
Literatura: Recuperado da doença
Dez anos após a atribuição do Nobel da Literatura a José Saramago, o seu novo livro, ‘A Viagem do Elefante’, foi ontem apresentado no Centro Cultural de Belém.
"Escrevi o meu livro mais divertido e, com isso, perdi a oportunidade de fazer da dor um grande romance. Neste caso, um grande conto", começou por avisar na conversa com Manuel Maria Carrilho e António Mega Ferreira.
O livro, cujos dados históricos cabem numa página, sendo o resto imaginação do autor, esteve para não acontecer. "Suspeito que não acabarei o livro, disse um dia à Pilar", recordou, referindo-se à doença que lhe interrompeu a prosa e, por pouco, a existência.
"Este livro salvou-lhe a vida", reforçou Carrilho, recordando a visita ao Hospital de Lanzarote, onde o autor esteve internado há um ano e a impressão que lhe causou a determinação do escritor sobre o homem doente.
"É estranho isto que acontece com os autores. Um tipo está ali quase a passar para o outro lado e só se preocupa em terminar a porcaria de um livro", recorda.
Ao contrário de Mega Ferreira, para quem este é um dos seus melhores livros, Saramago revelou o filho dilecto: "O mais mal amado dos meus livros, aquele de quem ninguém fala, ‘Todos os Nomes’, esse, sim, é um bom livro!"
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