Banca: Líder dos banqueiros afirma que o mercado estava distorcidoO líder da Associação Portuguesa de Bancos (APB), António de Sousa, veio ontem repetir o que a maior parte dos banqueiros portugueses já deixou claro: "As empresas vão ter de se habituar... Acabou o crédito fácil e barato".
Habitualmente parco em palavras, António de Sousa afirmou, em entrevista à Lusa, que 'não fazem sentido spreads de 0,25% ou 0,35%', um cenário que nos últimos anos só foi possível porque o mercado estava 'distorcido'. O líder dos banqueiros não tem dúvidas de que 'essa situação de crédito fácil e barato vai desaparecer', sublinhando que 'as empresas vão ter de voltar àquilo que sempre existiu', ou seja, ao panorama que existia antes de o mercado se ter tornado 'irracional'.
No entender do presidente da APB, perante o cenário de dificuldades que se avizinha, as empresas portuguesas deverão aumentar os capitais próprios, porque têm 'os níveis de capitalização mais baixos em todo o panorama europeu'.
Sobre a solidez da Banca portuguesa, António de Sousa fez questão de sublinhar que o sector 'está de boa saúde' e desvalorizou a necessidade de financiamento das instituições financeiras do País junto do Banco Central Europeu.
'Fala-se muito de Portugal, mas isso não é, neste momento, uma situação específica de Portugal. O montante que Portugal está a ir buscar ao BCE, em percentagem do PIB, é inferior aos de vários outros países. É uma situação que não é desejável, mas não é muito extraordinária', garantiu.
PORMENORESRENTABILIDADE
António de Sousa está preocupado com a baixa rentabilidade dos bancos portugueses, que torna mais fáceis cenários de consolidação.
PRIVATIZAÇÃO
Para o líder da APB, 'vai ser difícil, neste momento, com os mercados como estão' voltar a privatizar o BPN. O processo deverá, assim, sofrer atrasos.
BASILEIA III
O líder dos banqueiros está ainda apreensivo com a nova directiva europeia de requisitos de capital, Basileia III, que trará dificuldades à Banca.