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terça-feira, abril 26, 2011

Feira do Livro de Lisboa abre quinta-feira



Saldos, debates e lançamentos

Já na 81.ª edição, a feira decorrerá no Parque Eduardo VII até 15 de Maio, contando com 140 participantes que representam 450 editoras e chancelas, distribuídos por 240 pavilhões, acrescentando-se aos pavilhões indiferenciados do Grupo LeYa, os do Grupo Babel.

A feira mantém o figurino da edição anterior quer em termos de planta - quatro praças identificadas por cores, cada uma com um palco, um auditório, pavilhão de informação e o da câmara - bem como de animação e iniciativas.
O editor Francisco Espadinha, fundador da Editorial Presença há 50 anos, será homenageado no dia 11 de maio, haverá animação musical contando a APEL com a colaboração do Conservatório Nacional e da Orquestra Gerações, lançamentos de livros, conversas com autores e oficinas para os jovens.
Em cada um dos três domingos da feira haverá um debate sobre os melhores livros do ano divididos por Ficção, Não Ficção e Infanto-Juvenil.
O dia 5 de Maio será dedicado à Língua Portuguesa com um programa a anunciar da responsabilidade do Ministério dos Negócios Estrangeiros e da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP).
Previsto está também uma sessão com os escritores Lídia Jorge, Mário de Carvalho e Mia Couto, que falarão das suas carreiras.
No total prevê-se a realização de 300 iniciativas durante a feira, fazendo uma média de 16 acções por dia.
A programação infanto-juvenil está este ano a cargo da Câmara de Lisboa, que terá uma praça na feira. Neste escalão etário conta-se com a visita das escolas e o regresso do "Passaporte Escolar", uma iniciativa que continuará depois da feira, disse Miguel Freitas da Costa, director da feira. O "Passaporte Escolar" é um projecto educativo da edilidade destinado às crianças do 1.º Ciclo do ensino básico, em que carimbam nos diferentes pavilhões o passaporte e no final recebem um brinde.
Também se mantém a "Hora H" de segunda a quinta-feira, em que na última hora da feira - das 22:00 às 23:00 - os visitantes poderão comprar com um mínimo de 50 por cento de desconto livros publicados há mais de 18 meses.
As regiões autónomas dos Açores e da Madeira terão pavilhões próprios, em que divulgarão as respectivas produções editoriais.

quinta-feira, agosto 12, 2010

Visita aos embaixadores da Lomografia



Lomografia

Natalie Zwillinger é uma jovem israelita na casa dos trinta anos. Há algum tempo, sentiu necessidade de revisitar as memórias da sua família, judeus que testemunharam de perto a acção das tropas alemãs, antes e durante a II Guerra Mundial. A busca que então encetou levou-a a um ponto, incontornável: Auschwitz. Até Setembro, Natalie apresenta as imagens, que recolheu na cidade polaca e depois sobrepôs com outros registos, na Embaixada Lomográfica de Lisboa.


'Fui investigar alguma da história da minha família, na Polónia e República Checa, e fotografei vários rolos nos campos de concentração', diz Natalie. Mais tarde, reutilizou os registos dessa viagem ao passado e fotografou imagens de momentos em família, celebrações religiosas em Israel, momentos do quotidiano.

Nova casa para a Embaixada

O espaço da Galeria é uma novidade. Há dez anos em Portugal, a nova Embaixada foi inaugurada no início do mês de Julho, depois de se mudarem do Bairro Alto para o número 15 da Rua da Assunção, em plena Baixa da cidade.
As embaixadoras portuguesas da Sociedade Lomográfica são Ana de Almeida e Sónia Galiza. Foram elas quem importou o fenómeno de Londres, depois de tomarem contacto a experiência lomográfica, quando viviam e trabalham na capital inglesa.
Entrando neste universo, que começa a estabelecer-se como espaço de culto para cerca de '30 a 40 mil' adeptos no país, como avança Márcio Barcelos, da Embaixada de Lisboa, há uma pergunta que vai pedindo esclarecimento: para uma actividade que se quer descontraída e divertida, porquê estas designações tão formais?
'Em Viena existe muito peso aristocrático, e, em jeito de ironia, quem criou a Sociedade Lomográfica ? que também tem um nome com peso ? decidiu que as lojas e representações noutros países seriam Embaixadas', explica Márcio Barcelos.

Lomografia: entrar no universo

E, na prática, o que é a Lomografia? Natalie Zwilinger responde: 'Eu costumo dizer que a Lomografia é como a Fotografia, mas com máquinas baratas'. De facto, as Lomo que encontramos nas prateleiras da Embaixada variam entre os 40 e os 60 euros, para as máquinas mais simples. Há outras que ascendem aos 200 euros, mas para quem dê os primeiros passos na arte, as 'Diana' (nome de um dos equipamentos com maior saída) são mais que suficientes.
Depois, é só uma questão de jogar com as especificidades de cada rolo fotográfico, trocar lentes e, como diz Márcio Barcelos, 'experimentar, experimentar, experimentar'. 'A ideia das máquinas lomográficas é que a própria máquina assume a responsabilidade de dar um resultado interessante à fotografia sem que a pessoa tenha de pensar muito', continua.
Mas Natalie faz outra interpretação desta que é uma das dez regras (bastantes informais) do lomógrafo. Para a artista, que descobriu a Lomografia numa loja em Nova Iorque, um pouco por acaso, há cerca de 10 anos, o 'não penses' deve ser interpretado na medida em que esta actividade não exige um conhecimento de máquinas fotográficas, de exposição ou de rolos. De facto, adianta, '99.9% das vezes, eu estou com o olho no visor da máquina. Se vir algo de que não gosto, não disparo'.
No final de contas, e mesmo prestando alguma atenção às regras, o que importa mesmo é divertir-se enquanto se registam os quadros quotidianos mais variados.

A era do digital

Há um ponto crítico, quando se fala deste regresso ao passado da fotografia. Depois da massificação da fotografia digital, como levar a cada pessoa a que se limite a um número ínfimo de disparos? 'Eu não vou pedir a ninguém para deitar a [máquina] digital fora, até porque eu tenho uma'. Natalie complementa, dizendo que o que se pede é que, ao contrário de uma primeira interpretação da máxima que apela à não reflexão, quem fotografa deve olhar para aquilo que está à sua frente e questionar o interesse daquilo que vê.
Porque, pensando bem: o rolo não é infinito.

Os Beatles nasceram há 50 anos



12 de Agosto de 1960 (GALERIA)

Num clube em Liverpool um grupo de jovens músicos encontrava um novo baterista. E logo depois mudava de nome. A partir de então passaram a apresentar-se como The Beatles, partindo quatro dias depois para Hamburgo para uma primeira temporada intensa de concertos que acabaria por representar um importante passo para uma carreira que, mesmo assim, poucos ainda adivinhavam que os transformaria na maior banda de todos os tempos.


12 de Agosto de 1960. Há precisamente 50 anos uma banda de quatro rapazes procurava um baterista em Liverpool. O dono de um clube em Hamburgo (na Alemanha) tinha pedido a um promotor local que encontrasse uma nova banda para uma temporada no seu palco. John, Paul, George e Stuart eram os escolhidos. Mas para fazer as malas e partir faltava-lhes apenas um pequeno pormenor: um baterista.
Um concerto cancelado tinha deixado uma noite livre para os músicos dos Silver Beatles (como então se chamavam). E num clube viram então um jovem baterista a dar uso ao kit que tinha comprado recentemente. Chamava-se Pete Best e era filho da dona do Cashbah, bar onde os músicos já tinham tocado e para o qual tinham até pintado as paredes. "Ele conseguia manter a batida durante muito tempo, e por isso ficámos com ele", recordam as palavras de John Lennon no livro auto-biográfico Anthology. E, de facto, no fim da noite Pete Best estava oficialmente no grupo. A outra novidade chegava com o nome da banda, que passava então a apresentar-se numa versão mais curta: simplesmente, The Beatles.
A aventura tinha começado em Março de 1957 com os The Quar- rymen e com John Lennon então como principal força-motriz. Paul McCartney chegou em Outubro e George Harrison em Fevereiro de 1958, mais músicos passando ainda pela banda. Houve outros nomes pelo caminho, de Johnny and The Moondogs a The Beatals, mais tarde The Silver Beatles. Com um baixista encontrado em Stuart Sutcliffe e, agora, um novo baterista, os Beatles viviam o dia um da sua existência já com uma agenda internacional. A partida para Hamburgo estava a dias de distância.
Paul McCartney pediu autorização ao pai. O 'sim' veio com recomendações e a necessária assinatura. E assim, a 16 de Agosto, acotovelaram-se na carrinha de Alan Williams (o promotor local que lhes dera o contrato) que, como George Harrison recorda em Anthology, nem sequer tinha assentos, obrigando-os a sentarem-se em cima dos amplificadores.
Rumaram primeiro à Holanda e seguiram para a Alemanha, chegando fora de horas a Hamburgo. Os clubes estavam já fechados, ninguém ficara à sua espera. E estava na hora de dormir. O dono do clube que os havia contratado acabou por levá-los para sua casa e, como recorda George Harrison na mesma autobiografia, nessa primeira noite dormiram todos numa mesma cama.
No dia seguinte davam a sua primeira actuação no Indra Club, mas o conforto do seu dia-a-dia não melhorou muito significativamente durante essa primeira temporada que viveram no bairro da lanterna vermelha de Hamburgo, o mítico Reeperbahn. Dormiam na sala de projecção de um pequeno cinema. E tocavam em sessões quase contínuas de quatro horas e meia aos dias de semana e de seis horas nos fins de semana. Foram ao todo 48 actuações, numa residência que se estenderia até 3 de Outubro e que, por queixas de ruído, os levaria a seguir depois para outro clube ali ao lado, o Kaiserkeller. Em Novembro, George era deportado por ser menor. Pete e Paul partiriam pouco depois. Lennon regressaria só em Dezembro.
Vivendo sobretudo de versões de standards, a temporada em Hamburgo não só tinha revelado primeiros sinais do verdadeiro potencial do grupo, como representaria uma verdadeira escola de palco. E quem os ouviu, pouco depois, em Liverpool, sentiu certamente que a banda tinha mudado. A história começava a escrever o seu nome.

domingo, agosto 08, 2010

Livro inacabado "não é para fazer negócio"

Entrevista com Pilar del Río

Ainda há muito espólio literário para revelar?

Não.

Só o último livro que estava a escrever?

Sim. Mas não é um livro.

Não será publicado?

Sim, será publicado. Creio que é um texto maravilhoso, cheio de humor, com uma profundidade e uma carga que merece que seja publicado. Mas não é um livro porque não ainda estava acabado. Não vamos enganar ninguém.

É o princípio de um livro?

Claro, e ao qual os leitores têm direito. Como? Quando? De que maneira? Isso, logo veremos como acontecerá. E não é para fazer negócio.

Não há mais nada desconhecido na arca de Saramago?

O que havia não publicado viu-se na exposição A Consistência dos Sonhos. Não há mais, lamento. Saramago não era um autor que escrevesse e fosse metendo em gavetas para o futuro. Foi um autor tardio, e aquilo que escrevia ia publicando. Existe, sim, uma obra da juventude, de que já falámos mil vezes - Clarabóia - e da qual disse "não a quero ver publicada em vida". Mas como não proibiu que o fosse depois, assim irá acontecer um dia. Evidentemente, será como apresentado como uma obra de juventude, como o foi Terra do Pecado.

Quando se prevê essa publicação?

Ainda não houve tempo para se pensar no assunto.

Para este último "romance" já existe uma data de publicação?

Ainda não falámos com os editores nem com a agente literária. Não há pressa.

Quantas páginas tem?

Teria de as ter contado mas nem sequer as tenho numeradas no meu computador. Mas não serão muitas, cerca de 50.

Qual é o título?

...

José Saramago dizia sempre que a obra de um escritor nunca estava completa sem publicar as cartas dos leitores. Pensa editá-las?

Isso poderia ser um trabalho para cinco teses de doutoramento, pois a quantidade de cartas que lhe foram enviadas é impressionante. O que vai publicar-se imediatamente será uma recolha de alguns artigos que se escreveram em torno da sua morte. Será intitulado Palavras para Saramago e é uma selecção de artigos de colegas do meu marido, escritores de todo o mundo. Seria uma pena que por terem sido publicados em Espanha não os conheçam em Portugal e vice--versa. Ou porque foram publicados no México ou nos EUA não se conheçam aqui.

E ainda foram bastantes!

É que não eram textos de circunstância. Tomei essa decisão esta semana porque, pela primeira vez, fui capaz de começar a ler jornais e fiquei perplexa com algumas coisas que encontrei. Textos impressionantes, dos quais disse logo: "É preciso dar a conhecer isto."

Haverá alguma reunião de textos avulsos em livro?

Muitos desses textos - prólogos ou prefácios, por exemplo - estão publicados nos Cadernos de Lanzarote ou no Caderno de Saramago. Não tenho conhecimento de que haja uma grande quantidade de coisas por publicar.

Aumentou o interesse dos investigadores na consulta do espólio?

O material mais importante já estava na exposição, mas temos tido algumas solicitações.

A leitura da obra irá mudar agora?

Não…

Saramago era bem conhecido...

Há uma quantidade de livros sobre a obra de José, em muitos idiomas, e não creio que algum autor altere a sua percepção da obra por ele ter morrido. Também duvido muito que se inventem muitos mais temas desde o momento em que até se estudou o gerúndio na obra de Saramago. Há, no entanto, muitos trabalhos que desconhecemos porque não estão traduzidos - é o caso do Irão, onde existem vários - mas esse é o problema do trabalho universitário, porque é pouco divulgado fora da própria universidade.

Para onde irá a exposição A Consistência dos Sonhos?

Em princípio irá para Madrid e vai contar com novos elementos. Há muitos livros traduzidos no entretanto - e outros sobre Saramago que não estão em exposição - como é o caso de A Viagem do Elefante e de O Caderno, que teve uma crítica impressionante nos Estados Unidos e na Alemanha.

"A biblioteca de Lanzarote é a jangada de pedra para os EUA e África"

Entrevista com Pilar del Río

Falou-se em fazer os roteiros de Saramago na terra onde nasceu. Sempre avançam?

A mim parece-me muito bem a proposta, e gostava muito que tal acontecesse. Há um grupo que estava a fazer um levantamento e até já se tinha decidido onde colocar fragmentos das Pequenas Memórias em vários sítios da Azinhaga. E ao José essa proposta emocionou-o muito, mas ainda não avançou. Outro roteiro que acho muito interessante é o Caminho do Elefante, baseado no livro A Viagem do Elefante. Seria uma rota turística de primeira porque toda essa zona de Portugal tem um fio condutor magnífico e poderia servir como um veículo de desenvolvimento cultural.

Como seria o roteiro?

Começaria no Mosteiro dos Jerónimos, seguiria pela terra de Camões, Constância, e acabaria em Castelo Rodrigo. Podia estabelecer-se com este roteiro um veículo cultural muito importante entre as pessoas e as terras. Se eu fosse ministra do Turismo ou da Cultura, desde logo que o assumiria como um projecto misto de desenvolvimento cultural e turístico. A maior parte das pessoas não conhece a riqueza do interior de Portugal.

A biblioteca de Saramago em Lanzarote tem tido visitantes?

Ainda há dias estávamos a limpar os tapetes e chegaram uns portugueses a perguntar se podiam visitar. "Por Deus, estamos nas limpezas, é domingo à tarde", mas entraram! Há visitas de turistas marcadas e, diariamente, vêm bastantes visitantes.

O que significa esta biblioteca?

É a jangada de pedra que foi lançada da Península Ibérica até à América e à África. Há também um projecto do Estado para que não se perca o vínculo de Saramago com Espanha, que passa por Lanzarote. De momento, é apenas um projecto, mas pressuponho que esteja muito consistente.

Os pólos da Azinhaga e de Castril também vão manter actividades?

O da Azinhaga é lógico, mas o de Castril é mais pessoal, porque não há tanto o vínculo de Saramago mas sim da minha família. Têm o festival Sete Sóis e Sete Luas e no próximo dia 18 vão fazer uma homenagem com a inauguração do Centro Saramago, como estava planificado e sonhado há anos. Essa é outra das iniciativas onde eu deveria ir e estar porque estarão presentes todas as autoridades.

"Nunca deixei Saramago pedir a nacionalidade espanhola"



Entrevista com Pilar del Río

Cinquenta dias após a morte do Nobel, Pilar del Río abriu a porta da sua casa de Lanzarote para recordar o marido. Lembra o pequeno-almoço que ficou por tomar e conta que o escritor lhe prometera que o livro que estava a escrever seria o último. A partir daí, o tempo que lhe restava seria para viver a dois. Apesar das solicitações vindas de todo o mundo para celebrar Saramago, observa-se muita tristeza em Pilar e alguma dificuldade inicial em se abordar temas sobre o falecimento. Nos primeiros minutos, o nome de José nunca é pronunciado, e só pouco a pouco o faz. Só ficará igual a si mesma quando acusa o fisco espanhol de perseguição política.

Parece que está mais triste e sem a alegria com que a víamos...

Que não era assim tanta porque nos últimos anos não havia. Eu sabia o que estava a acontecer e estava a conter-me, era uma loba a defender o meu marido. Nos últimos anos fui uma loba e, agora, em algumas imagens noto e vejo até que ponto em tudo o que estava relacionado com o meu marido estava sempre tensa quando com outras pessoas. Porque era uma loba a defender a minha alcateia, que era o meu marido.

Tanto enquanto homem como enquanto escritor?

Tudo o que pudesse afectar o seu delicado estado de saúde. Ele queria tempo, e eu disse-lhe: "Vou facilitar-te a vida em tudo o que esteja ao alcance das minhas mãos para que tenhas tempo."

Ele estava consciente de que o fim estava para breve?

Não! Não sabíamos se ia durar mais ou menos. Eu pensava que podíamos ir no final deste Verão a Lisboa e acreditava absolutamente nisso. Mas nos últimos tempos ele teve um problema, de que não chegou a inteirar-se, e acelerou-se o final. Mas, na verdade, eu não contava que se fosse produzir tão rapidamente.

Doença para além da pneumonia?

Foi tudo consequência do mesmo. Não quero entrar em assuntos médicos, mas ao ter tido a pneumonia começaram a activar-se coisas que tinha desde que era criança. Na Península Ibérica nos anos 20 - e nos anos 30, 40 e até 50 - todos tínhamos uma série de problemas de saúde e, quando se activaram, para além da pneumonia, provocaram-lhe complicação atrás de complicação.

Chegou-se a falar de um cancro. É verdade?

Não, o que tinha era uma leucemia crónica. Mas essa foi uma doença com a qual ele viveu toda a vida e que lhe descobriram por acaso numa operação à vista. Mas era crónico e não tinha problema nem sequer tratamento.

Ele foi-se apercebendo da situação?

Ele… acreditou que podia ultrapassá-lo. Como ultrapassou uma vez, poderia ultrapassar a segunda.

Acreditou sempre?

Ele morreu a 18, mas no dia 14 de Junho, quando celebrámos o nosso aniversário [de casamento], disse: "Celebraremos outros 24." Até disse: "Celebraremos muitos mais." Já estava a começar a fazer exercícios para recuperar a massa muscular, porque se na vez anterior já a tinha recuperado também iria recuperá-la desta segunda vez. Só que eu sabia que desta segunda vez ele não iria recuperá-la.

Os portugueses ficaram muito espantados por ter pedido a nacionalidade. Qual foi mesmo a razão?

Emocional. Sem razão. Creio que lho devo isso, ponto.

E está a pensar viver mais tempo em Portugal?

Isso estava previsto desde que iniciámos a Fundação [José Saramago] e o nosso projecto era passar por ano, pelo menos, seis meses em Portugal. O que aconteceu é que pusemos em marcha a Fundação, mas a doença impediu--nos desse projecto.

Mas nunca pensara antes pedir a nacionalidade portuguesa?

Pensámos em vários momentos conjuntamente. Ele, pedir a espanhola, e eu, a portuguesa. Termos dupla nacionalidade os dois, mas eu recusei sempre que ele pedisse a espanhola.

Porquê?

Porque ele é um símbolo de Portugal e parecia-me que tinha de ser português a 100%, sem nenhum outro documento.

Acha que com a morte os portugueses vão olhar para José Saramago de outra forma?

Eu acredito que os portugueses olhavam muito bem para Saramago! Eu sei como o olhavam porque andava com ele pela rua. Quando fizemos A Viagem do Elefante, saímos de Lisboa, fomos a Constança, a Castelo Branco, e continuámos a subir até Figueira de Castelo Rodrigo, e bem vi como o acarinhavam! Quem não vai continuar a olhá-lo bem é quem já não o olhava antes. São três, quatro ou cinco pessoas que escrevem na comunicação social. Não são mais.

Não mudarão de opinião...

Não! Essas pessoas, que têm nome e apelido, vão continuar na mesma. Quanto ao resto das pessoas, que o olhavam bem e que gostavam de Saramago, pouco a pouco vão-se sentindo órfãos.

Designadamente muitos jovens que, aquando da morte, diziam que iriam passar a ler Saramago...

Esses foram os comentários. Uma coisa é o Saramago matéria de estudo - pesada - e outra é o homem rebelde e transgressor que nunca baixou a cabeça. Um homem com critério, mais jovem do que todos os jovens do mundo, trabalhando até à última hora, dinâmico e que enfrentava tudo. É um modelo para qualquer jovem - já o disseram; é o mais jovem de todos os escritores e o mais jovem de todos os jovens. Não há ninguém tão rebelde como Saramago. Rebelde contra Deus, contra a Igreja e contra o poder.

Muitos escritores quando morrem são esquecidos durante algum tempo. Será o caso de Saramago?

São esquecidos!… Entram é numa zona de sombra algum tempo após morrerem mas não imediatamente. Eu não sei se vai ser o caso ou não de Saramago, porque ele quebra todas as regras! Quebrou não frequentando a universidade; quebrou começando a escrever tão tarde e quebrou fazendo uma obra sem igual. Em qualquer caso, uma das missões que temos na Fundação é entrar nessa zona de sombra para resgatar os escritores que lá estão, como se fosse um purgatório. E estamos a fazê-lo com alguns nomes. Acabou de se publicar o livro de Rodrigues Miguéis e estamos a tentar que se republique toda a sua obra e o mesmo acontece com Jorge de Sena. Escritores que são de primeira linha e que não há direito que estejam esquecidos.

Essa foi, aliás, uma missão que José Saramago impôs nos últimos tempos.

É um objectivo da Fundação, resgatar a cultura portuguesa. É a nossa obrigação, não é um passatempo, entrar na zona de sombra daqueles nomes que são um valor e uma riqueza patrimonial.

Que outros nomes se seguem?

Agora lançámos um projecto com Almada Negreiros, que não está tanto na zona de sombra mas também sem o brilho devido, que é o livro Nome de Guerra. Queríamos começar com Escola do Paraíso, porque não está editado e ninguém consegue comprar esse livro, e estamos à procurar editor para ele. Há uma série de escritores que estavam já aprovados por José Saramago e sobre os quais estamos a trabalhar. Sempre escritores portugueses.

Quais serão as próximas iniciativas da Fundação José Saramago?

O último trimestre vai estar muito voltado para Saramago, porque há muitas homenagens em curso. Foi a Feira do Livro em Gua- dalajara, de Frankfurt, de Itália e do México, é na Biblioteca Nacional de Portugal… Só que, apesar de a Fundação não ser exclusivamente para José Saramago - para isso temos as editoras em todo o mundo -, entendemos que temos de estar atentos ao que se passa no mundo em torno da obra de Saramago.

A sua presença tem sido muito solicitada em eventos?

Sim, muitas vezes e todos os dias chegam pedidos. Evidentemente que é impossível poder assistir a todas as iniciativas mesmo que gostasse muito. Agora mesmo, em Paraty, vão fazer uma leitura ininterrupta da Jangada de Pedra e deveria ir ao Brasil, mas é impossível. É um exagero de convites e de energia mas, não podendo atender a todas as iniciativas, enviarei sempre uma mensagem. Estão a inaugurar bibliotecas com o nome de Saramago, põem o nome dele em praças e ruas! A mim, vão-me chegando as notícias pelos meios de comunicação porque nem sequer mo comunicam directamente.

Quando é que a Fundação vai abrir a sede em Lisboa? Em Junho de 2011?

Se calhar. É que as obras são muito complicadas porque encontram-se sempre mais vestígios arquitectónicos, o que obriga outros organismos a envolverem-se. De uma coisa estou certa: é que quando estivermos na Casa dos Bicos a Fundação vai ter outro tipo de visibilidade porque irá converter-se num centro de actividade cultural diária.

Pode adiantar o que se fará?

A Casa dos Bicos não será apenas aquilo que a Fundação Saramago organiza. Vai colocar à disposição de todos o espaço e haverá apresentações de livros, concertos e projecção de cinema político, entre muitas outras actividades. Nós oferecemos a Casa à comunidade para que seja um centro de actividade cultural diária e possa ser visitada diariamente.

Como será organizado o espaço?

A Casa dos Bicos tem cinco pisos. No primeiro, está o centro de interpretação arqueológica; no segundo, um centro de exposições permanentes de livros e assuntos relacionados com José Saramago; no terceiro piso, estará a Fundação propriamente dita; no quarto, será a biblioteca; e no quinto, ainda está por decidir.

Vai manter-se o gabinete que era para ser o do escritor?

Não, não somos mitómanos nem prestamos culto à personalidade.

Saramago ficou muito feliz com a cedência da Casa dos Bicos...

Por isso as suas cinzas irão ficar diante da Casa dos Bicos e por essa razão é que o arquitecto Manuel Vicente chorava desconsoladamente no sábado [do velório]. Dizia: "Eu vi os olhos de Saramago, iluminados, dizendo 'Vou ver o Tejo. Deste escritório vejo passar os barcos'. Foi aí, ouvindo Manuel Vicente, que pensei que Saramago teria de ficar ali e não noutro lugar. Não houve essa disputa pelo Panteão Nacional de que tanto se falou, porque ele tinha de ficar ali.

Se a questão do Panteão nunca se pôs para José Saramago, também a presença de Cavaco Silva no funeral foi uma falsa questão?

Quero deixar claro que Cavaco fez o que tinha a fazer.

Não ir foi o mais correcto?

Sim. Saramago e ele não tinham partilhado a vida e, por dignidade, muito menos teriam de partilhar esse momento final. Enviou as suas condolências e fez o que tinha a fazer. Eu não entrei nunca nessa polémica sobre se Cavaco teria de ir ou não porque me parece que aconteceu o que deveria.

Sempre pensa ir viver para Portugal em Setembro?

Volto. Vou ao Brasil, depois a Itália e aí parto para Portugal.

Mas está a pensar morar mesmo em Portugal?

Sim, sim.

Vai estabelecer em Lisboa a sua vida?

Sim.

Sentirá saudades de Lanzarote?

Vou sentir muitas saudades de Lanzarote... Mas vou voltar de vez em quando porque está cá [em Lanzarote] o espírito de Saramago. Foi aqui que criou o Ensaio sobre a Cegueira, Ensaio sobre a Lucidez, Todos os Nomes, a Caverna, as Intermitências da Morte e Caim e, por isso, este sítio não pode fechar-se. Está cheio de todas essas palavras, esses sussurros e ideias.

Como vai acabar a disputa com o fisco em Espanha?

Não sei no que vai dar! Saramago pagava onde tinha de pagar; como tinha de pagar; no momento em que tinha que pagar e o que tinha de pagar. Sem nenhuma engenharia financeira, sem nenhuma dedução por causa da Fundação, e fê-la com o seu dinheiro. Pôs os seus direitos de autor a pagar os ordenados das pessoas porque não era para ter vantagens. Porquê? Porque acreditou que poderia partilhar dessa maneira, e o que as finanças espanholas fizeram não tem nome.

Foi uma insensibilidade a questão ser anunciada após a morte?

Não, não. A insensibilidade foi dos meios de comunicação, porque isto aconteceu em Abril. A sentença já tinha saído mas publicaram--na no dia do funeral por alguma razão. Para nós não tem nenhuma interferência, porque Saramago cumpriu civicamente com os seus deveres e, quando isto começou há dez anos, pediu auxílio ao Governo de Portugal. O primeiro-ministro de Portugal e o primeiro-ministro de Espanha disseram-lhe que estava resolvido, e creio que ambos estavam convencidos de que assim era. Por outro lado, acredito que houve alguém dentro do fisco espanhol que teve muito empenho em que isto não estivesse resolvido.

Qual terá sido a razão?

Creio que foi uma perseguição claramente política. Quando o primeiro-ministro de Portugal e o primeiro-ministro de Espanha juntos disseram a Saramago que "isto está solucionado" é porque ambos acreditavam que estava. Mas desde logo alguém lhes estava a mentir. E foi aqui de Espanha, de alguém muito concreto de Espanha. Todo este problema surgiu quando Saramago pegou na bandeira da guerra contra o Iraque; quando Saramago enfrentou o Governo dos Estados Unidos e, também, o de Espanha por causa dessa guerra.

Quanto à herança de José Saramago, não há polémica?

Não!

Há um entendimento entre si e a filha, Violante.

Absoluto.

Fazem-lhe falta as polémicas que Saramago conseguia criar?

Não!

Consegue conviver com uma vida mais calma?

Saramago criava polémicas - criou-as inclusivamente depois de morto - mas a mim não me fazem assim tanta falta. Eu vivia--as porque estava ali e porque era a loba, insisto, mas não suspiro pelas polémicas. O meu marido era muito mais radical do que eu, que sou mais apaixonada. Mas ele, sim, era radical - então para a polémica - e entrava nelas com toda a força enquanto eu era muito mais apaziguadora. Ainda que pudesse parecer mais o contrário, era ele o radical.

O que é que lhe faltou fazer com José Saramago?

Nada...

Nada mesmo?

Sobrou-me uma coisa, o pequeno-almoço do dia em que morreu. Ele não queria comer mais e eu insisti: "Vá lá, José, acaba. Tens muitas células para alimentar." Só que eu não sabia que iria morrer uma hora depois. E obriguei-o… Insisti tanto que ele acabou docilmente a tomar o seu batido de frutas e o resto da refeição.

Como é a vida sem José Saramago?

É isto... (aponta para o vazio).

quinta-feira, outubro 22, 2009

O império Astérix já tem meio século



O irredutível gaulês que arrebatou os louros de César cumpre meio século de resistência. A publicação de um novo álbum - hoje, simultaneamente em 19 países, com uma edição total de 3,5 milhões de exemplares - e vários eventos celebram o aniversário de um (ou dois, se contarmos com o fiel e intransponíbel Obélix) dos personagens de BD mais conhecidos em todo o mundo. O álbum a publicar hoje, 'O Aniversário de Astérix e Obélix', começa, aliás com a saída de ambos da aldeia para a sua ocupação preferida: caçar javalis. O que não sabiam era que toda a aldeia lhes preparava uma festa-surpresa. Os indefectíveis encontrarão lá alguns segredos de uma poção mágica inesgotável

A história da criação de Astérix poderia fazer hoje com que o céu caísse sobre a cabeça de alguns governantes franceses. Aquele que é, indiscutivelmente, um dos símbolos do país mais reconhecidos em todo o mundo nasceu há precisamente meio século num apartamento de um bairro social, em Bobigny, nos tumultuosos#subúrbios de Paris.
Em Agosto de 1959, o escritor René Goscinny e o desenhador Albert Uderzo davam à luz o duo mais temido do Império romano. Isso terá acontecido em apenas 15 minutos: primeiro desenharam Óbelix e só depois surgiu o inseparável companheiro Astérix. Dois anti-heróis numa luta de resistência à ocupação romana, entre zaragatas e banquetes, grandes exped- ições e encontros com personagens de nomes improváveis, que pretendiam caricaturar a sociedade francesa orgulhosa da sua "excepção cultural".
Numa época em que o general De Gaulle se mostrava irredutível face aos dois grandes blocos da guerra fria, a história da única aldeia a resistir à invasão romana não tardou muito tempo a cativar os leitores franceses e a transformar-se numa metáfora recorrente. Contava-se que, num conselho de ministros nos anos 70, o próprio De Gaulle teria mesmo comparado os ministros do seu Governo com os personagens da irredutível aldeia gaulesa.
Hoje é frequente ver os títulos e situações dos álbuns evocados na imprensa francesa para descrever a actualidade, do "combate dos chefes" dentro do Partido Socialista à luta do militante anti-globalização José Bové na defesa da agricultura gaulesa face à invasão dos OGM. Mesmo o actual primeiro-ministro francês, François Fillon, um admirador confesso de Astérix, não hesitará em recorrer ao apelido de "Caius Detritus", um espião romano que semeia a divisão entre os gauleses no livro A Zaragata, para se referir ao líder do seu próprio partido, Xavier Bertrand.
Depois da aparição das primeiras tiras de Astérix na revista de BD Pilote, o primeiro álbum em 1961, Astérix o Gaulês, foi publicado com apenas 6 mil exemplares, atingindo, porém, os 20 mil exemplares, poucos meses depois com Astérix e a Foice Dourada. Trinta e quatro aventuras depois e com mais de trezentos milhões de álbuns vendidos em todo o mundo, a saga do personagem de capacete alado está na base de um império que faria corar de vergonha o próprio Júlio César, traduzido em 107 línguas e dialectos (entre os quais o mirandês), tendo inspirado filmes, jogos de computador, discos, adaptações teatrais, um parque temático e arrecadando mais de 11 milhões de euros de lucros anuais.
Desde a morte de Goscinny, em 1977, que o desenhador Uderzo prossegue sozinho a aventura tendo publicado entretanto dez novos álbuns, fiel às caricaturas de povos e situações reais.
O novo álbum publicado hoje em todo o mundo - O Eniversário de Astérix - é, antes de mais, um reencontro com alguns dos mais célebres personagens da saga, convocados à aldeia gaulesa para uma festa-surpresa, enquanto Astérix e Obélix, sem desconfiarem de nada, partem, como habitualmente, à caça de javalis.
Subversão e mitologia nacionalista são os ingredientes da poção mágica que em meio século se tornou no primeiro produto de exportação francês. Mas longe do culto patriótico, o irredutível herói é a antítese do mítico líder da Gália, Vercingétorix, que, segundo a lenda, teria sido derrotado pelos romanos numa povoação ainda hoje tão difícil de localizar no mapa pelos historiadores como pelos personagens da série de banda desenhada. "Estes franceses estão loucos"?

domingo, junho 14, 2009

Exposição mostra várias visões do culto de Santo António



Mais de 90 artistas portugueses mostram, pelo quinto ano consecutivo, n'A Arte da Terra, nas antigas cavalariças da Sé de Lisboa, as suas interpretações do santo mais popular de Lisboa.

Bem pertinho da casa e da Igreja de Santo António, no fresco das antigas cavalariças da Sé de Lisboa, o culto deste santo popular é apresentado nas mais diversas formas na exposição "Santo António - De Lisboa a Pádua". A iniciativa da loja-galeria A Arte da Terra vai já no quinto ano consecutivo e exibe mais de 800 peças, cada uma mostrando a visão dos cerca de 90 artistas representados.
Escultores, artesãos, jovens designers, todos portugueses, como não poderia deixar de ser neste espaço dedicado ao artesanato e à cultura nacional, responderam ao desafio lançado pela galeria e apresentam novas abordagens artísticas sobre o santo mais popular de Lisboa.
Apesar de o tema ser apenas um - o culto de Santo António -, a diversidade das peças apresentadas reflecte as diferentes gerações e as diferentes correntes e sensibilidades artísticas presentes. Os muitos santos antónios representados tanto podem ter apenas cinco centímetros de altura como 1,80 metros e são feitos de materiais tão diferentes como barro, madeira, arame, granito, mármore e tecido.
A localização do espaço, no coração dos festejos dedicados a Santos António, "foi determinante para o lançamento desta iniciativa", explicou ao DN Filomena Frade, sócia-gerente d'A Arte da Terra. E pelo tema da exposição, o evento foi incluído na programação oficial das Festas da Cidade de Lisboa.
Os turistas são os principais clientes deste espaço e, por isso mesmo, a exposição muda todos os dias, consoante as peças que são vendidas. "E se os coleccionadores já sabem que aqui podem encontrar mais uma peça original, os devotos de Santo António preferem representações mais tradicionais", comenta Filomena Frade.




quinta-feira, maio 28, 2009

Cascata de fogo na Ponte 25 de Abril



O espectáculo de pirotecnia que tem como cenário a Ponte 25 de Abril e o rio Tejo celebra o regresso do Rock in Rio a Lisboa, em 2010. No dia 30 de Maio, pelas 22h15, o público tem a oportunidade de assistir a variados efeitos pirotécnicos que chegam a ultrapassar a altura da ponte.


Para assinalar a quarta edição lisboeta do maior evento de música do mundo, a organização do Rock in Rio volta a brindar o país com uma queima de fogos na Ponte 25 de Abril. Depois do sucesso de 2007, a ponte volta a transformar-se numa cascata de fogo e magia na noite de sábado, dia 30 de Maio. A organização promete “um verdadeiro festival de cor e emoção para toda a família”. O evento é gratuito e aberto a todos os que quiserem assistir.
Além dos milhares de pessoas que são esperadas nas margens do rio, - tal como sucedeu em 2007 –, todo o país vai poder acompanhar este momento único através da transmissão em directo dos 7 minutos de espectáculo piro-musical através do site oficial. A queima de fogos, com início marcado para as 22h15, será ainda transmitida pela SIC Notícias e na RFM. “O culminar da emoção surge quando os 2 quilómetros da ponte forem totalmente cobertos pela cortina de fogo prateado que vai mergulhar nas águas do rio Tejo”, refere a organização do evento.
Este será também o momento que marca o início da contagem decrescente para o Rock in Rio-Lisboa 2010 que já está agendado para os dias 21, 22, 27, 28 e 29 de Maio do próximo ano, no anfiteatro natural do Parque da Bela Vista.

quinta-feira, abril 30, 2009

quinta-feira, dezembro 04, 2008

Após o humor Saramago anuncia o pessimismo


Lançamento. 'A Viagem do Elefante' em Lisboa

O Grande Auditório do Centro Cultural de Belém (CCB) não foi pequeno para as centenas de pessoas que estiveram no lançamento do último livro do Prémio Nobel português, A Viagem do Elefante, ontem ao fim da tarde. O próprio escritor lamentou que o violento mau tempo que antecedeu a cerimónia tivesse feito desanimar pessoas que gostariam de ali ter estado e, como quem não quer a coisa, recordou que no lançamento do mesmo livro em S. Paulo tinha mil pessoas a ouvi-lo.
Mesmo com um número de presenças inferior ao esperado, o editor Zeferino Coelho avisou que José Saramago não assinaria mais do que 200 livros (no Brasil foram 150), quantidade que era manifestamente baixa para a extensa fila de pessoas - mais do dobro - que já se tinham posto ordeiramente no salão à espera do seu autógrafo depois de uma salva de palmas que deu por terminada uma divertida sessão de duas horas.
Saramago esteve igual a si próprio e, apesar da estratégia combinada, na noite anterior, na sua casa, com os apresentadores da obra - António Mega Ferreira e Manuel Maria Carrilho -, o resultado foi bem diferente porque o Nobel não se calou durante 90% do tempo. Nada que importasse à audiência, que ouvia silenciosa e interessadamente as razões por ele apresentadas para estar vivo contra todos os prognósticos e que ria com as justificações para ter feito um livro tão divertido como A Viagem do Elefante. Se alguém pouco acostumado ao Nobel entrasse no auditório teria estranhado algumas das suas afirmações. Entre elas a de que, apesar de não ser medium, desconhece como o livro se materializou; que após a doença se surpreendeu com uma segunda revelação, a de uma linguagem que desaparecera de si há mais de 30/40 anos e a descrição de uma das suas memórias sobre os tempos mais complicados no hospital, de quando viu quatro pontos brancos...
Entre os que marcaram presença esteve o ministro da Cultura, Pinto Ribeiro, que partilhou com a assistência os recados dados por Saramago no que respeita às suas preocupações com a língua portuguesa - que é tão maltratada - e com a ausência de respeito pelos direitos humanos.
Para o final estava reservada uma surpresa quanto ao seu futuro como escritor ao anunciar que o próximo livro iria ser o oposto deste que estava a apresentar. Nada de humor - pelo contrário, será o mais pessimista possível porque "só os pessimistas é que estão preocupados com o estado a que chegou o nosso mundo".

sexta-feira, novembro 28, 2008

La Féria estreia hoje o seu 'West Side Story'


Espectáculo. Musical da Broadway no Teatro Politeama

Filipe La Féria encena versão moderna de 'Romeu e Julieta'

Filipe La Féria era um jovem que nem 20 anos tinha quando interpretou o papel de Romeu no clássico de Shakespeare Romeu e Julieta. Desde então, ficou com vontade de voltar à personagem. "Sempre tive este sonho de contar essa história, de fazer Romeu e Julieta ou o West Side Story", explicou aos jornalistas o encenador na apresentação do seu mais recente espectáculo: West Side Story - Amor sem Barreiras, que hoje se estreia no Teatro Politeama, em Lisboa.
O espectáculo West Side Story, com guião de Arthur Laurent, música de Leonard Bernstein e libretto de Stephen Sondheim estreou-se na Broadway em Setembro de 1957 para rapidamente se tornar um êxito. Vista justamente como uma versão moderna do clássico de Shakespeare, o musical substitui as brigas das famílias de Verona pela rivalidade entre gangs da Nova Iorque dos anos 50. Temas musicais como Somewhere, Maria ou Tonight tornaram-se ainda conhecidos quando, em 1961, Robert Wise assinou a adaptação cinematográfica, transformando Maria e Tony em ícones de uma geração em todo o mundo.
À semelhança do que tem feito nos últimos anos, Filipe La Féria parte do original (no caso, a concepção de Jerome Robbins) para criar o seu próprio espectáculo. Foi assim com Minha Linda Senhora (2004), Jesus Cristo Superstar (2007) ou Um Violino no Telhado (actualmente em cena no Rivoli, no Porto)
Lúcia Moniz, Anabela e Carlos Quintas são alguns dos actores com que o encenador tem vindo a trabalhar e que participam também em West Side Story. Para seleccionar o elenco composto por 54 cantores, actores, bailarinos e músicos, La Féria realizou três audições, como sempre muito concorridas.
A produção de La Féria custou cerca de um milhão e 250 mil euros, sem qualquer apoio estatal. O encenador e produtor está habituado a correr riscos, pedindo empréstimos bancários e procurando patrocinadores para pôr de pé os seus sonhos. Mas, se tudo correr como nos últimos espectáculos, o público irá lotar as sessões por muitos e muitos meses.

domingo, outubro 26, 2008

Encantados pelos cavalos



Espectáculo imponente e de beleza infinita alia arte equestre, multimédia, dança e música

A enorme tenda branca não passa despercebida. E com cartazes um pouco por toda a parte, a gigantesca produção de “Cavalia” conquistou o público logo nos primeiros dias em que se instalou no Passeio Marítimo de Algés. Com uma procura enorme pelos bilhetes, ainda antes da estreia, a produção anunciou uma semana extra de espectáculos, mas viu-se forçada a permanecer em solo português ainda mais um semana, permanecendo em Algés, até ao próximo domingo, dia 26 de Outubro.
Muito elegante, o espectáculo nada tem a ver com alguma produção anteriormente apresentada em terras lusas, apesar de ter cavalos como protagonistas e de grande parte dos animais apresentados serem Lusitanos, uma das raças mais antigas do mundo e originária de Portugal. Isso fez com que Normand Latourelle, presidente e director artístico da Cavalia, ansiasse desde o início trazer o projecto até cá. “Estamos muito orgulhosos não só porque finalmente estamos em Portugal, mas porque conseguimos vender 15 mil bilhetes antes de estrear, o que é impressionante, visto este não ser um espectáculo conhecido em Portugal”.
Ao longo de duas horas e meia (com intervalo), o público é convidado a entrar num conto de fadas, onde os efeitos de luz e projecções multimédia dividem as atenções, obrigatoriamente, centradas nos cavalos.
Com um cenário que vai mudando, consoante o tema do quadro a apresentar, todo o espectáculo é acompanhado de música ao vivo e por vezes é possível vislumbrar os músicos por detrás do pano, propositadamente, para nos fazer lembrar que tudo é ilusão e encantamento. Os actores são amazonas, ginastas, acrobatas e bailarinos e não se pense que às mulheres cabem os papéis mais singelos. Tal como índios e cowboys, ali também encontramos homens e mulheres a cavalgar a grande velocidade (os cavalos chegam a atingir os 60 quilómetros por hora em palco), presos só por um pé no cavalo, a rodopiar, a apanhar lenços do chão e a interagir com o público.
Porque há quadros que acompanham a mudança das estações do ano, nesta megaprodução podemos contar com chuva, só no palco, neve, que chega a sarapintar os lugares da frente, ou folhas que as árvores despem no Outono e esvoaçam entre o palco e a plateia.
A cumplicidade entre animais e artistas salta à vista, sobretudo nos quadros de Frédéric Pignon, co-director equestre que sem gritos nem palmadas ou chicotadas, consegue fazer com que os animais se deitem no chão, levantem a pata em frente da plateia em forma de agradecimento ou que até beijem este verdadeiro “encantador de cavalos”.
Se o espectáculo começa de forma muito serena e calma, como se estivéssemos a entrar num sonho perfeito, depressa muda o ritmo e os passos de autêntico bailado entre actor e cavalo dão lugar a grandes cavalgadas, como se estivéssemos perante um Western.
Visto e apreciado por todo o mundo, com mais de dois milhões de espectadores, o "Cavalia" também já conquistou ao longo da sua itinerância mundial nomes bem conhecidos. Os músicos Ben Harper e Rod Stewart, bem como os actores Adam Sandler, Michelle Pfeifer, Nicolas Cage e Richard Gere, por exemplo, são algumas das celebridades que contam da lista de assistentes de honra desta produção canadiana.
De grandes dimensões, a tenda tem capacidade para mais de duas mil pessoas em cada sessão e tem uma acústica formidável. Bilhetes a partir dos 30 euros, com descontos para menores de 12 anos e público sénior.

domingo, outubro 19, 2008

A liberdade a 4 patas



ARTE EQUESTRE

Já chegou ao Passeio Marítimo de Algés a maior tenda itinerante do mundo BigTop, que está rodeada por outras 7 tendas. Juntas compõem a aldeia do Cavalia, a base de um espectáculo mágico, que não pode deixar passar ao lado. Depois de mais de mil exibições pelo o mundo, a arrojada e inovadora odisseia equestre chega a Portugal e à Europa. Cavalia é o fruto da visão de um dos fundadores do Cirque Soleil e junta na mesma arena a delicadeza dos 37 artistas, a harmonia dos músicos e a graciosidade dos 60 cavalos. Um espectáculo diferente, que une técnicas multimédia, com artes equestres e performativas, num cenário virtual de liberdade e cumplicidade. No «ballet mágico entre o homem e o cavalo» trabalham permanentemente 120 pessoas, auxiliadas por 200 contratados localmente. Pela primeira vez, o público português pode assistir e viver de perto uma experiência inesquecível. Bilhetes a partir de 29 euros. Preços especiais para estudantes e crianças.

Dream On - “Um musical numa viagem ao Sonho” subiu ao palco no Casino Estoril

  O 10º aniversário, da Associação Palco da Tua Arte, foi assinalado com um espectáculo cujo o título foi Dream On – “Um musical...