes alunos são seleccionados pela idade, não pelo ano de escolaridade em que se encontram", lembrou a especialista. "E o que os números demonstram é que, quando os nossos alunos estão no ano de escolaridade correspondente à sua idade, têm desempenhos comparáveis aos melhores." Já os repetentes ficam muito abaixo do exigível.
Dados que conduzem a uma constatação sobre o próprio sistema de ensino português: "Somos muito bons a ensinar alunos bons e médios, mas temos dificuldade em recuperar os menos bons."
Apesar desta conclusão, a presidente da CNE destaca os progressos educativos das últimas décadas em Portugal. Entre os exemplos apontados está a subida da taxa de pré-escolarização de crianças de cinco anos para os 86,7%, em 2007/8, um valor que entretanto evoluiu, estando actualmente Portugal perto "da cobertura plena" desta faixa etária e "acima das metas da UE".
Também o aumento significativo das taxas de conclusão do secundário e de ingresso de jovens no ensino superior foram apontados como exemplos positivos de um crescimento "sustentado" do sistema educativo nacional.
Porém, a análise de uma geração específica de estudantes - os que chegaram ao 1.º ano de escolaridade em 1994 - ao longo dos anos levou também os conselheiros a concluírem que em Portugal "temos um problema grave com os nossos percursos", que leva a que muitos estudantes acabem por abandonar ou, pelo menos, atrasar-se à medida que vão evoluindo na sua escolaridade.
No relatório, o CNE cita os exemplos de várias escolas que - beneficiando de contratos de autonomia ou de condições especiais por se integrarem em territórios educativos de intervenção prioritária (TEIP) - "desenvolveram estratégias de sucesso" para recuperar alunos em dificuldades. E aponta a descentralização do ensino como a fórmula para conseguir melhores resultados.
Apesar de produzir relatórios sobre diversas questões de política educativa, o CNE nunca tinha feito um balanço do "Estado da Educação". Ana Maria Bettencourt explicou que este passo foi dado, "com apoio do Conselho Nacional de Educação espanhol", por ter sentido que já existia "maturidade" para fazer esta reflexão.

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