sexta-feira, junho 18, 2010

Cavaco recorda Saramago como "referência nacional"



O presidente da República, Cavaco Silva, recordou hoje, sexta-feira, José Saramago como um "escritor de projecção mundial", sublinhando que o escritor e Nobel português "será sempre uma figura de referência" da cultura nacional.
"Escritor de projecção mundial, justamente galardoado com o Prémio Nobel da Literatura, José Saramago será sempre uma figura de referência da nossa cultura", refere o chefe de Estado, numa mensagem de condolências à família do escritor, enviada à comunicação social.
José Saramago, Nobel da Literatura em 1998, faleceu hoje aos 87 anos na sua casa na ilha espanhola de Lanzarote.
"Em nome dos Portugueses e em meu nome pessoal, presto homenagem à memória de José Saramago, cuja vasta obra literária deve ser lida e conhecida pelas gerações futuras", sublinha o presidente, endereçando condolências à família do escritor.

Reacções: "Portugal fica mais pobre"



Várias foram as personalidades portuguesas que já reagiram ao falecimento do escritor. Uma perda para Portugal e para a literatura portuguesa, dizem todos, do presidente da República ao primeiro-ministro.
O Presidente da República, Cavaco Silva, recordou José Saramago como um "escritor de projecção mundial", sublinhando que "será sempre uma figura de referência" da cultura nacional.
"Em nome dos Portugueses e em meu nome pessoal, presto homenagem à memória de José Saramago, cuja vasta obra literária deve ser lida e conhecida pelas gerações futuras", sublinha o Presidente, endereçando condolências à família do escritor.
O primeiro-ministro, José Sócrates, também prestou a sua homenagem ao escritor, considerando-o "um dos grandes vultos" da cultura, e manifestando o orgulho do país na sua obra.
"Recebi a notícia da morte de José Saramago com muito pesar. Entendo que é uma perda para a cultura portuguesa e o meu dever, neste momento, é endereçar palavras de coragem e de condolências", disse.
O presidente do PSD, Pedro Passos Coelho, foi dos primeiros a reagir. "Foi com profunda consternação e pesar que recebi a notícia da morte do escritor José Saramago, um dos vultos mais destacados da cultura portuguesa contemporânea. Nobel da Literatura em 1998, José Saramago deixa uma obra literária intemporal. Com o seu desaparecimento, Portugal fica mais pobre", afirmou.

Grande perda para o mundo da cultura

A morte de José Saramago é uma "grande perda para o mundo da cultura", afirmou o presidente do Governo das Canárias, arquipélago espanhol onde o escritor faleceu.
Paulino Rivero, que se afirmou muito surpreendido pela notícia da morte considerou-a uma notícia "absolutamente inesperada" pela forma como ocorreu. "Não tinha conhecimento que estivesse mal de saúde. Em qualquer caso quero expressar a solidariedade do Governo das Canárias com a sua família", afirmou.
O presidente da câmara de Madrid, Alberto Ruiz-Gallardón, enviou um telegrama de condolências à família de José Saramago, um escritor "único" cujo desaparecimento deixa "um enorme vazio".
No telegrama, Gallardón expressa "enorme pesar pela triste notícia" do falecimento do escritor português, afirmando que a sua obra "abriu os olhos a uma nova dimensão narrativa, desgarrada, íntegra e lúcida".

Referência luminosa

O presidente da Associação Portuguesa de Escritores, José Manuel Mendes, também se manifestou. "Perdemos não apenas o maior escritor português, mas uma referência luminosa de dignidade e grandeza à escala universal", disse, emocionado. As palavras do presidente foram sentidas. "Era o meu melhor amigo, porventura".
A escritora Lídia Jorge lamentou a morte de José Saramago, definindo-o como "um escritor genial" e também "um exemplo de coragem, pela sua coerência".
"Apesar de tudo acho que morreu feliz porque escreveu até ao fim da vida, entregando-se sempre com a mesma coragem ao ofício que escolheu, e acreditando piamente nas suas convicções", afirmou Lídia Jorge.
O reitor da Universidade Aberta, Carlos Reis, lamentou também a morte do escritor. "Obriga-nos ao lugar comum e o lugar comum é este: é um escritor que mudou a literatura portuguesa e é um escritor que pôs a literatura portuguesa na cena internacional", disse.

Figura indiscutivelmente maior

Também o escritor Mário Cláudio considerou Saramago "uma figura indiscutivelmente maior das nossas letras", classificando o seu desaparecimento como "triste e inesperado".
O escritor portuense afirmou que "Saramago vai durar o que durar a literatura portuguesa", e não deixou de relembrar a contribuição do escritor para a literatura portuguesa, afirmando que apesar da morte, "permanece o génio de Saramago".
O presidente da Fundação do Centro Cultural de Belém (CCB) António Mega Ferreira, considerou que a morte de José Saramago é uma "perda muito grande para a literatura portuguesa".
O encenador João Brites mostrou-se "abalado" com a morte do escritor José Saramago por o considerar uma "referência como homem, um cidadão lúcido, firme e capaz de provocar o nosso pensamento". Considerou que Saramago era um homem que "provocava a rotina" dos portugueses por ser "no sentido literário, artista maior".
A tradutora Margaret Jull Costa recebeu, com surpresa, a notícia da morte do escrito e manifestou-se "triste e privilegiada" por ter traduzido os livros do Prémio Nobel da Literatura 1998.
O ministro dos Assuntos Parlamentares, Jorge Lacão, também já reagiu à notícia da morte do escritor. "O desaparecimento de José Saramago representa uma perda para a Cultura portuguesa. O prémio Nobel da Literatura enche o país de orgulho e deu um contributo para o prestígio da língua portuguesa, não só em Portugal mas à escala universal".
"Desejo prestar à sua memória a homenagem que lhe é totalmente devida, em meu nome e em nome do Governo", concluiu.

Escritor marcante da segunda metade do século 20

A ex-ministra da Cultura, Isabel Pires de Lima considera José Saramago "um escritor marcante da segunda metade do século 20" e que conseguiu "um lugar muito particular na literatura portuguesa".
O presidente do Governo das Canárias, Paulino Rivero, considerou a notícia "absolutamente inesperada" pela forma como ocorreu. Acrescentou ainda que esta morte "significa uma grande perda para o mundo da cultura no arquipélago e no resto do mundo".
O líder parlamentar do Bloco de Esquerda, José Manuel Pureza, lembrou José Saramago como "um escritor sempre insubmisso" no estilo e nas causas que defendeu e um homem que "combateu a cegueira social".
Também José Eduardo Agualusa deixou a sua mensagem, ""foi muito importante para toda a literatura de Língua Portuguesa", pois a atribuição do Prémio Nobel "mudou a forma como a nossa língua passou a ser percebida em todo o mundo", declarou o escritor angolano.
O fadista Carlos de Carmo, que deu voz a poemas de José Saramago, afirmou que se sente "profundamente consternado", recordando o escritor como "uma pessoa de quem gosto genuinamente, e sinto-me profundamente consternado". "Estou bem mais pobre com a perda deste querido amigo", concluiu o fadista.
O ex-ministro Manuel Maria Carrilho recorda também o escritor, "era um homem controverso, como todas as grandes personalidades, mas cultivava uma proximidade discreta e secreta com Portugal".
O coordenador do grupo “Mais Saramago”, José Miguel Noras, afirmou que "a perda e a consternação são totais", mas sublinhou que "só morre quem não vence o esquecimento".
"Estamos muito magoados agora, muito tristes, mas Saramago continua a existir como o gigante que é da nossa cultura, da nossa literatura. É uma referência para nós", referiu José Miguel Noras.
A morte de José Saramago é "um momento de grande pesar e de grande perda para a literatura e a cultura portuguesa", considerou o escritor José Luís Peixoto. "Ele tem lugar assegurado nos grandes nomes da literatura de sempre", avaliou o escritor.
O escritor espanhol e Prémio Cervantes Juan Marsé recordou que sempre o uniram a José Saramago "bastantes ideias sobre a situação política e social". Lamentando a morte do Prémio Nobel, cuja notícia do falecimento o surpreendeu, Marsé destacou a faceta de "grande narrador" de Saramago.
A Academia Brasileira de Letras está de luto pela morte de José Saramago, afirmou Marcos Vilaça, membro da academia.
"É uma grande perda para a língua portuguesa. Estamos todos muito entristecidos. A Academia está enlutada", assinalou. Marcos Vilaça lamentou que José Saramago, eleito em Julho de 2009 sócio correspondente da ABL, não tivesse tomado posse.
A agente literária de José Saramago na Alemanha, Nicole Witt, lamenta a morte do escritor português, aos 87 anos, que tinha visitado ainda na semana passada em casa, considerando-a "uma grande perda pessoal, mas também para toda a humanidade".
A ministra da Cultura, Gabriela Canavilhas, manifestou pesar pela morte de Saramago, destacando que a obra do Nobel da Literatura português fica marcada pela "liberdade de pensamento".
"Foi um homem que afirmou a sua criação literária através da liberdade de pensamento", destacou a governante, que se encontra em Sintra a participar numa reunião de ministros da cultura da Comunidade de Países de Língua Portuguesa

“Merece homenagem de luto nacional”

O secretário geral do PCP, Jerónimo de Sousa, manifestou hoje "profundo pesar e enorme mágoa" pela morte de José Saramago, militante comunista desde 1969, e considerou que o escritor "merece a homenagem" do luto nacional.
Os reis Juan Carlos e Sofia, de Espanha, enviaram a Pilar del Rio, viúva de José Saramago, uma mensagem de pesar pela morte do escritor português, cujo corpo está em capela ardente em Tias, no arquipélago espanhol das Canárias.
Na mensagem, os reis classificam o Nobel da Literatura português como "um extraordinário escritor" que sempre esteve "profundamente vinculado a Espanha".
Numa declaração na sede do PCP em Lisboa, o líder comunista salientou que a morte de Saramago, hoje, aos 87 anos, "constitui uma perda irreparável para Portugal, para o povo português, para a cultura portuguesa".
O Partido Socialista Operário Espanhol manifestou hoje a sua mais "sincera e profunda tristeza" pela morte de José Saramago que classificou como uma "referência" para a família socialista, destacando as suas convicções e a defesa constante dos mais desfavorecidos.
Em comunicado, a direcção dos socialistas espanhóis recalcou que Saramago foi "um escritor único" tendo-se destacado pela sua "capacidade crítica e utópica, valores que transcendem a sua literatura".
A ministra da Educação disse ser uma "honra para Portugal ter um autor como José Saramago", que "em todo o mundo é conhecido, apreciado, estudado", considerando que a obra do escritor, hoje falecido, continuará sempre a ser lida.
A selecção de futebol de Portugal lamentou a morte do escritor português José Saramago, considerado "um dos grandes rostos da cultura lusa" por jogadores, técnicos e restante "staff" presentes no Mundial2010, na África do Sul.
Gilberto Madail, presidente da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), sublinhou que o prémio Nobel da Literatura em 1998 "engrandecia o país e levou o nome de Portugal a vários pontos do Mundo".

Prémios e outras distinções de José Saramago



Das distinções que José Saramago mereceu, sem dúvida que a mais significativa foi o Prémio Nobel da Literatura, em 1998.
Mas foram muitas mais as formas de reconhecimento da sua obra, em Portugal e no estrangeiro.

Portugal - Prémio da Associação de Críticos Portugueses; Prémio Cidade de Lisboa; Prémio Município de Lisboa; Prémio PEN Clube Português (por duas vezes); Prémio Literário Município de Lisboa, Prémio da Crítica; Prémio Dom Dinis, da Fundação Casa de Mateus; Grande Prémio de Romance e Novela, da Associação Portuguesa de Escritores; Prémio Vida Literária, da Associação Portuguesa de Escritores; Grande Prémio de Teatro, da Associação Portuguesa de Escritores; Prémio Consagração, da Sociedade Portuguesa de Autores; Prémio Luís de Camões.

Itália - Prémio Grinzane-Cavour (Alba); Prémio Internacional Ennio Flaiano (Pescara); Prémio Brancati (Zafferana); Prémio Internacional Mondello (Palermo); Prémio Scanno-Universidade Gabriele d'Annunzio (Chieti); Prémio Penne-Mosca (Penne).

Inglaterra - Prémio The Independent de Ficção Estrangeira (Londres).

Espanha - Prémio Rosalía de Castro (Vigo); Prémio Europeu de Comunicação Jordi Xifra Heras (Gerona); Prémio Canárias Internacional, 2001).

Foram ainda atribuídas a José Saramago as seguintes distinções honoríficas:

Portugal - Comendador da Ordem Militar de Santiago de Espada; Grande Colar da Ordem Militar de Santiago de Espada.

França - Cavaleiro da Ordem das Artes e Letras; Oficial da Legião de Honra.

Espanha - Grã-Cruz da Ordem «Ilhas Canárias».

Equador - Medalha Guayasamin-UNESCO; Medalha Rumiñahui; Grã-Cruz ao Mérito Cultural e Literário do Congresso Nacional; Grã-Cruz ao Mérito Educativo e Cultural «Juan Montalvo».

México - Medalha Isidro Fabela da Faculdade de Direito da UNAM.

José Saramago é doutor “honoris causa” pelas Universidades de Turim (Itália), Sevilha (espanha), de Manchester (Reino Unido), de Castilla-La Mancha (Espanha), de Brasília (Brasil), de Évora (Portugal), de Rio Grande do Sul (Brasil), de Minas Gerais (Brasil), de Las Palmas de Gran Canaria (Espanha), Politécnica de Valência (Espanha), Fluminense (Brasil), de Nottingham (Reino Unido), de Santa Catarina (Brasil), Michel de Montaigne – Bordéus (França), de Massachussets, Dartmouth (Estados Unidos da América), de Salamanca (Espanha), de Santiago (Chile), de la República del Uruguay (Uruguai), de Roma Tre (Itália), de Granada (Espanha), Carlos III (Espanha), Universitá per Stranieri di Siena (Itália), de Alberta (Canadá), Autónoma do Estado de México Toluca (México), de Tabasco (México), de Buenos Aires (Argentina), Charles-de-Gaulle – Lille 3 (França), de Alicante (Espanha), de Coimbra (Portugal), Autónoma de Madrid (Espanha), de El Salvador (São Salvador), Nacional (Heredia - Costa Rica), de Estocolmo (Suécia), Nacional de Irlanda (Dublin).

As obras de José Saramago



O escritor José Saramago deixou uma vasta obra literária, da poesia à prosa, passando pelo conto e pelas obras para teatro.
O último livro publicado, Caim, em 2009, abordou a religião, uma vez mais, de forma polémica. Comunista, Saramago nunca esqueceu as raízes alentejanas e pobres na escrita que deu ao Mundo. Obras de Saramago:

Conto

Objecto Quase (1978)
Poética dos Cinco Sentidos - O Ouvido (1979)
O Conto da Ilha Desconhecida (1997)
A Maior Flor do Mundo (2001)

Crónicas, Ensaios, Memórias

A Estátua e a Pedra (1966)
Deste Mundo e do Outro (1971)
A Bagagem do Viajante (1973)
As Opiniões que o DL teve (1974)
Os Apontamentos (1976)
Folhas Políticas – 1976-1998 (1999)
Discursos de Estocolmo (1999)
O Caderno (2009)
O Caderno 2 (2010)
Democracia y Universidad (2010)

Diário

Cadernos de Lanzarote I (1994)
Cadernos de Lanzarote II (1995)
Cadernos de Lanzarote III (1996)
Cadernos de Lanzarote IV (1997)
Cadernos de Lanzarote V (1998)

Poesia

Os Poemas Possíveis (1966)
Provavelmente Alegria (1970)
O Ano de 1993 (1975)
Romance
Terra do Pecado (1947)
Manual de Pintura e Caligrafia (1977)
Levantado do Chão (1980)
Memorial do Convento (1982)
O Ano da Morte de Ricardo Reis (1984)
A Jangada de Pedra (1986)
História do Cerco de Lisboa (1989)
O Evangelho Segundo Jesus Cristo (1991)
Ensaio sobre a Cegueira (1995)
Todos os Nomes (1997)
A Caverna (2000)
O Homem Duplicado (2002)
Ensaio Sobre a Lucidez (2004)
As Intermitências da Morte (2005)
A Viagem do Elefante (2008)
Caim (2009)

Teatro

A Noite (1979)
Que farei com este Livro? (1980)
A Segunda Vida de Francisco de Assis (1987)
In Nomine Dei (1993)
Don Giovanni ou O dissoluto absolvido (2005)

Viagem

Viagem a Portugal (1981)

Corpo de Saramago chega amanhã a Portugal



O escritor português José Saramago morreu hoje, sexta-feira. O corpo do Prémio Nobel da Literatura de 1998 está em câmara ardente na biblioteca da casa em que residia, na ilha espanhola de Lanzarote e será cremado, domingo, em Portugal, onde vão ficar as cinzas. O Governo está reunido para decretar luto nacional.
José Saramago faleceu cerca das 12.30 horas em Lanzarote, a mesma hora de Portugal continental, na casa em que residia, na localidade de Tias, na ilha espanhola de Lanzarote. O corpo do escritor está em câmara ardente precisamente na biblioteca da casa de Tias.
O primeiro-ministro, José Sócrates, convocou para as 20 horas de hoje, sexta-feira, uma reunião extraordinária do Conselho de Ministros para decretar luto nacional pela morte do escritor José Saramago.
Entretanto, a ministra da Cultura, Gabriela Canavilhas, partiu hoje, sexta-feira, às 19.45 horas do aeroporto de Figo Maduro, em Lisboa, a bordo de um avião militar C-295, para ir buscar o corpo do escritor José Saramago a Lanzarote, em representação do Governo português.
Gabriela Canavilhas, que será acompanhada por familiares próximos do escritor, incluindo a filha de José Saramago, deverá chegar a Lanzarote, Espanha, às 22.15 horas, disse à Lusa fonte governamental.
Os restos mortais de José Saramago serão transferidos, amanhã, sábado, para Portugal. Segundo informou a Fundação José Saramago, o avião do Estado português transportará o corpo para Lisboa, estando prevista a sua chegada ao aeroporto de Figo Maduro pelas 12.30 horas.
Dali, os restos fúnebres do escritor seguirão em cortejo para o salão nobre da Câmara Municipal de Lisboa. Aí permanecerá em câmara ardente desde as 13.30 horas até à meia-noite de amanhã, sábado, e das 9 às 12 horas, no domingo. Depois sairá para o Cemitério do Alto de São João, onde será cremado.
Depois das cerimónias fúnebres, em Lisboa, as cinzas ficam em Portugal, confirmaram responsáveis da Fundação José Saramago. Informações não confirmadas e divulgadas pela Agência Lusa apontavam a possibilidade das cinzas do escritor serem divididas, ficando uma parte na sua terra natal, Azinhaga, e outra junto a uma oliveira no jardim da sua casa em Tías (Lanzarote).
Segundo o comunicado que se pode ver na página da Fundação Saramago, o escritor morreu "em consequência de uma múltipla falha orgânica", após uma prolongada doença. "Morreu estando acompanhado pela sua família, despedindo-se de uma forma serena e tranquila", acrescenta o texto, em letras brancas, sobre fundo negro.
A comundiade de Lanzarote "chora a morte do seu filho adoptivo", desde 1997, e decretou já três dias de luto pelo falecimento do escritor, adiantou José Juan Cruz, que é alcaide de Tías.
Em entrevista à RTP, o editor de José Saramago, Zeferino Coelho, recordou que o Nobel da Literatura "estava doente há algum tempo, às vezes melhor outras vezes pior".
José Saramago nasceu na aldeia ribatejana de Azinhaga, concelho de Golegã, no dia 16 de Novembro de 1922, embora o registo oficial mencione o dia 18. Aos 87 anos, morreu o primeiro Nobel da Literatura português.
Aos três anos, foi com os pais para Lisboa, cidade em que viveu a maior parte da vida adulta. Fez apenas os estudos secundários (liceal e técnico).
Serralheiro mecânico, exerceu, depois, outras profissões, destacando-se as de editor, tradutor e jornalista.
Publicou o primeiro livro, um romance, "Terra do Pecado", em 1947, tendo estado depois sem publicar até 1966.
Em 1972 e 1973 fez parte da redacção do Jornal "Diário de Lisboa", como comentador político.
Pertenceu à primeira Direcção da Associação Portuguesa de Escritores.
Foi galardoado com o prémio Nobel da Literatura em 1998. Deixa uma vasta obra, da poesia, com que se iniciou, à prosa, que lhe valeu o reconhecimento da Academia Sueca. Foi agraciado, ainda, com inúmeras distinções e outros prémios.


quinta-feira, junho 17, 2010

Jerónimo de Sousa diz que PS "recua devagarinho" perante exigências do PSD




O secretário-geral do PCP acusou hoje, quinta-feira, o PS de "recuar devagarinho" perante as exigências do PSD e afirmou que socialistas e sociais democratas mentem e querem "rasgar a Constituição" para "eliminar direitos e conquistas sociais".
O líder comunista, Jerónimo de Sousa, falava na Baixa lisboeta, no final de um desfile promovido pelo PCP, que reuniu várias centenas de pessoas, num protesto contra as medidas de austeridade e "a política de direita".
"Com o capitalismo não há direitos perenes", avisou o secretário geral comunista, num discurso constantemente interrompido por vaias sempre que eram referidos o PS ou o PSD.
Para Jerónimo de Sousa, "sempre que a relação de forças lhes permite é vê-los a tentar liquidar os direitos para aumentar a exploração e para manter o sistema".
Se PS e PSD estão unidos "no objectivo de eliminar direitos e conquistas sociais", diferencia-os o ritmo: "O PSD quer tudo, rapidamente e em força, enquanto o PS, dizendo que resiste, recua devagarinho", sustentou Jerónimo de Sousa.
O líder comunista afirmou que PS e PSD "avançam novas medidas de retrocesso social" e estão "a apalpar terreno para, a pretexto da crise, apresentarem serviço aos grupos económicos, mexendo nas relações laborais" para permitir "despedir sem justa causa e impor a precariedade como lei universal", insistindo na acusação de que os dois partidos mentem aos portugueses.
PS e PSD "apresentam como novo aquilo que é velho e bafiento, mentem ao país", disse Jerónimo de Sousa, que deu um exemplo de uma dessas "falsidades".
"Veio o actual líder do PSD, com aquele ar de menino bem comportado, dizer que a aplicação da lei da selva, visa criar mais postos de trabalho e combater a precariedade. Que falsidade, camaradas", sublinhou, apontando a existência de "760 mil desempregados e mais de 1,2 milhões de precários".
Jerónimo de Sousa sublinhou que "a precariedade e o desemprego aumentaram" para justificar que "o problema não é a legislação laboral, mas esta política que visa rasgar a própria Constituição da República, que define os direitos dos trabalhadores como direitos fundamentais".
O secretário-geral comunista comentou ainda a reunião de hoje do Conselho da Europa, "onde Sócrates foi apresentar serviço".
"Mal vai o país em que os seus governantes, para sossegarem os interesses dos grupos económicos estrangeiros e das grandes potências, impõem sacrifícios ao seu próprio povo", criticou.
Jerónimo de Sousa deixou um apelo à luta dos trabalhadores, com um aviso: "Se não for o povo português a lutar por mais emprego, mais justiça social, pela produção nacional e pela nossa soberania, não será este Governo nem a União Europeia que o fará por nós", afirmou, prometendo a adesão do PCP ao protesto convocado pela CGTP para dia 8 de Julho.

Centenas de pessoas na baixa de Lisboa contra as políticas de austeridade



Algumas centenas de pessoas saíram hoje, quinta-feira, do Rossio pelas 18.30 horas para percorrer as ruas da Baixa lisboeta, num protesto convocado pelo PCP contra as políticas de austeridade do Governo, que os comunistas dizem representar "o roubo dos salários".
Os manifestantes começaram a concentrar-se pouco antes das 18 horas no Rossio, empunhando bandeiras do PCP, num desfile que está a ser liderado pelo secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, e por outros dirigentes do partido.
Os manifestantes gritam palavras de ordem como "o custo de vida aumenta, o povo não aguenta", "o país não se endireita com a política de direita" e "o PEC [Programa de Estabilidade e Crescimento] está mal, só interessa ao capital."
Um grupo de antigos trabalhadores da Portugal Telecom (PT), já reformados, decidiu juntar-se a este protesto por considerar que os cortes nas pensões "são piores do que ser roubado no autocarro".
Querem mostrar a sua indignação por estarem a receber menos nas suas pensões mas também para afirmarem a sua preocupação com os que "trabalham e também sofrem as consequências da política do Governo".
Aos 54 anos, Rita Medinas não consegue encontrar emprego há quase três anos: "Dizem que as pessoas não querem trabalhar mas é porque não vão ao terreno", afirmou a antiga administrativa, que diz receber o apoio mínimo do Estado, no valor de 419 euros.
Uma jovem membro da JCP -- que não quis identificar-se por recear que a sua filiação política seja mal entendida pelos patrões -- disse que "os grandes poderes económicos são os mais favorecidos" e que "o país está à beira da bancarrota" e, por isso, "as pessoas têm de vir para a rua protestar".
O aparato entusiasmou também um casal de turistas. Júlia, dos Estados Unidos da América, e Luca, do Brasil, afiram que, nos seus países, "desgraçadamente", não existe este tipo de mobilização.
Empunhando bandeiras vermelhas do PCP, os dois turistas mostraram-se solidários com o protesto dos manifestantes.
O desfile vai terminar na Rua Augusta, onde o secretário-geral do PCP vai discursar.

Dream On - “Um musical numa viagem ao Sonho” subiu ao palco no Casino Estoril

  O 10º aniversário, da Associação Palco da Tua Arte, foi assinalado com um espectáculo cujo o título foi Dream On – “Um musical...