
Ensino superior
Algumas faculdades privadas estão a empregar estudantes em 'part-time' para os ajudar a pagar propinas. Número de jovens com dificuldades duplicou.
"Se não fosse este trabalho já não estaria na universidade." A confissão é de João Sousa Varela, aluno do quarto ano de Arquitectura da Universidade Lusíada de Lisboa e, desde este ano lectivo, colaborador do centro de informática da instituição. Um exemplo do crescente número de estudantes com dificuldades para pagar as propinas. E das soluções que as universidades privadas estão a encontrar para evitar a sua saída.
João, de 24 anos, não é elegível para a acção social, através do Fundo de Apoio ao Aluno, já que os rendimentos do seu agregado familiar ultrapassamos valores máximos (que rondam os 400 euros por cabeça). Mas as dificuldades, que "vêm aumentando desde o ano passado", são bem reais.
"Tenho a minha avó em coma induzido, num hospital privado, e o dinheiro [da família] não dá para tudo", explica o futuro arquitecto. Na Lusíada, faz "uma média de cinco horas" diárias na Informática, que lhe permitem ter isenção das propinas de 325 euros por mês.
Uma ajuda "preciosa", ainda que não dê para tudo: "O curso de Arquitectura é caro. Além das mensalidades, há os materiais para maquetes, muitas impressões em papel, mas tenho mais de 50% das despesas cobertas", diz.
Casos como estes "não são novos", diz João Redondo, dirigente da Lusíada e presidente da Associação Portuguesa do Ensino Superior Privado (APESP).
Actualmente há "seis ou sete alunos" a trabalhar "para reduzir as despesas ou até com um contrato que lhes permite ainda receber algum dinheiro".
As mesmas situações existem em algumas das outras instituições, apesar de não serem ainda em grande número. O que já não é invulgar é surgirem alunos com dificuldades para pagar as mensalidades. "Este ano, a informação que tenho é que aumentou de forma significativa o número de estudantes a pedir soluções especiais para o pagamento de propinas", conta João Redondo.
Os pedidos vão desde "fazer o pagamento em mais meses, para diluir o valor" até "pagar no final do curso".
As instituições vão dando a resposta possível: "Fazemos os possíveis para não perder nenhum aluno por motivos económicos, e até temos um fundo próprio para essas situações, mas nem sempre é possível evitá-lo."
No grupo Lusófona, adianta o administrador Manuel Damásio, os apelos de alunos em dificuldade duplicaram no último ano: "Onde havia 10 situações destas passou a haver 20", explica, ressalvando que, "ainda assim, estes casos "representam apenas 5% a 7%" da população escolar. "Até agora temos encontrado soluções para todos", diz.
Nesta universidade, "não é política" contratar alunos em dificuldades. Mas quem consegue lá encontrar emprego, por concurso, "tem isenção de propinas".
Apesar do cenário de crise, estas instituições acreditam que no novo ano lectivo irão manter ou até subir (no caso da Lusófona) o número de novas matrículas.
O DN contactou o Ministério do Ensino Superior, mas até ao fecho da edição não obteve resposta.
João, de 24 anos, não é elegível para a acção social, através do Fundo de Apoio ao Aluno, já que os rendimentos do seu agregado familiar ultrapassamos valores máximos (que rondam os 400 euros por cabeça). Mas as dificuldades, que "vêm aumentando desde o ano passado", são bem reais.
"Tenho a minha avó em coma induzido, num hospital privado, e o dinheiro [da família] não dá para tudo", explica o futuro arquitecto. Na Lusíada, faz "uma média de cinco horas" diárias na Informática, que lhe permitem ter isenção das propinas de 325 euros por mês.
Uma ajuda "preciosa", ainda que não dê para tudo: "O curso de Arquitectura é caro. Além das mensalidades, há os materiais para maquetes, muitas impressões em papel, mas tenho mais de 50% das despesas cobertas", diz.
Casos como estes "não são novos", diz João Redondo, dirigente da Lusíada e presidente da Associação Portuguesa do Ensino Superior Privado (APESP).
Actualmente há "seis ou sete alunos" a trabalhar "para reduzir as despesas ou até com um contrato que lhes permite ainda receber algum dinheiro".
As mesmas situações existem em algumas das outras instituições, apesar de não serem ainda em grande número. O que já não é invulgar é surgirem alunos com dificuldades para pagar as mensalidades. "Este ano, a informação que tenho é que aumentou de forma significativa o número de estudantes a pedir soluções especiais para o pagamento de propinas", conta João Redondo.
Os pedidos vão desde "fazer o pagamento em mais meses, para diluir o valor" até "pagar no final do curso".
As instituições vão dando a resposta possível: "Fazemos os possíveis para não perder nenhum aluno por motivos económicos, e até temos um fundo próprio para essas situações, mas nem sempre é possível evitá-lo."
No grupo Lusófona, adianta o administrador Manuel Damásio, os apelos de alunos em dificuldade duplicaram no último ano: "Onde havia 10 situações destas passou a haver 20", explica, ressalvando que, "ainda assim, estes casos "representam apenas 5% a 7%" da população escolar. "Até agora temos encontrado soluções para todos", diz.
Nesta universidade, "não é política" contratar alunos em dificuldades. Mas quem consegue lá encontrar emprego, por concurso, "tem isenção de propinas".
Apesar do cenário de crise, estas instituições acreditam que no novo ano lectivo irão manter ou até subir (no caso da Lusófona) o número de novas matrículas.
O DN contactou o Ministério do Ensino Superior, mas até ao fecho da edição não obteve resposta.
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