sábado, setembro 10, 2016

"Sentimos o comboio a saltar e depois descarrilou"


Passageiros relatam horror vivido em descarrilamento de comboio na Galiza. Maquinista português entre as quatro vítimas mortais.

O descarrilamento de um comboio português de passageiros, esta Sexta-feira, junto à estação de Porriño, em Pontevedra, na Galiza, fez pelo menos quatro mortos e dezenas de feridos, alguns em estado grave. 
O comboio ao serviço da CP transportava 69 passageiros e fazia o trajeto Vigo - Porto, desconhecendo-se ainda as razões do acidente, que ocorreu cerca das 9h30 locais (8h30 em Portugal). 
Para já, sabe-se apenas que o comboio, que foi à revisão em Maio, saiu dos carris e chocou com um poste de iluminação e que a via onde circulava a composição era uma via secundária, pois a principal estava em obras. 
A Junta de Galiza disponibilizou um número de telefone para os afetados pelo acidente de comboio. Familiares e amigos podem pedir mais informações pelo número +34 900 101 020. 

Passageiros relatam horror vivido 

Conception e Antía estavam no comboio que descarrilou, esta sexta-feira, na Galiza. As duas mulheres, de Monforte e Vigo, estavam na terceira carruagem da composição e tudo corria dentro da normalidade quando, de repente, sentiram o comboio a dar um 'salto'.
"Antes de começar toda esta loucura, estávamos despreocupadas. Sentimos o comboio a saltar e depois descarrilou", explicou uma delas, citada pelo jornal Faro de Vigo.
O comboio acidentado estava pejado de turistas como Conception e Antía. Aliás, entre as vítimas mortais consta uma pessoa norte-americana.
O dia-a-dia na zona também foi totalmente alterado, esta sexta-feira. Arim Rodriguez, que mora a um minuto da estação, garante que estava em casa quando a confusão começou. "Fui logo até lá para oferecer ajuda, mas estava tudo controlado e acabei por ir embora, para não estar a estorvar".
"Cá fora é que estava um caos, porque cortaram muitas ruas para que as ambulâncias pudessem circular. As pessoas também estavam muito nervosas porque se lembravam do acidente de 2013 e tinham medo que fosse outro acidente trágico", explicou. 

Um português entre as vítimas 

O maquinista, de nacionalidade portuguesa, é uma das vítimas mortais. José Arnaldo Moreira tinha 45 anos e estava ao serviço da CP há 22 anos. Fazia várias vezes este caminho. A família de José Moreira vai receber apoio psicológico.
Outra das vítimas será o revisor, de nacionalidade espanhola, que teria 55 anos. Uma terceira vítima mortal - que o jornal Faro de Vigo diz ser um jovem galego de 23 anos - faleceu a caminho do hospital, com uma paragem cardíaca. Segundo a mesma fonte, a quarta vítima confirmada será um turista de nacionalidade norte-americana.
O presidente da Junta da Galiza (Governo regional), Alberto Feijóo, admitiu que pode existir uma quinta vítima mortal, ainda encarcerada. O vice-cônsul de Portugal na Galiza, Manuel Correia da Silva, disse que três dos feridos são portugueses, entre eles uma mulher, mas dois deles já tiveram alta.
A maioria dos passageiros abandonaram o comboio e a zona do acidente pelo próprio pé, com o café da estação de comboios a transformar-se num autêntico hospital de campanha.
Alguns feridos foram transportados para o hospital Álvaro Cunqueiro, em Vigo e foram acionados helicópteros para transportar as vítimas. Foram hospitalizados 12 feridos, dos quais três são portugueses.
A agência de gestão ferroviária espanhola Adif já abriu uma investigação ao acidente. 

Doze feridos continuam internados 

O primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, informou que 12 pessoas feridas no acidente desta sexta-feira do comboio Celta em Porriño, na Galiza, continuam hospitalizadas, mas sublinhou que nenhuma corre perigo de vida. 

CP participa em comissão de inquérito liderada por espanhóis 

A CP-Comboios de Portugal lamentou o acidente ferroviário ocorrido na Galiza que fez quatro mortos, um deles o maquinista português, indicando que participará na comissão de inquérito "de imediato constituída" para esclarecer as respetivas causas.
Em comunicado, a companhia ferroviária portuguesa precisou que a comissão de inquérito é "liderada pelas empresas ferroviárias espanholas, ADIF e RENFE, e inclui representantes da CP".
"No âmbito deste inquérito serão apuradas as causas e circunstâncias deste acidente, que só após a sua conclusão serão divulgadas", acrescentou.
A empresa indicou igualmente que o maquinista, de nacionalidade portuguesa, "pertencia aos quadros da CP", que está agora a acompanhar a família "neste momento de luto para todos os ferroviários".
Na nota à imprensa, a CP lamentou ainda "profundamente as vítimas mortais", endereçando "os mais sentidos pêsames às famílias" e desejando "a rápida recuperação dos feridos resultantes do acidente". 

Ligação entre Porto e Vigo assegurada com ajuda de autocarro 

A ligação ferroviária entre o Porto e Vigo, em Espanha, está a ser assegurada com a ajuda de um autocarro devido ao descarrilamento, hoje de manhã, de um comboio naquela linha, disse fonte oficial da CP.
"Enquanto a linha estiver interrompida naquela zona, os passageiros vão de comboio até Valença [no distrito português de Viana do Castelo], onde fazem depois o transbordo rodoviário até Vigo", explicou a fonte à Lusa.
No sentido contrário, o esquema é o mesmo: os passageiros vão de autocarro de Vigo até Valença, onde apanham depois o comboio até ao Porto. 

CP diz que o comboio estava "em perfeitas condições" 

O Presidente da CP, Manuel Queiró, partiu para a Galiza mal soube do acidente e foi já em Porriño que falou aos jornalistas. O responsável máximo da CP garante que a composição "se encontrava em perfeitas condições" e que só uma investigação rigorosa poderá esclarecer as causas do acidente. Queiró elogiou a actuação dos meios de socorro galegos e apresentou condolências às famílias das vítimas mortais, que confirmou serem quatro.
Manuel Queiró esclareceu ainda que a composição acidentada, "pertence às duas companhias, a Renfe e a Cp", pelo que diz tratar-se de "um comboio luso-espanhol". O presidente da CP considera que a realização de obras na via "não pode ser a causa" do acidente ocorrido na manhã desta Sexta-feira.
A porta-voz da CP confirmou entrentanto que a ligação ferroviária "Celta", que liga Porto a Vigo (Espanha), é partilhada pela Comboios de Portugal (CP) e pela Renfe "em termos comerciais e operacionais"
"O 'Celta' é explorado conjuntamente pela CP e pela Renfe [operadora espanhola] em termos comerciais e operacionais. Toda a gestão é partilhada pelas duas empresas", afirmou Ana Portela, especificando que "os custos de circulação são partilhados". A tripulação dos comboios que servem essa ligação pode, por isso, ser mista.
Segundo Ana Portela, o material circulante (comboios) é espanhol e alugado pela CP, cabendo as maiores manutenções à Renfe.
Há dois meses, indicou, o comboio que hoje descarrilou foi alvo de uma "grande intervenção" pela empresa espanhola e, já depois, teve outra intervenção, mais pequena, no Porto.
Já ao nível dos carris, a gestão é feita no território português pela Infraestruturas de Portugal, enquanto em Espanha essa função cabe à Adif. 

Partidos galegos suspendem campanha eleitoral

Os partidos políticos galegos - incluindo o PP, o Partido Socialista da Galiza e o En Marea (que inclui o Podemos) - suspenderam os atos de campanha previstos para hoje devido ao acidente em Porriño.
O PP (Partido Popular), PSdeG (Partido Socialista da Galiza) e o En Marea (a marca do Podemos para as eleições regionais galegas) lamentaram, em comunicado, o acidente e manifestaram o seu pesar às famílias das vítimas. A Galiza celebra eleições autonómicas (regionais) a 25 de Setembro.

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