terça-feira, agosto 31, 2010

Marcelo diz que não há democracia plena com tantas assimetrias

Aumentos na Função Pública



O Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado quer aumentos salariais iguais à inflação prevista pelo Governo. A proposta para 2011 é assinada pelo STE, da UGT, e por cinco sindicatos independentes e vai ser entregue hoje no Ministério das Finanças. Em sinal contrário surge a proposta da CGTP. A intersindical vai hoje mesmo vai pedir aumentos salarias de 3,5% para o próximo ano.

Manuel Alegre criticou silêncio de Cavaco Silva



Manuel Alegre considera que o projecto de revisão constitucional do PSD pode pôr em causa alguns dos direitos sociais consagrados na Constituição. Ontem à noite em Braga, o candidato presidencial criticou o silêncio de Cavaco Silva por causa do falso tabu que está a criar em torno da recandidatura.

Túnel para salvar mineiros chilenos começou a ser escavado



Começou a ser preparado o túnel por onde devem sair os 33 mineiros chilenos, presos há 26 dias. Uma escavadora já está a trabalhar no local, mas a operação de resgate vai demorar vários meses.

Jovens viajam no "Creoula"



Todos os anos, o "Creoula", realiza cruzeiros destinados aos jovens. O Objectivo é que os mais novos participem activamente no dia-a-dia a bordo de um grande veleiro. Esta manhã, partiram com destino a Ceuta 47 jovens. Uma viagem de 7 dias que promete muitas emoções mas também muito trabalho!

Quase 30.000 professores não conseguiram vaga



Quase 30 mil professores não conseguiram um lugar no concurso de colocação, segundo as contas dos dois principais sindicatos. A FENPROF considera que apesar do esforço, o ministério da educação não conseguiu baixar os níveis de colocação, uma realidade que se verifica há dois anos. A FNE estima que apenas 19 mil professores tenham sido colocados, a maioria porque renovou o vínculo conseguido o ano passado. A Federação Nacional de Educação vai exigir ao Governo a abertura de um concurso extraordinário já no próximo ano.

domingo, agosto 29, 2010

Reforma média em Portugal é 397 euros



Média das pensões da Segurança Social perto do limiar da pobreza

A média das pensões pagas pela Segurança Social nos primeiros seis meses do ano foi de 397,17 euros por mês, escreve este domingo o «Correio da Manhã» citando dados oficiais.
Este valor fica, assim, perto do limiar da pobreza, fixado em 2008 nos 354 euros.
O valor das pensões tem vindo a diminuir, com sucessivas revisões legislativas. Com as alterações agora introduzidas, Eugénio Rosa, economista e membro da CGTP, acredita que a pensão média sofra um corte de 40% a 50% até 2050, como disse ao «CM» referindo estudos da OCDE e do Banco de Portugal.
Em termos regionais, é em Bragança que as reformas são mais baixas: 293,60 euros. Do outro lado da balança está Lisboa com um valor médio de 716,94 euros.
Outro contraste, refere o jornal, verifica-se entre os sexos: os homens recebem, em média, uma pensão de 506,81 euros; já entre as mulheres, a reforma média é de 300,45 euros.
No primeiro semestre reformaram-se cerca de 18 mil pessoas, na sua maioria por falta de trabalho. No total, há 1,8 milhões de reformados, dos quais 53% são do sexo feminino.

Desbloquear telemóveis vai ser mais fácil a partir de amanhã



Operadoras passam a ser obrigadas a prestar este serviço gratuitamente após o período de fidelização


Desbloquear um telemóvel vai ser mais fácil e barato a partir da segunda-feira, dia em que entra em vigor a lei que obriga as operadoras a prestar este serviço gratuitamente no fim do período de fidelização.
O decreto-lei 56/2010, publicado a 1 de Junho, proíbe as operadoras de cobrar dinheiro para desbloquear os aparelhos quando termina o período de fidelização, que vincula os clientes a uma dada empresa, escreve a Lusa.
Ao mesmo tempo, as novas regras impõem limites aos valores cobrados para pôr fim a um contrato ou pedir o desbloqueamento durante esse período.
O período de fidelização tem um prazo máximo de 24 meses, sendo proibido cobrar valores superiores a 100 por cento do custo do equipamento nos primeiros seis meses, deduzidos do valor já pago pelo utente.

sábado, agosto 28, 2010

Mineiros chilenos fazem vídeo para as famílias que já recorreram à justiça



Cinco dos 33 mineiros que se encontram presos numa mina no Chile sofrem de depressão. As autoridades já anunciaram que vai ser feito o acompanhamento psiquiátrico à distância. As obras para escavar o poço , por onde devem ser retirados os homens arrancam dentro de 24 ou 48 horas. Passam já 23 dias desde que aconteceu o acidente. Um vídeo feito pelos próprios mineiros mostra a vida e organização 700 metros abaixo do solo.

Cavaco Silva não espera um cenário de crise politica



O Presidente da República está hoje de visita ao concelho de Ourique, onde vai receber a medalha de honra da vila. Aos jornalistas, Cavaco Silva afirmou que pela informação que possui não espera instabilidade política porque "todas as forças políticas estão muito conscientes da situação bastante difícil" que o país vive. Quanto a uma eventual recandidatura à Presidência da República, Cavaco Silva disse que "não é o tempo" para anunciar qualquer decisão.

FENPROF insiste que processo de avaliação dos professores gera constrangimentos



A Frenprof foi ao Ministério da Educação. Mais uma vez, para discutir a avaliação dos professores. E Mário Nogueira não saiu satisfeito. O dirigente da Frenprof reafirma que não concorda com o modelo em vigor. Defende que o actual modelo de avaliação, vai continuar a burocratizar a vida dos professores, e classifica-o como foco de conflito dentro das escolas.

Cem novas escolas vão ser inauguradas a cinco de Outubro



O primeiro-ministro anunciou que vão abrir 100 novas escolas, já em Outubro. O anúncio foi feito em Proença a Nova onde José Sócrates inaugurou a Estrada Nacional 135 que liga os concelhos de Oleiro a Proença a Nova.

Carlos Cruz diz que há nomes ligados a partidos no processo Casa Pia que não foram investigados



Carlos Cruz diz que há nomes que não foram investigados no processo Casa Pia e diz que vai revelá-los. Numa entrevista ao Jornal "i" , o ex-apresentador fala em pessoas ligadas a partidos, que não o PS, com poderes importantes na sociedade, e promete divulgá-los, em breve, no seu site, seja qual for a decisão deste processo.. A leitura do acórdão do processo Casa Pia está marcada para a próxima sexta-feira.

Carlos Cruz diz que vai revelar nomes de pessoas que não foram investigadas no processo Casa Pia



É já sexta-feira que vai se lida a sentença do processo Casa Pia. Em entrevista ao jornal i, Carlos Cruz diz que, seja qual for a decisão, vai revelar nomes de pessoas que nunca foram investigadas. O apresentador adianta apenas que são pessoas não ligadas ao PS, mas a outros partidos. Promete entregar no Tribunal Europeu dos Direitos do Homem um dossier muito completo onde vão constar o que diz serem "erros técnicos e falta de isenção da investigação".

quinta-feira, agosto 12, 2010

Visita aos embaixadores da Lomografia



Lomografia

Natalie Zwillinger é uma jovem israelita na casa dos trinta anos. Há algum tempo, sentiu necessidade de revisitar as memórias da sua família, judeus que testemunharam de perto a acção das tropas alemãs, antes e durante a II Guerra Mundial. A busca que então encetou levou-a a um ponto, incontornável: Auschwitz. Até Setembro, Natalie apresenta as imagens, que recolheu na cidade polaca e depois sobrepôs com outros registos, na Embaixada Lomográfica de Lisboa.


'Fui investigar alguma da história da minha família, na Polónia e República Checa, e fotografei vários rolos nos campos de concentração', diz Natalie. Mais tarde, reutilizou os registos dessa viagem ao passado e fotografou imagens de momentos em família, celebrações religiosas em Israel, momentos do quotidiano.

Nova casa para a Embaixada

O espaço da Galeria é uma novidade. Há dez anos em Portugal, a nova Embaixada foi inaugurada no início do mês de Julho, depois de se mudarem do Bairro Alto para o número 15 da Rua da Assunção, em plena Baixa da cidade.
As embaixadoras portuguesas da Sociedade Lomográfica são Ana de Almeida e Sónia Galiza. Foram elas quem importou o fenómeno de Londres, depois de tomarem contacto a experiência lomográfica, quando viviam e trabalham na capital inglesa.
Entrando neste universo, que começa a estabelecer-se como espaço de culto para cerca de '30 a 40 mil' adeptos no país, como avança Márcio Barcelos, da Embaixada de Lisboa, há uma pergunta que vai pedindo esclarecimento: para uma actividade que se quer descontraída e divertida, porquê estas designações tão formais?
'Em Viena existe muito peso aristocrático, e, em jeito de ironia, quem criou a Sociedade Lomográfica ? que também tem um nome com peso ? decidiu que as lojas e representações noutros países seriam Embaixadas', explica Márcio Barcelos.

Lomografia: entrar no universo

E, na prática, o que é a Lomografia? Natalie Zwilinger responde: 'Eu costumo dizer que a Lomografia é como a Fotografia, mas com máquinas baratas'. De facto, as Lomo que encontramos nas prateleiras da Embaixada variam entre os 40 e os 60 euros, para as máquinas mais simples. Há outras que ascendem aos 200 euros, mas para quem dê os primeiros passos na arte, as 'Diana' (nome de um dos equipamentos com maior saída) são mais que suficientes.
Depois, é só uma questão de jogar com as especificidades de cada rolo fotográfico, trocar lentes e, como diz Márcio Barcelos, 'experimentar, experimentar, experimentar'. 'A ideia das máquinas lomográficas é que a própria máquina assume a responsabilidade de dar um resultado interessante à fotografia sem que a pessoa tenha de pensar muito', continua.
Mas Natalie faz outra interpretação desta que é uma das dez regras (bastantes informais) do lomógrafo. Para a artista, que descobriu a Lomografia numa loja em Nova Iorque, um pouco por acaso, há cerca de 10 anos, o 'não penses' deve ser interpretado na medida em que esta actividade não exige um conhecimento de máquinas fotográficas, de exposição ou de rolos. De facto, adianta, '99.9% das vezes, eu estou com o olho no visor da máquina. Se vir algo de que não gosto, não disparo'.
No final de contas, e mesmo prestando alguma atenção às regras, o que importa mesmo é divertir-se enquanto se registam os quadros quotidianos mais variados.

A era do digital

Há um ponto crítico, quando se fala deste regresso ao passado da fotografia. Depois da massificação da fotografia digital, como levar a cada pessoa a que se limite a um número ínfimo de disparos? 'Eu não vou pedir a ninguém para deitar a [máquina] digital fora, até porque eu tenho uma'. Natalie complementa, dizendo que o que se pede é que, ao contrário de uma primeira interpretação da máxima que apela à não reflexão, quem fotografa deve olhar para aquilo que está à sua frente e questionar o interesse daquilo que vê.
Porque, pensando bem: o rolo não é infinito.

Os Beatles nasceram há 50 anos



12 de Agosto de 1960 (GALERIA)

Num clube em Liverpool um grupo de jovens músicos encontrava um novo baterista. E logo depois mudava de nome. A partir de então passaram a apresentar-se como The Beatles, partindo quatro dias depois para Hamburgo para uma primeira temporada intensa de concertos que acabaria por representar um importante passo para uma carreira que, mesmo assim, poucos ainda adivinhavam que os transformaria na maior banda de todos os tempos.


12 de Agosto de 1960. Há precisamente 50 anos uma banda de quatro rapazes procurava um baterista em Liverpool. O dono de um clube em Hamburgo (na Alemanha) tinha pedido a um promotor local que encontrasse uma nova banda para uma temporada no seu palco. John, Paul, George e Stuart eram os escolhidos. Mas para fazer as malas e partir faltava-lhes apenas um pequeno pormenor: um baterista.
Um concerto cancelado tinha deixado uma noite livre para os músicos dos Silver Beatles (como então se chamavam). E num clube viram então um jovem baterista a dar uso ao kit que tinha comprado recentemente. Chamava-se Pete Best e era filho da dona do Cashbah, bar onde os músicos já tinham tocado e para o qual tinham até pintado as paredes. "Ele conseguia manter a batida durante muito tempo, e por isso ficámos com ele", recordam as palavras de John Lennon no livro auto-biográfico Anthology. E, de facto, no fim da noite Pete Best estava oficialmente no grupo. A outra novidade chegava com o nome da banda, que passava então a apresentar-se numa versão mais curta: simplesmente, The Beatles.
A aventura tinha começado em Março de 1957 com os The Quar- rymen e com John Lennon então como principal força-motriz. Paul McCartney chegou em Outubro e George Harrison em Fevereiro de 1958, mais músicos passando ainda pela banda. Houve outros nomes pelo caminho, de Johnny and The Moondogs a The Beatals, mais tarde The Silver Beatles. Com um baixista encontrado em Stuart Sutcliffe e, agora, um novo baterista, os Beatles viviam o dia um da sua existência já com uma agenda internacional. A partida para Hamburgo estava a dias de distância.
Paul McCartney pediu autorização ao pai. O 'sim' veio com recomendações e a necessária assinatura. E assim, a 16 de Agosto, acotovelaram-se na carrinha de Alan Williams (o promotor local que lhes dera o contrato) que, como George Harrison recorda em Anthology, nem sequer tinha assentos, obrigando-os a sentarem-se em cima dos amplificadores.
Rumaram primeiro à Holanda e seguiram para a Alemanha, chegando fora de horas a Hamburgo. Os clubes estavam já fechados, ninguém ficara à sua espera. E estava na hora de dormir. O dono do clube que os havia contratado acabou por levá-los para sua casa e, como recorda George Harrison na mesma autobiografia, nessa primeira noite dormiram todos numa mesma cama.
No dia seguinte davam a sua primeira actuação no Indra Club, mas o conforto do seu dia-a-dia não melhorou muito significativamente durante essa primeira temporada que viveram no bairro da lanterna vermelha de Hamburgo, o mítico Reeperbahn. Dormiam na sala de projecção de um pequeno cinema. E tocavam em sessões quase contínuas de quatro horas e meia aos dias de semana e de seis horas nos fins de semana. Foram ao todo 48 actuações, numa residência que se estenderia até 3 de Outubro e que, por queixas de ruído, os levaria a seguir depois para outro clube ali ao lado, o Kaiserkeller. Em Novembro, George era deportado por ser menor. Pete e Paul partiriam pouco depois. Lennon regressaria só em Dezembro.
Vivendo sobretudo de versões de standards, a temporada em Hamburgo não só tinha revelado primeiros sinais do verdadeiro potencial do grupo, como representaria uma verdadeira escola de palco. E quem os ouviu, pouco depois, em Liverpool, sentiu certamente que a banda tinha mudado. A história começava a escrever o seu nome.

Transportes fazem disparar inflação



Preços

As famílias vão começar a sentir na carteira a retoma da economia. Em Julho, o cabaz de preços no consumidor aumentou 1,8% em relação ao mesmo mês do ano passado. É o maior agravamento desde Outubro de 2008.E até a taxa média de inflação, que serve de referência aos aumentos de salários da função pública, ficou a zeros, depois de vários meses negativa. É o ponto final nos ganhos reais no rendimento das famílias. Por detrás da escalada dos preços está o aumento dos custos dos transportes (+4,1%), decorrente dos ajustamentos nos valores dos passes sociais e do agravamento dos preços dos combustíveis nas 'bombas' portuguesas, justificado pelo boom do petróleo nos mercados internacionais. Mas também a subida das despesas de habitação, água, electricidade e gás (+5,1%), da Educação (+3,0%) e dos produtos alimentares (+1,6%), apesar de a maioria dos comerciantes ter afirmado que iria absorver a subida do IVA para 21%. A pressão inflacionista, de acordo com o relatório publicado ontem pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), foi apenas aliviada pela forte concorrência nas telecomunicações, que levou a um corte de 1,8% nos preços; e pela descida de 1,4% nos preços do vestuário e calçado, devido à sucessão de campanhas de descontos, promoções e saldos. Com tudo isto, o índice harmonizado de preços no consumidor (IHPC), que compara a inflação com os restantes países europeus, registou uma variação homóloga de 1,9%, contra 1,1% em Junho e bem acima da inflação média de 1,7% do conjunto da Zona Euro.

Diretor da BBC reduz salário em 20% para evitar greve



Crise

O director-geral da BBC, Mark Thompson, reduziu em 20 por cento o seu salário numa tentativa de evitar uma greve dos funcionários devido aos cortes previstos nos seus rendimentos, informa hoje o diário The Daily Telegraph.

Em conjunto com Mark Thompson, outros 30 elementos com cargos de direcção na emissora pública britânica renunciaram a parte dos seus salários, de acordo com o jornal.
No caso do director-geral da BBC, a redução será de 198 mil euros por ano (163 mil libras) de um total anual de aproximadamente um milhão de euros (838 mil libras).
O Sindicato britânico dos Jornalistas decidiu consultar os seus membros sobre uma possível greve de protesto na BBC devido ao plano da emissora de limitar os salários dos empregados para enfrentar um défice previsto de mais de dois milhões de euros.
A proposta da BBC consiste em limitar o crescimento dos salários em um por cento por ano, abaixo do previsível nível de inflação, o que os empregados qualificaram como "roubo".
Mark Thompson reuniu-se no mês passado com os líderes sindicais, com o objectivo de ambos encontrarem novas soluções para colmatar o défice.
Uma das soluções apontadas para minimizar o défice passa pela venda de activos como o Centro de Televisão ou a divisão de revistas da BBC Worldwide, bem como adiar a idade de reforma dos trabalhadores.

Jornalistas do Rádio Clube na ERC



Encontro

Grupo de jornalistas despedidos defenderam alterações à nova Lei da Rádio em encontro com a autoridade dos media.


Um grupo de jornalistas despedidos do Rádio Clube defenderam anteontem alterações à Lei da Rádio para evitar o esvaziamento da área da informação nas rádios portuguesas, num encontro com a Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC).
A reunião com a autoridade dos media surgiu na âmbito de um conjunto de contactos que tem vindo a ser feito na sequência da "descontinuação" do Rádio Clube e do despedimento de colaboradores da estação. Recorde--se que o Rádio Clube Português, do grupo Media Capital Rádio, cessou as emissões regulares a 11 de Julho, decisão que implicou o despedimento de 36 trabalhadores, dos quais 22 jornalistas.
José Mendes, jornalista do Rádio Clube, explicou que estes contactos visam sensibilizar as várias entidades para a necessidade de a Lei da Rádio - que em Setembro vai estar em discussão na especialidade na Assembleia da República - proteger os jornalistas de rádio, impedindo o esvaziamento da área da informação neste sector.
Segundo o jornalista, o processo actual do Rádio Clube, que irá mudar de nome para Star FM, é um pouco a consequência deste desaparecimento da informação, pelo que alerta para a necessidade de haver uma defesa da programação informativa nas rádios portuguesas.

Jornal da Uma - 12 Ago 10 - Parte II



Jornal da Uma - 12 Ago 10 - Parte II - TVI

Jornal da Uma - 12 Ago 10 - Parte I



Jornal da Uma - 12 Ago 10 - Parte I - TVI

Instituto de Meteorologia prevê uma nova subida da temperatura a partir de sexta-feira

Menos sal no pão: nova lei impõe limite máximo de 12 gramas de sal por quilograma

Pão português com menos sal desde hoje



O pão português passa a ter menos sal do que era habitual. Entrou hoje em vigor uma nova lei que impõe limites ao teor de sal no pão. O excesso pode dar multa até cinco mil euros.

Festival do Marisco em Olhão



Já começou o Festival do Marisco de Olhão. As mil e uma formas de cozinhar marisco estão em destaque nos próximos dias. A RTP foi conhecer a ementa.

quarta-feira, agosto 11, 2010

Gmail muda interface



E-mail

O Gmail mudou a sua interface, especialmente no que diz respeito aos contactos, que estão mais fáceis de organizar e passaram a ter um maior espaço para comentários.


A mudança que salta mais à vista está, porém, na mudança do link compose mail, que deslizou da barra cimeira para a parte lateral e se transformou num “botão”.
Atalhos de teclado, possibilidade de ordenar os contactos por apelido, novas etiquetas (com maior grau de personalização), possibilidade de se desfazerem as mudanças recentes e inclusão de notas num maior espaço de escrita são as alterações mais notórias sofridas pelo Gmail, o popular serviço de e-mail da Google.
Apesar de o Gmail já ter sofrido bastantes mudanças desde que foi lançado, em 2004, o interface dos contactos ainda não tinha sofrido mudanças de monta.

Inflação chegou aos 1,8 por cento em Julho



Dados do INE

A taxa de variação homóloga do Índice de Preços no Consumidor chegou aos 1,8 por cento em Julho, mais 0,6 pontos percentuais do que aquele que havia sido verificado no mês anterior. Trata-se da maior variação homóloga desde Outubro de 2008.

Este é, também, o sétimo avanço consecutivo para o qual contribuíram os aumentos de preços nos transportes (a única classe que, ainda assim, esteve abaixo da média dos três meses anteriores) da habitação, da água e da electricidade, gás e outros combustíveis e ainda dos produtos alimentares e bebidas não alcoólicas.
As contribuições negativas - ou seja, os produtos que ficaram mais baratos - verificaram-se nas classes de vestuário e calçado e das comunicações, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE).
Se forem excluídos a energia e os bens alimentares não transformados, a taxa de variação homóloga foi de 0,6 por cento, o que também corresponde a um acelerar da tendência de subida face ao mês anterior.

Ministério das Finanças diz que remunerações de gestores já são públicas



Tutela só vai enviar relatório à AR em 2011

O Ministério das Finanças afirmou hoje que a informação relativa à remuneração dos gestores públicos está publicamente disponível e que só é obrigado a enviar o relatório à Assembleia da República “a partir de 2011”.

O CDS-PP pediu terça-feira explicações ao ministro das Finanças do porquê de ainda não ter sido enviado ao Parlamento o relatório com as remunerações fixas e variáveis dos gestores públicos, prémios e regalias, uma proposta do partido aprovada e incluída no Orçamento do Estado deste ano.
O Ministério explica que o Governo “já promove a divulgação pública do estatuto remuneratório dos gestores públicos”, realizada através do portal do Sector Empresarial do Estado (SEE), na página na Internet da Direcção-Geral do Tesouro e Finanças (DGTF) e nas páginas na internet das respectivas empresas e nos seus respectivos Relatórios e Contas anuais.
“Adicionalmente, o Governo divulga publicamente as remunerações pagas aos gestores públicos através do Relatório Anual dos Princípios de Bom Governo”, explica o Ministério das Finanças, lembrando que o relatório referente a 2010 está também ele disponível no site da DGTF.
As Finanças consideram ainda que “o dever de envio do relatório só existe a partir de 2011” e que esta informação está disponível desde 2007, garantindo que irão enviar aos deputados “a informação que já se encontra publicamente acessível”.
O artigo 175º incluindo no Orçamento do Estado diz que “o Governo envia anualmente à Assembleia da República um relatório do qual constam as remunerações fixas, as remunerações variáveis, os prémios de gestão e outras regalias ou benefícios com carácter ou finalidade social ou inseridas no quadro geral das regalias aplicáveis aos demais colaboradores da empresa, dos titulares dos órgãos de gestão previstos no Decreto-Lei n.º 71/ 2007, de 27 de Março”.
O CDS-PP, através da deputada Cecília Meireles, pediu terça-feira explicações a Teixeira dos Santos sobre o relatório, afirmando que o “que faz sentido” é que “durante o ano parlamentar que decorre em 2010, e que já terminou, o Governo envie o relatório com estas remunerações”, ainda que “relativo a 2009”.
É “uma questão de cumprimento da lei”, frisou Cecília Meireles, defendendo que “obviamente que uma norma que está inscrita no Orçamento é para já ter sido cumprida” e adiantou que o CDS-PP vai questionar por escrito o ministro das Finanças sobre esta matéria.
A deputada recordou ainda que em Setembro, na próxima sessão legislativa, o parlamento vai começar a discutir o Orçamento de Estado para 2011 o que “não faz nenhum sentido” “sem que esta norma tenha sido cumprida”.

Narciso Miranda e mais de uma centena de militantes com ordem de expulsão do PS



Comissão Nacional de Jurisdição do Partido Socialista

Processo abrange todos os que se candidataram contra listas do partido nos distritos do Porto, Coimbra e Bragança.


Ordem de expulsão. Ao fim de 30 anos de militância, Narciso Miranda terá de abandonar as fileiras do PS, assim como mais de cem militantes que nas últimas eleições autárquicas encabeçaram ou integraram listas opositoras às do partido para assembleias de freguesia ou órgãos das câmaras municipais.
A deliberação foi votada pela Comissão Nacional de Jurisdição do PS, numa reunião que decorreu na quinta-feira da semana passada e que deu por concluídos os processos disciplinares instaurados pelas estruturas de jurisdição distrital do Porto, Coimbra e Bragança.
"Se isso aconteceu, é uma atitude kafkiana, para não dizer estalinista", reagiu Narciso Miranda, garantindo nunca "ter sido ouvido nem notificado para nada". E promete luta: "Se isso aconteceu, o passo seguinte é o recurso para os tribunais civis. Mas eu não acredito que seja verdade", declarou o ex-presidente da Câmara de Matosinhos. Ao que o PÚBLICO apurou, durante o processo de inquérito todos os militantes abrangidos por esta decisão receberam nota de culpa com prazos para apresentarem a sua defesa. As notificações foram sempre remetidas para as moradas constantes dos ficheiros do partido, mas Narciso alega que nunca as recebeu.
Em rota de colisão com o PS, que não acolheu a sua pretensão de se candidatar à presidência da autarquia matosinhense após o interregno de um mandato, Narciso Miranda decidiu desafiar obediências e candidatou-se à frente do movimento Matosinhos Sempre, acompanhado de dezenas de militantes socialistas. Perdeu para o militante socialista Guilherme Pinto, que ganhou um segundo mandato com maioria relativa. Narciso passou à oposição. O PÚBLICO apurou que, destes cem casos de expulsão, cerca de 80 são relativos a militantes da concelhia de Matosinhos.
Perante as notícias de que os órgãos jurisdicionais do PS-Porto iriam actuar para sancionar a rebeldia, Narciso Miranda insurgiu-se contra "purgas", exigia ser ouvido pelo presidente da Jurisdição Nacional e avisava que levaria o caso até às últimas consequências. Invocando o exemplo de Manuel Alegre, que se candidatou nas últimas presidenciais quando Mário Soares já tinha recebido o apoio oficial do PS, resumia a ameaça de sanções disciplinares a um "ajuste de contas" por parte do actual líder distrital do PS-Porto, Renato Sampaio. Confrontado ontem com a decisão da Comissão de Jurisdição, Sampaio não quis fazer qualquer comentário.
De acordo com os estatutos do PS, a pena de expulsão é a sanção disciplinar máxima, que só pode ser aplicada "por falta grave". Uma das situações previstas é "a que consiste em integrar ou apoiar expressamente listas contrárias à orientação definida pelos órgãos competentes do partido, inclusive nos actos eleitorais em que o PS não se faça representar". Foi o que aconteceu com Narciso Miranda e todos os outros militantes socialistas que integraram as várias listas (câmara e freguesias) que se candidataram pelo movimento Matosinhos Sempre. Além de Matosinhos, no distrito do Porto foram também expulsos militantes que se candidataram em listas independentes em Valongo e Marco de Canaveses.
Este tipo de situação não é, no entanto, novidade nas hostes do PS. Nos últimos anos, foram também expulsos vários militantes de Felgueiras que se candidataram nas listas do movimento Sempre Presente, de Fátima Felgueiras, que promoveu uma candidatura independente à Câmara de Felgueiras na sequência do processo Saco Azul e da sua fuga para o Brasil. Uns anos antes, também dezenas de militantes do PS de Vila Nova de Famalicão foram igualmente expulsos por idênticos motivos.

Provas no inquérito à maré negra deverão ser recolhidas pelos principais suspeitos



Golfo do México

As autoridades americanas responsáveis pelo inquérito às causas da maré negra no Golfo do México não têm os meios técnicos para recuperar as provas, a 1500 metros de profundidade. A missão deverá ser entregue aos principais suspeitos, entre eles a BP.


Em causa está a recolha das provas junto dos destroços da plataforma Deepwater Horizon, a 1500 metros de profundidade.
A empresa Transocean, que alugava a plataforma à BP, deverá assumir as operações de recuperação. Um porta-voz contactado pela AFP recusou dizer quando vão começar. A British Petroleum (BP) recusou dar informações sobre o assunto.
Os especialistas receiam que o processo de recuperação de destroços da plataforma possa perder-se em querelas jurídicas, uma vez que a BP, a Transocean e as outras empresas sub-contratadas são os principais suspeitos de responsabilidade na catástrofe.
Stephen Herman, advogado de Nova Orleães que representa centenas de queixosos contra a BP, não se mostra muito pessimista. “Normalmente, poderíamos recear ter a raposa a guardar a capoeira. Mas a BP será forçada a ser honesta pela Transocean, cujos interesses vão ao encontro dos seus”.
Além da BP e da Transocean, a Cameron International - que fabricou o sistema de segurança que deveria ter travado a fuga - e a Halliburton - que enviou uma equipa para cimentar o poço - deverão também participar nas operações. Acima de tudo interessa-lhes provar que não são responsáveis por aquilo que aconteceu.
Ontem, 77 queixas apresentadas contra a BP foram confiadas a um juiz único do Luisiana, o estado que mais sofreu com a maré negra. Mas, explica Martin Davies, professor de direito marítimo na Universidade de Tulane, se "a BP conseguir provar que houve negligência manifesta de qualquer uma das outras partes, poderá desembaraçar-se de uma parte de custos".
A BP poderá ainda ser processada por outras companhias petrolíferas que viram as suas actividades bloqueadas pela moratória de seis meses às explorações em alto mar, decretada pelas autoridades. Além disso, a maré negra poderá custar à BP até 17,6 mil milhões (13,3 mil milhões de euros) de multas.
O Governo americano está a conduzir um inquérito, que poderá acabar nos tribunais, sobre a origem da explosão da plataforma a 20 de Abril e do seu naufrágio, dois dias depois. Onze funcionários morreram no acidente e cerca de 4,9 milhões de barris de crude – representando 780 milhões de litros – escaparam para o oceano, até que a 15 de Julho foi colocada uma cúpula por cima da fuga.
Uma tempestade que se está a aproximar do Golfo do México vai adiar por dois ou três a perfuração dos poços de apoio pela BP, considerada o passo final para dar como concluído o processo definitivo de encerramento da fuga. O Centro Nacional americano de Furacões previu que uma tempestade tropical atravesse o local da fuga, no Golfo do México, antes de atingir o Luisiana amanhã.
Ontem, o Governo norte-americano reabriu 13.323 quilómetros quadrados de águas à pesca; actualmente 22 por cento das águas federais continuam encerradas.

Decretado o fim da pandemia da gripe A



Saúde

Portugal vai continuar a apostar na vacinação e na vigilância contínua do vírus H1N1.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) anunciou ontem o fim da pandemia de gripe A, responsável pela morte de mais de 18 mil pessoas em todo o mundo. No entanto, prevenção continua a ser a palavra de ordem. A OMS não exclui a possibilidade de se registarem mais casos de pessoas infectadas nos próximos anos e em Portugal as autoridades de saúde garantem que nada será alterado no que diz respeito à contenção do vírus.
Francisco George, director-geral da Saúde, disse ao PÚBLICO que, apesar de esta decisão da OMS já ser esperada, "faz sentido as pessoas continuarem a proteger-se", nomeadamente através dos serviços de vacinação, porque é expectável que "a estirpe continue a circular nas semanas frias do ano". Para prevenir uma nova propagação do vírus, o director-geral da Saúde garante que será criado um "novo impulso de vacinação a partir do Outono" e manter-se-á a gratuitidade das vacinas para os grupos de risco, já garantida pelo Ministério da Saúde. "Quem tem mais de 65 anos ou doenças crónicas deve fazer vacina sazonal trivalente, que inclui também este vírus", apela Francisco George, aconselhando também os restantes cidadãos a imunizarem-se em relação ao vírus H1N1.
Segundo Francisco George, foram contabilizados cerca de um milhão de casos de gripe A em Portugal, dos quais resultaram 124 mortos e 193 internamentos nos cuidados intensivos. Ainda segundo o mesmo responsável, a actividade do vírus verificou-se sobretudo entre Agosto de 2009 e Fevereiro de 2010, tendo sido Novembro o mês em que a estirpe atingiu a sua expressão máxima.
Os apelos das autoridades de saúde portuguesas seguem na mesma tónica do anúncio da OMS, que, apesar da decisão, garante que o vírus não se extinguiu. "O mundo não está mais na fase seis de alerta pandémico. Passámos para a fase pós-pandémica. O vírus H1N1 já cumpriu a quase totalidade do seu percurso", referiu a directora executiva da OMS. No entanto, Margaret Chan fez questão de sublinhar que o fim da pandemia não significa que o vírus tenha desaparecido e admitiu a possibilidade de virem a ser registados novos casos de gripe A nos próximos anos.

segunda-feira, agosto 09, 2010

Roteiro pela cidade de Lisboa



São tesouros que não estão escondidos, mas que muitas vezes passam despercebidos. A RTP foi à procura das preciosidades da cidade de Lisboa.

Alerta amarelo por causa do calor foi decretado em 11 distritos de Portugal



As temperaturas máximas superaram as previsões do Instituto de Meteorologia. Setúbal chegou aos 40 graus e Lisboa andou perto.

A origem da Broa de Avintes



A Broa diz-se de Avintes, mas há quem questione a origem do pão. Um antigo cônsul de Moçambique, no Porto, defende que o ingrediente essencial se chama Mikate e vem de África, mas não convence o Presidente da Confraria da Broa de Avintes.

Escola Marques de Pombal em Lisboa - Sic Radical



07 de Fevereiro de 2010

Entrevista a dois membros do Grupo de Teatro Animarte.
Sic Radical a mostrar lados positivos da Escola Marquês de Pombal em Lisboa.
COMENTEM!

Escola Secundária Marquês de Pombal - Reportagem TVI



09 de Fevereiro de 2009

Este vídeo pretende mostrar, os actos de vandalismo e as agressões, praticadas por alunos da Escola Secundária Marquês de Pombal.

Ministério dos Transportes garante pagamento a "muito curto prazo" de verbas relativas ao passe 4_18@escola.tp



O Ministério dos Transportes informou hoje que foi aprovado, a 29 de Julho, a "realização da despesa inerente" ao passe 4_18@e...


O Ministério dos Transportes informou hoje que foi aprovado, a 29 de Julho, a "realização da despesa inerente" ao passe 4_18@escola.tp pelo que o pagamento devido aos operadores acontecerá a "muito curto prazo".
Os operadores privados de transporte público de passageiros da Área Metropolitana de Lisboa (AML) ameaçam deixar de vender passes sociais, se o Estado não lhes pagasse os cerca de 15 milhões de euros em dívida.
Em atraso, revelou o presidente da Associação Nacional de Transportadores Rodoviários de Pesados de Passageiros (Antrop), está também o pagamento das compensações dos passes 4-18 e sub 23, criados há um e dois anos respectivamente pelo Governo, que são destinados aos estudantes, e cujo valor em dívida "ascende a 7,5 milhões de euros".
Em comunicado, a tutela acrescentou que quanto aos outros títulos de transporte (passes sociais e sub23@superior.tp) está, em conjunto com o ministério das Finanças, "a ultimar a formalização dos acordos que constituirão a base para a liquidação das compensações respectivas".
O MOPTC garante ainda ter mantido um diálogo com os operadores de transporte público, que "desde o início, demonstraram disponibilidade em aderir a estas medidas de apoio social".
"Face ao trabalho que está a ser desenvolvido, o Governo está em condições de assegurar o cumprimento do acordo com os operadores e ainda que os clientes do transporte público não serão afectados", lê-se no comunicado.
Luís Cabaço Martins, dirigente da Antrop, informou que ter seguido uma "carta de denúncia dos acordos e se nada for feito dentro de três meses estas empresas deixam de vender os passes sociais".
A Rodoviária de Lisboa, a Transportes Sul do Tejo, a Vimeca Transportes e a Scotturb Transportes Urbanos têm um acordo para receber anualmente um montante de 9,5 milhões de euros pelos passes multimodais de Lisboa, que, acrescentou, "desde 2008, o Governo não paga".

Jovens dos 18 aos 20 anos são os mais problemáticos



Portimão



Mulher foi assistida pelo INEM, após ser atingida com bola na zona cervical, pontapeada por homem irritado com jovens.

"Os adolescentes com 18/20 anos são os mais problemáticos quando jogam à bola na praia em zonas onde tal é proibido. Alguns nem ligam ao serem chamados à atenção pelo nadador-salvador, enquanto que outros pedem desculpa e acabam por se retirar."
Quem o diz, em declarações ao DN, é José Viegas, nadador-salvador na Praia da Rocha, em Portimão, lamentando a ocorrência de situações que já provocaram feridos entre outros utentes do areal. Foi o que ali sucedeu, há um ano, quando um grupo de jovens portugueses jogava à bola perto da água, "Um homem, já bastante irritado com a situação, pegou na bola quando esta chegou até junto dele e tentou pontapeá-la para longe. Por azar, a bola acabou por atingir a zona cervical de uma senhora, tendo sido necessária a intervenção de uma equipa do INEM, que a levou para o hospital. Já os donos da bola ficaram quietos, a assistir, como se nada fosse com eles", contou José Viegas.
O presidente da direcção da Associação dos Industriais de Concessões da Orla Marítima do Algarve, Francisco Barbosa, garantiu que jogar à bola afasta turistas de zonas balneares, concretamente nas praias dos Pescadores e do Inatel, no concelho de Abufeira.

Banhistas conhecem regras e perigos mas preferem ignorar



Praias

Polícia Marítima fica-se por repreensões a veraneantes mais teimosos e multas não são aplicadas. Nadadores-salvadores alertam, mas nem sempre são bem recebidos.


Os editais afixados à entrada das praias são claros quanto às regras de utilização das praias, assim como às coimas por incumprimento. Mas a pressa e a ânsia de estender a toalha na areia fazem com que, quase sempre, os banhistas sigam em frente. Até conhecem as regras e os perigos, mas preferem ignorá-los.
A praia do Baleal, Peniche, está por estes dias lotada. Portugueses e estrangeiros vêm de todo o País para desfrutar da areia branca e fina e do mar. Há sempre aqueles que procuram zonas mais calmas. Durante a maré vazia é possível caminhar para norte por entre as falésias e descobrir pequenas praias desertas. A oportunidade de ter uma praia "privada" e com sombra natural são aliciantes de peso, que tornam as placas com alertas sobre a instabilidade das falésias meros avisos.
"Por acaso hoje estou muito perto da arriba, mas porque a maré estava muito cheia quando cheguei", admite Inês Castanheira, 31 anos. A residente do Baleal acredita que apesar da proibição, ficar encostado às falésias continua a ser um fruto apetecido. "As mais perigosas são as pequenas covas que se formam na base, pois têm muita sombra."
Foi numa destas covas que, em 2005, um casal de espanhóis morreu quando parte de uma falésia ruiu na praia da Almagreira, a poucos quilómetros do Baleal.
"Mesmo sendo fora da área concessionada, nós vamos até lá e alertamos para a presença da placa. Quem quer sair sai", avisa o nadador-salvador apontando para uma jovem deitada em debaixo de uma arriba sinalizada. Diogo Magalhães, 25 anos, é um dos responsáveis por garantir a segurança dentro e fora de água naquela praia.
De apito na boca alerta os banhistas para não nadar e ficarem-se pela zona de banhos. Afinal hoje a bandeira é amarela. "Ontem um senhor foi com as crianças para água numa zona perigosa. Avisei-o, foi rude na resposta, mas saiu." Recorda o nadador-salvador que pouco depois teve de abordar o mesmo veraneante. "Trouxe o cão para a área concessionada da praia, o que não é permitido."
O homem reagiu com insultos e Diogo foi forçado a chamar a Polícia Marítima, a autoridade competente para gerir estas situações. Apesar de ser caso para coima, o banhista só "foi convidado a retirar-se."
Esta Meca para os amantes do bronze e do surf é conhecida pelas inúmeras escolas e surfhouses. Surfar em zonas de banhos dá multa, mas além de cumpridores, os surfistas até se revelam grandes ajudas quando alguém fica em apuros. "Nos salvamentos eles até conseguem chegar lá primeiro do que nós e dar uma ajuda."
Mais a sul, na praia da Areia Branca, Lourinhã, o areal está repleto de locais e turistas, alguns de bem longe. "Sou de Vila Real, mas vivo em França. Há mais de 20 anos que venho para aqui de férias. É a terra do meu marido", confessa Maria Helena Valeviga. A emigrante leva a sério os perigos do sol e aplica protector solar. Mas não faz o mesmo em relação às placas de perigo de desabamento da falésia. O chapéu azul de praia está a menos de três metros da falésia, que no Inverno de 2005 foi palco de uma derrocada. "À partida não haverá perigo."
Jogar à bola à beira-mar é um passatempo interdito nas áreas concessionadas e pode levar a uma multa que pode chegar aos 2500 euros. "A praia tem de ter alguma diversão. Deixamos jogar à bola, desde que não estejam a incomodar as outras pessoas", revela o nadador-salvador de serviço. Diogo Marques, 22 anos, vigia as praias há quatro épocas balneares, o jovem garante que quando avisados os banhistas têm poder de argumentação. "Reclamam 'se é proibido porque estão ali a jogar raquetas?' e nós temos de explicar--lhes que estão a incomodar quem está por perto."

Processos disciplinares a alunos aumentaram 15%



Indisciplina

No ano lectivo 2009/2010 foram abertos 17 629 processos nas escolas. Maioria acabou em suspensão. Pais e professores estão preocupados.


João (nome fictício) deixou cair as calças ao entrar na sala e foi assim até ao lugar. O episódio valeu-lhe quatro dias de suspensão. Tal como ele, houve mais 16 932 estudantes suspensos neste ano lectivo. Esta é a sanção mais aplicada aos alunos e tem vindo a aumentar nos últimos três anos, em que dispararam também os processos disciplinares.
Ao todo, no ano lectivo 2009/2010 foram abertos 17 629 processos disciplinares, representando um aumento de 15,4% em relação ao ano anterior. Um crescimento que preocupa as associações de pais e os sindicatos dos professores. Mas que o Ministério da Educação (ME) garante ser o resultado de "uma maior atenção e rigor nas escolas relativamente a estes fenómenos".
Os dados foram divulgados pelo ME ao grupo parlamentar do CDS-PP, que questionou a tutela em relação aos casos de violência e indisciplina registados nos últimos três anos nas escolas. Os números enviados confirmam, segundo o deputado José Manuel Rodrigues, que "a violência e a indisciplina aumentaram nas escolas".
Para as associações de pais, a subida do número de alunos na escola faz crescer os conflitos. "Há cada vez mais alunos, cada vez até mais tarde e com várias origens culturais. Estudos indicam que estes factores aumentam a conflitualidade", adianta Albino Almeida, presidente da Confap (Confederação Nacional das Associações de Pais). O dirigente acrescenta que, num universo de cerca de 1,6 milhões de alunos, o número de processos é o "esperado".
O tempo que os alunos passam na escola é considerado pela Confederação Nacional Independente de Pais e Encarregados de Educação (CNIPE), um factor que influencia o comportamento desviante dos jovens. "A escola não tem condições para disponibilizar actividades lúdicas, e os alunos passam cada vez mais horas fechados na salas de aula", diz Maria José Viseu.
Os sindicatos de professores entendem que os casos de indisciplina e violência estão ligados à perda de autoridade dos docentes. Até porque "cada vez mais as situações de indisciplina fazem parte do dia-a-dia das escolas e quase todas roçam a violência", sublinha o secretário-geral da Fenprof, Mário Nogueira. Faltam medidas de prevenção. "Além das medidas de punição para as situações de indisciplina, tem de haver um esforço para a criação de equipas de apoio", defende o líder da Federação Nacional da Educação (FNE), João Dias da Silva.
Tanto pais como professores esperam que o novo Estatuto do Aluno, aprovado recentemente no Parlamento, venha contribuir para a diminuição destes números. Mas não deixam de defender a introdução urgente das equipas de apoio ao aluno e à família, cuja implementação ficou de fora no novo Estatuto do Aluno.
João Sebastião, coordenador do Observatório da Segurança Escolar, explica que os processos disciplinares só aumentaram porque as escolas estão mais atentas. E exemplifica: "Antes, um pó branco na mala de um aluno implicava chamar a polícia para ver se era droga. A escola não abria processo disciplinar. Hoje isto dá direito a processo disciplinar."
Por isso, Manuel (nome fictício) não escapou a repreensão registada depois de ter rebentado uma bomba de mau cheiro na sala de aula. Os pais tiveram conhecimento do caso e o incumprimento ficou registado no currículo do estudante.

domingo, agosto 08, 2010

Pão: indústria pede fim de restrições às importações para suportar preços



Mais aumentos em cima da mesa

A Associação do Comércio e da Indústria de Panificação e Pastelaria (ACIP) apelou hoje ao Governo para que as restrições às importações sejam abertas, avisando que as empresas não conseguirão suportar novos aumentos da farinha.


Em declarações à agência Lusa, o presidente da ACIP, Carlos Santos, explicou que, à semelhança do que aconteceu em 2008, o Governo deveria "permitir que as importações de países como os EUA ou o Canadá" sejam permitidas, para se corrigir o mercado.
"Já se falam em novos aumentos e estes, a concretizarem-se, em mês e meio a farinha aumentará 50 por cento", avisou o responsável, referindo que as empresas "não estão em condições de suportar novos aumentos".
A associação já avisou que esta semana algumas empresas deverão aumentar o preço do pão, resultado da subida acumulada de 30 por cento no preço da farinha, depois de uma actualização feita no mês passado e de uma outra agendada para a próxima semana.
De acordo com Carlos Santos, alguns industriais já adiantaram que nos próximos dias irão actualizar as tabelas para os preços de 2008, altura em que o preço médio do pão chegou a sofrer um aumento entre os 25 e os 30 por cento, reagindo a uma duplicação do preço da farinha.
"Os últimos aumentos da principal matéria-prima justificam aumentos e que as empresas analisem as contas e verifiquem o que precisam de fazer", sublinhou o responsável, lembrando que Portugal importa 90 por cento de trigo, a principal matéria-prima usada na confecção do pão.
De acordo com a ACIP, o valor médio do pão ronda atualmente os 12 e os 17 cêntimos (40 a 45 gramas), sendo habituais no sector aumentos em unidades de 1 cêntimo, dependendo de cada empresa.
"Ninguém está preparado para os aumentos no pão. Além disso, os aumentos nos cereais não provocam apenas aumento no pão, mas também na carne [enquanto ração] e em outros alimentos", disse.
Na semana passada, o trigo atingiu o valor mais alto em 23 meses, no mesmo dia em que a Rússia, o terceiro maior produtor do mundo, decretou a proibição das exportações depois da pior seca do país nos últimos 50 anos.
Segundo o presidente da ACIP, "os empresários vão ter de ir analisando dia a dia, semana a semana, e ir actualizando as tabelas se for necessário".

Uma espécie de "Big Brother" da vida de José Saramago



Apresentação mundial de "José e Pilar" na Festa Literária Internacional de Paraty

"Não queria estar na pele da Pilar quando eu desaparecer, mas de toda a maneira vamos ficar perto um do outro, as minhas cinzas vão ficar debaixo da pedra do jardim", ouve-se José Saramago dizer no vídeo que o realizador português Miguel Gonçalves Mendes preparou para apresentar na 8ª Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), onde o escritor foi ontem à noite homenageado. "Medo? Não. A morte para mim é a diferença entre estar e já não estar." José Saramago, que morreu no dia 18 de Junho, vira-se para a câmara e diz: "Pilar, encontramo-nos noutro sítio" e apaga uma luz.


Os 40 minutos exibidos na Flip, com cenas que estão incluídas no documentário "José & Pilar" e outras que não estarão, fazem crer que Miguel Gonçalves Mendes quis fazer "um filme sobre a intimidade de duas pessoas extraordinárias", como notou o jornalista e escritor brasileiro Arthur Dapieve, que conduziu a conversa que se seguiu com o realizador que durante três anos filmou a vida do Prémio Nobel.
A Tenda dos Autores, um dos locais onde se realizam as sessões com os escritores e convidados da Flip, estava cheia. "Pilar, vou para casa", diz Saramago. E vai. Em seguida vê-se o escritor sentado à sua secretária na casa de Lanzarote, em Espanha, depois de ter colocado um disco de música clássica no leitor de CD. Olha para o computador, encosta-se para trás na cadeira como se estivesse a pensar, como se fosse difícil o processo de escrita. O espectador ainda não viu o ecrã. Ele pega no rato, clica: "Este para aqui e este para ali". De repente, o público que assiste ao desata às gargalhadas. Saramago não está a escrever um novo livro, José está a jogar paciências no computador. "Está ganho. As cartas fazem uma espécie de dança" e são boas para que afugentar o Alzheimer, diz. Pouco depois, Pilar aparece, tem que ligar alguma coisa na secretária onde o escritor está sentado, e ele, com ar de garoto maroto, dá-lhe uma palmada no rabo. Também os vemos de mão dada, à noite, sentados no sofá a ver televisão.
Assistimos à rotina do dia-a-dia, ao casamento, à entrega a Pilar das páginas que José Saramago vai escrevendo, e a seguir, vemos a espanhola a traduzi-los para castelhano. A determinada altura as vozes dos dois sobrepõem-se, lêem os mesmos excertos dos livros em línguas diferentes (português e castelhano).
Ao contrário de escritores que viveram a boémia, "a minha vida não tem qualquer espécie de interesse. Onde eu ponho as coisas que são verdadeiramente importantes é nos meus livros", afirma Saramago, lembrando que "o tempo aperta" e que quando o tempo aperta há um sentimento de urgência. Nos excertos de "José & Pilar", que ontem no Brasil foram apresentados mundialmente pela primeira vez (a estreia nos cinemas portugueses está marcada para Novembro, mas haverá uma apresentação a 14 de Outubro no DocLisboa), assistimos ao momento em que dentro de um avião, algures entre a Europa e a cidade brasileira de São Paulo, Saramago se vira para a mulher e lhe diz: "Tive uma ideia sobre Caim". Pilar, chama a hospedeira e pede: "Por favor uma cerveja, uma cerveja. Estou a ter um ataque de pânico." Bebe a cerveja de um trago. Saramago teve a ideia daquele que acabou por ser o seu último livro.

O documentário possível

Miguel Gonçalves Mendes, que é também o realizador do documentário “Autografia" sobre Mário Cesariny que recebeu o Prémio Melhor Documentário Português no DocLisboa 2004, tem mais de 230 horas filmadas. Fez uma primeira montagem do filme com seis horas e agora tem uma versão final de duas horas. "O que acabámos de ver", explica Miguel Gonçalves Mendes, "não tem a ver com o filme. O documentário não tem uma única entrevista. No filme Saramago não aparece como aqui a falar para a câmara. É mesmo só o dia-a-dia. Sem ser pejorativo, o filme é uma espécie de Big Brother da vida de José Saramago. Desde a ideia que ele teve para o livro «A Viagem do Elefante» (2008) até ao final, acompanhando uma fase muito má da vida dele que foi quando adoeceu." Mas, assegura, o filme apesar de triste é também muito optimista, passa por lá a "vontade de viver e de amar", sem “rodriguinhos”.
"Para dizer a verdade, não tenho o filme que queria. Precisava de mais seis meses de edição e não tenho dinheiro para o fazer. Já estou a montar há um ano e meio e portanto é uma loucura continuar a trabalhar” nele, afirmou Miguel Mendes. "José & Pilar" é co-produzido pela produtora 02, do realizador brasileiro Fernando Meirelles e pela produtora de Pedro Almodóvar, El Deseo. Apesar disso, Mendes, que também é um dos produtores do filme, disse na Flip que o filme foi muito caro, pois teve três anos de filmagens com viagens por várias partes do mundo. "Estou com dívidas de 100 mil euros e a reformular o empréstimo da minha casa. É assim, é a vida. Vivendo e aprendendo."O realizador teve a ideia para este projecto depois de ter filmado José Saramago para um documentário que fez sobre a relação de Portugal com a Galiza. Quando o autor de "O Evangelho Segundo Jesus Cristo" viu o documentário premiado de Miguel Mendes sobre o poeta e pintor surrealista Mário Cesariny, disse-lhe: "Ah, Miguel eu aceito que faças o documentário sobre mim. Tenho é medo de não ser tão interessante como o Cesariny."
O documentário "José & Pilar" termina com José Saramago a declarar a Pilar del Río que se tivesse morrido aos 63 anos, antes de a conhecer, teria morrido muito mais velho do que quando chegasse a sua hora. O único Prémio Nobel da Literatura português esperava "morrer lúcido e de olhos abertos". Pelo menos gostaria que fosse assim. E foi.

Fisco: Pilar del Río acusa entidades espanholas de perseguição política a Saramago



Nobel português pensou em pedir nacionalidade espanhola

A viúva de José Saramago, Pilar del Río, considera que a alegada dívida do Prémio Nobel da Literatura português ao Estado espanhol é "uma perseguição claramente política" por parte de entidades espanholas, fruto das posições públicas de José Saramago contra a guerra no Iraque. Em entrevista ao "Diário de Notícias" publicada hoje, Pilar del Río diz ainda que recusou várias vezes que o escritor pedisse a nacionalidade espanhola e anuncia que vai publicar o último texto em que Saramago trabalhava, o princípio de um livro.


"Pensámos em vários momentos conjuntamente. Ele, pedir a espanhola, e eu, a portuguesa. (...) Mas eu recusei sempre que ele pedisse a espanhola", diz a jornalista e presidenta da Fundação José Saramago. O motivo: "Porque ele é um símbolo de Portugal". Sobre o pedido de nacionalidade portuguesa, revelado pela primeira vez ao diário brasileiro "Globo" e confirmada ao PÚBLICO a 26 de Julho, a viúva do escritor reitera ao DN que a sua motivação foi "emocional. Sem razão. Creio que lhe devo [a José Saramago] isso, ponto."
Quanto à polémica com o fisco espanhol, Pilar del Río queixa-se de "insensibilidade dos meios de comunicação social" pelo timing e explica que José Saramago tentará já resolver o problema. "Saramago cumpriu civicamente com os seus deveres e, quando isto começou há dez anos, pediu auxílio ao Governo de Portugal, o primeiro-ministro de Portugal e o primeiro-ministro de Espanha disseram-lhe que estava resolvido". "Por outro lado, houve alguém dentro do fisco espanhol que teve muito empenho em que isto não estivesse resolvido", acusa.
Trata-de se um caso que remonta ao final dos anos 1990. Em Abril, um tribunal condenou o escritor a pagar os seus impostos em Espanha e não em Portugal, por entender que a sua residência fiscal se encontrava naquele país. Em causa está o pagamento de 717.651 euros ao fisco espanhol, referentes aos anos de 1997, 1998, 1999 e 2000, em que o escritor pagou os seus impostos em Portugal. Em 2008, o Tribunal Económico Administrativo Central espanhol entendeu que o escritor vivia permanentemente em Espanha (em Tías, Lanzarote) e que aí devia responder perante o fisco. É desde então que se arrasta este processo.
Pilar del Río considera que o facto de o caso não estar resolvido "foi uma perseguição claramente política", apontando o dedo a "alguém muito concreto de Espanha". "Todo este problema surgiu quando Saramago pegou na bandeira da guerra contra o Iraque; quando Saramago enfrentou o Governo dos Estados Unidos e também o de Espanha por causa dessa guerra".
Sobre a obra póstuma, a viúva do único Nobel da Literatura em língua portuguesa indica que o início de um livro (50 páginas) que Saramago tinha por terminar será publicado enquanto tal: "Não é um livro porque ainda não estava acabado. Não vamos enganar ninguém". O inédito "Clarabóia", cuja publicação foi vedada a um jovem Saramago, será também um dia editado, mas Pilar del Río não avança datas. "Não há pressa".
Pilar del Río estima ainda que a Fundação José Saramago, na Casa dos Bicos, em cujo jardim fronteiro repousarão as cinzas do escritor, esteja pronta em Junho de 2011, salvaguardando a data perante a complexidade das obras em curso.

Líderes políticos concentram "rentreés" no final de Agosto



O PSD dá o pontapé de saída no Pontal, embora o local seja Quarteira. O PS escolhe Matosinhos de triste memória. E o BE profere palestras em Braga. Os restantes partidos mantêm a tradição: o PCP abre a temporada no Seixal e o CDS-PP na Praça do Peixe, em Aveiro.
É já no próximo sábado que o PSD realiza a habitual Festa do Pontal que, nas palavras do seu organizador de sempre, Mendes Bota "volta a ser a festa da rentreé social-democrata". "Este líder apostou de novo na festa e vai abrir as hostilidades" no palco do calçadão de Quarteira, assinalou ao JN o líder da distrital do PSD/Algarve, que espera "muitas caras conhecidas", mas não adianta nomes, para não criar "casos", como em anos anteriores.
Com três mil lugares reservados para o jantar, Bota afirma que "já vai longe o tempo dos piqueniques cheios de pó, do chichi atrás dos pinheiros e do cheiro a sardinha assada", quando a festa se realizava na mata do Pontal, hoje urbanizada. E vão também longe os apertos financeiros de 1996, quando "o partido estava falido e foi o Marcelo que me deu do bolso dele cinco mil contos para a festa", recorda.
O dirigente disse ainda ao JN que é "na aliança entre as massas e a 'inteligentzia' que reside o sucesso, pois um partido só com cabeças pensantes, mas incapaz de sair à rua, também não vai longe, com se viu nas últimas eleições".
Algumas dessas "cabeças" do PSD estarão na Universidade de Verão, em Castelo de Vide, de 30 de Agosto a 4 de Setembro, que inclui cinco jantares-conferência protagonizados por portugueses com êxito no estrangeiro, Leonor Beleza, Alexandre Relvas e três independentes.
Os dois partidos mais à Esquerda do espectro político também não vão esperar por Setembro. O BE renovou a iniciativa dos comícios nocturnos no Algarve e realiza de 27 a 29 de Agosto, em Braga, o fórum de discussão "Socialismo 2010", com a presença de Francisco Louçã e do líder parlamentar, José Manuel Pureza. Na mesma linha, o PCP criou a caravana de Verão, que precede a Festa do "Avante!", de 3 a 5 de Setembro, no Seixal, onde se espera que Jerónimo de Sousa apresente, no comício de encerramento, o candidato do partido às presidenciais de Janeiro de 2011.
Tal como os comunistas, o CDS não abdica de fazer o comício de fim da tarde, dia 28, na Praça do Peixe, em Aveiro, depois dos workshops de formação em política para militantes.
Quanto ao PS, o Secretariado Nacional ainda não discutiu em pormenor a "rentreé". Porém, deverá ocorrer a 4 de Setembro, num comício com José Sócrates, em Matosinhos, cidade onde faleceu em Março de 2004, o então cabeça de lista às eleições europeias, Sousa Franco.

Livro inacabado "não é para fazer negócio"

Entrevista com Pilar del Río

Ainda há muito espólio literário para revelar?

Não.

Só o último livro que estava a escrever?

Sim. Mas não é um livro.

Não será publicado?

Sim, será publicado. Creio que é um texto maravilhoso, cheio de humor, com uma profundidade e uma carga que merece que seja publicado. Mas não é um livro porque não ainda estava acabado. Não vamos enganar ninguém.

É o princípio de um livro?

Claro, e ao qual os leitores têm direito. Como? Quando? De que maneira? Isso, logo veremos como acontecerá. E não é para fazer negócio.

Não há mais nada desconhecido na arca de Saramago?

O que havia não publicado viu-se na exposição A Consistência dos Sonhos. Não há mais, lamento. Saramago não era um autor que escrevesse e fosse metendo em gavetas para o futuro. Foi um autor tardio, e aquilo que escrevia ia publicando. Existe, sim, uma obra da juventude, de que já falámos mil vezes - Clarabóia - e da qual disse "não a quero ver publicada em vida". Mas como não proibiu que o fosse depois, assim irá acontecer um dia. Evidentemente, será como apresentado como uma obra de juventude, como o foi Terra do Pecado.

Quando se prevê essa publicação?

Ainda não houve tempo para se pensar no assunto.

Para este último "romance" já existe uma data de publicação?

Ainda não falámos com os editores nem com a agente literária. Não há pressa.

Quantas páginas tem?

Teria de as ter contado mas nem sequer as tenho numeradas no meu computador. Mas não serão muitas, cerca de 50.

Qual é o título?

...

José Saramago dizia sempre que a obra de um escritor nunca estava completa sem publicar as cartas dos leitores. Pensa editá-las?

Isso poderia ser um trabalho para cinco teses de doutoramento, pois a quantidade de cartas que lhe foram enviadas é impressionante. O que vai publicar-se imediatamente será uma recolha de alguns artigos que se escreveram em torno da sua morte. Será intitulado Palavras para Saramago e é uma selecção de artigos de colegas do meu marido, escritores de todo o mundo. Seria uma pena que por terem sido publicados em Espanha não os conheçam em Portugal e vice--versa. Ou porque foram publicados no México ou nos EUA não se conheçam aqui.

E ainda foram bastantes!

É que não eram textos de circunstância. Tomei essa decisão esta semana porque, pela primeira vez, fui capaz de começar a ler jornais e fiquei perplexa com algumas coisas que encontrei. Textos impressionantes, dos quais disse logo: "É preciso dar a conhecer isto."

Haverá alguma reunião de textos avulsos em livro?

Muitos desses textos - prólogos ou prefácios, por exemplo - estão publicados nos Cadernos de Lanzarote ou no Caderno de Saramago. Não tenho conhecimento de que haja uma grande quantidade de coisas por publicar.

Aumentou o interesse dos investigadores na consulta do espólio?

O material mais importante já estava na exposição, mas temos tido algumas solicitações.

A leitura da obra irá mudar agora?

Não…

Saramago era bem conhecido...

Há uma quantidade de livros sobre a obra de José, em muitos idiomas, e não creio que algum autor altere a sua percepção da obra por ele ter morrido. Também duvido muito que se inventem muitos mais temas desde o momento em que até se estudou o gerúndio na obra de Saramago. Há, no entanto, muitos trabalhos que desconhecemos porque não estão traduzidos - é o caso do Irão, onde existem vários - mas esse é o problema do trabalho universitário, porque é pouco divulgado fora da própria universidade.

Para onde irá a exposição A Consistência dos Sonhos?

Em princípio irá para Madrid e vai contar com novos elementos. Há muitos livros traduzidos no entretanto - e outros sobre Saramago que não estão em exposição - como é o caso de A Viagem do Elefante e de O Caderno, que teve uma crítica impressionante nos Estados Unidos e na Alemanha.

"A biblioteca de Lanzarote é a jangada de pedra para os EUA e África"

Entrevista com Pilar del Río

Falou-se em fazer os roteiros de Saramago na terra onde nasceu. Sempre avançam?

A mim parece-me muito bem a proposta, e gostava muito que tal acontecesse. Há um grupo que estava a fazer um levantamento e até já se tinha decidido onde colocar fragmentos das Pequenas Memórias em vários sítios da Azinhaga. E ao José essa proposta emocionou-o muito, mas ainda não avançou. Outro roteiro que acho muito interessante é o Caminho do Elefante, baseado no livro A Viagem do Elefante. Seria uma rota turística de primeira porque toda essa zona de Portugal tem um fio condutor magnífico e poderia servir como um veículo de desenvolvimento cultural.

Como seria o roteiro?

Começaria no Mosteiro dos Jerónimos, seguiria pela terra de Camões, Constância, e acabaria em Castelo Rodrigo. Podia estabelecer-se com este roteiro um veículo cultural muito importante entre as pessoas e as terras. Se eu fosse ministra do Turismo ou da Cultura, desde logo que o assumiria como um projecto misto de desenvolvimento cultural e turístico. A maior parte das pessoas não conhece a riqueza do interior de Portugal.

A biblioteca de Saramago em Lanzarote tem tido visitantes?

Ainda há dias estávamos a limpar os tapetes e chegaram uns portugueses a perguntar se podiam visitar. "Por Deus, estamos nas limpezas, é domingo à tarde", mas entraram! Há visitas de turistas marcadas e, diariamente, vêm bastantes visitantes.

O que significa esta biblioteca?

É a jangada de pedra que foi lançada da Península Ibérica até à América e à África. Há também um projecto do Estado para que não se perca o vínculo de Saramago com Espanha, que passa por Lanzarote. De momento, é apenas um projecto, mas pressuponho que esteja muito consistente.

Os pólos da Azinhaga e de Castril também vão manter actividades?

O da Azinhaga é lógico, mas o de Castril é mais pessoal, porque não há tanto o vínculo de Saramago mas sim da minha família. Têm o festival Sete Sóis e Sete Luas e no próximo dia 18 vão fazer uma homenagem com a inauguração do Centro Saramago, como estava planificado e sonhado há anos. Essa é outra das iniciativas onde eu deveria ir e estar porque estarão presentes todas as autoridades.

"Nunca deixei Saramago pedir a nacionalidade espanhola"



Entrevista com Pilar del Río

Cinquenta dias após a morte do Nobel, Pilar del Río abriu a porta da sua casa de Lanzarote para recordar o marido. Lembra o pequeno-almoço que ficou por tomar e conta que o escritor lhe prometera que o livro que estava a escrever seria o último. A partir daí, o tempo que lhe restava seria para viver a dois. Apesar das solicitações vindas de todo o mundo para celebrar Saramago, observa-se muita tristeza em Pilar e alguma dificuldade inicial em se abordar temas sobre o falecimento. Nos primeiros minutos, o nome de José nunca é pronunciado, e só pouco a pouco o faz. Só ficará igual a si mesma quando acusa o fisco espanhol de perseguição política.

Parece que está mais triste e sem a alegria com que a víamos...

Que não era assim tanta porque nos últimos anos não havia. Eu sabia o que estava a acontecer e estava a conter-me, era uma loba a defender o meu marido. Nos últimos anos fui uma loba e, agora, em algumas imagens noto e vejo até que ponto em tudo o que estava relacionado com o meu marido estava sempre tensa quando com outras pessoas. Porque era uma loba a defender a minha alcateia, que era o meu marido.

Tanto enquanto homem como enquanto escritor?

Tudo o que pudesse afectar o seu delicado estado de saúde. Ele queria tempo, e eu disse-lhe: "Vou facilitar-te a vida em tudo o que esteja ao alcance das minhas mãos para que tenhas tempo."

Ele estava consciente de que o fim estava para breve?

Não! Não sabíamos se ia durar mais ou menos. Eu pensava que podíamos ir no final deste Verão a Lisboa e acreditava absolutamente nisso. Mas nos últimos tempos ele teve um problema, de que não chegou a inteirar-se, e acelerou-se o final. Mas, na verdade, eu não contava que se fosse produzir tão rapidamente.

Doença para além da pneumonia?

Foi tudo consequência do mesmo. Não quero entrar em assuntos médicos, mas ao ter tido a pneumonia começaram a activar-se coisas que tinha desde que era criança. Na Península Ibérica nos anos 20 - e nos anos 30, 40 e até 50 - todos tínhamos uma série de problemas de saúde e, quando se activaram, para além da pneumonia, provocaram-lhe complicação atrás de complicação.

Chegou-se a falar de um cancro. É verdade?

Não, o que tinha era uma leucemia crónica. Mas essa foi uma doença com a qual ele viveu toda a vida e que lhe descobriram por acaso numa operação à vista. Mas era crónico e não tinha problema nem sequer tratamento.

Ele foi-se apercebendo da situação?

Ele… acreditou que podia ultrapassá-lo. Como ultrapassou uma vez, poderia ultrapassar a segunda.

Acreditou sempre?

Ele morreu a 18, mas no dia 14 de Junho, quando celebrámos o nosso aniversário [de casamento], disse: "Celebraremos outros 24." Até disse: "Celebraremos muitos mais." Já estava a começar a fazer exercícios para recuperar a massa muscular, porque se na vez anterior já a tinha recuperado também iria recuperá-la desta segunda vez. Só que eu sabia que desta segunda vez ele não iria recuperá-la.

Os portugueses ficaram muito espantados por ter pedido a nacionalidade. Qual foi mesmo a razão?

Emocional. Sem razão. Creio que lho devo isso, ponto.

E está a pensar viver mais tempo em Portugal?

Isso estava previsto desde que iniciámos a Fundação [José Saramago] e o nosso projecto era passar por ano, pelo menos, seis meses em Portugal. O que aconteceu é que pusemos em marcha a Fundação, mas a doença impediu--nos desse projecto.

Mas nunca pensara antes pedir a nacionalidade portuguesa?

Pensámos em vários momentos conjuntamente. Ele, pedir a espanhola, e eu, a portuguesa. Termos dupla nacionalidade os dois, mas eu recusei sempre que ele pedisse a espanhola.

Porquê?

Porque ele é um símbolo de Portugal e parecia-me que tinha de ser português a 100%, sem nenhum outro documento.

Acha que com a morte os portugueses vão olhar para José Saramago de outra forma?

Eu acredito que os portugueses olhavam muito bem para Saramago! Eu sei como o olhavam porque andava com ele pela rua. Quando fizemos A Viagem do Elefante, saímos de Lisboa, fomos a Constança, a Castelo Branco, e continuámos a subir até Figueira de Castelo Rodrigo, e bem vi como o acarinhavam! Quem não vai continuar a olhá-lo bem é quem já não o olhava antes. São três, quatro ou cinco pessoas que escrevem na comunicação social. Não são mais.

Não mudarão de opinião...

Não! Essas pessoas, que têm nome e apelido, vão continuar na mesma. Quanto ao resto das pessoas, que o olhavam bem e que gostavam de Saramago, pouco a pouco vão-se sentindo órfãos.

Designadamente muitos jovens que, aquando da morte, diziam que iriam passar a ler Saramago...

Esses foram os comentários. Uma coisa é o Saramago matéria de estudo - pesada - e outra é o homem rebelde e transgressor que nunca baixou a cabeça. Um homem com critério, mais jovem do que todos os jovens do mundo, trabalhando até à última hora, dinâmico e que enfrentava tudo. É um modelo para qualquer jovem - já o disseram; é o mais jovem de todos os escritores e o mais jovem de todos os jovens. Não há ninguém tão rebelde como Saramago. Rebelde contra Deus, contra a Igreja e contra o poder.

Muitos escritores quando morrem são esquecidos durante algum tempo. Será o caso de Saramago?

São esquecidos!… Entram é numa zona de sombra algum tempo após morrerem mas não imediatamente. Eu não sei se vai ser o caso ou não de Saramago, porque ele quebra todas as regras! Quebrou não frequentando a universidade; quebrou começando a escrever tão tarde e quebrou fazendo uma obra sem igual. Em qualquer caso, uma das missões que temos na Fundação é entrar nessa zona de sombra para resgatar os escritores que lá estão, como se fosse um purgatório. E estamos a fazê-lo com alguns nomes. Acabou de se publicar o livro de Rodrigues Miguéis e estamos a tentar que se republique toda a sua obra e o mesmo acontece com Jorge de Sena. Escritores que são de primeira linha e que não há direito que estejam esquecidos.

Essa foi, aliás, uma missão que José Saramago impôs nos últimos tempos.

É um objectivo da Fundação, resgatar a cultura portuguesa. É a nossa obrigação, não é um passatempo, entrar na zona de sombra daqueles nomes que são um valor e uma riqueza patrimonial.

Que outros nomes se seguem?

Agora lançámos um projecto com Almada Negreiros, que não está tanto na zona de sombra mas também sem o brilho devido, que é o livro Nome de Guerra. Queríamos começar com Escola do Paraíso, porque não está editado e ninguém consegue comprar esse livro, e estamos à procurar editor para ele. Há uma série de escritores que estavam já aprovados por José Saramago e sobre os quais estamos a trabalhar. Sempre escritores portugueses.

Quais serão as próximas iniciativas da Fundação José Saramago?

O último trimestre vai estar muito voltado para Saramago, porque há muitas homenagens em curso. Foi a Feira do Livro em Gua- dalajara, de Frankfurt, de Itália e do México, é na Biblioteca Nacional de Portugal… Só que, apesar de a Fundação não ser exclusivamente para José Saramago - para isso temos as editoras em todo o mundo -, entendemos que temos de estar atentos ao que se passa no mundo em torno da obra de Saramago.

A sua presença tem sido muito solicitada em eventos?

Sim, muitas vezes e todos os dias chegam pedidos. Evidentemente que é impossível poder assistir a todas as iniciativas mesmo que gostasse muito. Agora mesmo, em Paraty, vão fazer uma leitura ininterrupta da Jangada de Pedra e deveria ir ao Brasil, mas é impossível. É um exagero de convites e de energia mas, não podendo atender a todas as iniciativas, enviarei sempre uma mensagem. Estão a inaugurar bibliotecas com o nome de Saramago, põem o nome dele em praças e ruas! A mim, vão-me chegando as notícias pelos meios de comunicação porque nem sequer mo comunicam directamente.

Quando é que a Fundação vai abrir a sede em Lisboa? Em Junho de 2011?

Se calhar. É que as obras são muito complicadas porque encontram-se sempre mais vestígios arquitectónicos, o que obriga outros organismos a envolverem-se. De uma coisa estou certa: é que quando estivermos na Casa dos Bicos a Fundação vai ter outro tipo de visibilidade porque irá converter-se num centro de actividade cultural diária.

Pode adiantar o que se fará?

A Casa dos Bicos não será apenas aquilo que a Fundação Saramago organiza. Vai colocar à disposição de todos o espaço e haverá apresentações de livros, concertos e projecção de cinema político, entre muitas outras actividades. Nós oferecemos a Casa à comunidade para que seja um centro de actividade cultural diária e possa ser visitada diariamente.

Como será organizado o espaço?

A Casa dos Bicos tem cinco pisos. No primeiro, está o centro de interpretação arqueológica; no segundo, um centro de exposições permanentes de livros e assuntos relacionados com José Saramago; no terceiro piso, estará a Fundação propriamente dita; no quarto, será a biblioteca; e no quinto, ainda está por decidir.

Vai manter-se o gabinete que era para ser o do escritor?

Não, não somos mitómanos nem prestamos culto à personalidade.

Saramago ficou muito feliz com a cedência da Casa dos Bicos...

Por isso as suas cinzas irão ficar diante da Casa dos Bicos e por essa razão é que o arquitecto Manuel Vicente chorava desconsoladamente no sábado [do velório]. Dizia: "Eu vi os olhos de Saramago, iluminados, dizendo 'Vou ver o Tejo. Deste escritório vejo passar os barcos'. Foi aí, ouvindo Manuel Vicente, que pensei que Saramago teria de ficar ali e não noutro lugar. Não houve essa disputa pelo Panteão Nacional de que tanto se falou, porque ele tinha de ficar ali.

Se a questão do Panteão nunca se pôs para José Saramago, também a presença de Cavaco Silva no funeral foi uma falsa questão?

Quero deixar claro que Cavaco fez o que tinha a fazer.

Não ir foi o mais correcto?

Sim. Saramago e ele não tinham partilhado a vida e, por dignidade, muito menos teriam de partilhar esse momento final. Enviou as suas condolências e fez o que tinha a fazer. Eu não entrei nunca nessa polémica sobre se Cavaco teria de ir ou não porque me parece que aconteceu o que deveria.

Sempre pensa ir viver para Portugal em Setembro?

Volto. Vou ao Brasil, depois a Itália e aí parto para Portugal.

Mas está a pensar morar mesmo em Portugal?

Sim, sim.

Vai estabelecer em Lisboa a sua vida?

Sim.

Sentirá saudades de Lanzarote?

Vou sentir muitas saudades de Lanzarote... Mas vou voltar de vez em quando porque está cá [em Lanzarote] o espírito de Saramago. Foi aqui que criou o Ensaio sobre a Cegueira, Ensaio sobre a Lucidez, Todos os Nomes, a Caverna, as Intermitências da Morte e Caim e, por isso, este sítio não pode fechar-se. Está cheio de todas essas palavras, esses sussurros e ideias.

Como vai acabar a disputa com o fisco em Espanha?

Não sei no que vai dar! Saramago pagava onde tinha de pagar; como tinha de pagar; no momento em que tinha que pagar e o que tinha de pagar. Sem nenhuma engenharia financeira, sem nenhuma dedução por causa da Fundação, e fê-la com o seu dinheiro. Pôs os seus direitos de autor a pagar os ordenados das pessoas porque não era para ter vantagens. Porquê? Porque acreditou que poderia partilhar dessa maneira, e o que as finanças espanholas fizeram não tem nome.

Foi uma insensibilidade a questão ser anunciada após a morte?

Não, não. A insensibilidade foi dos meios de comunicação, porque isto aconteceu em Abril. A sentença já tinha saído mas publicaram--na no dia do funeral por alguma razão. Para nós não tem nenhuma interferência, porque Saramago cumpriu civicamente com os seus deveres e, quando isto começou há dez anos, pediu auxílio ao Governo de Portugal. O primeiro-ministro de Portugal e o primeiro-ministro de Espanha disseram-lhe que estava resolvido, e creio que ambos estavam convencidos de que assim era. Por outro lado, acredito que houve alguém dentro do fisco espanhol que teve muito empenho em que isto não estivesse resolvido.

Qual terá sido a razão?

Creio que foi uma perseguição claramente política. Quando o primeiro-ministro de Portugal e o primeiro-ministro de Espanha juntos disseram a Saramago que "isto está solucionado" é porque ambos acreditavam que estava. Mas desde logo alguém lhes estava a mentir. E foi aqui de Espanha, de alguém muito concreto de Espanha. Todo este problema surgiu quando Saramago pegou na bandeira da guerra contra o Iraque; quando Saramago enfrentou o Governo dos Estados Unidos e, também, o de Espanha por causa dessa guerra.

Quanto à herança de José Saramago, não há polémica?

Não!

Há um entendimento entre si e a filha, Violante.

Absoluto.

Fazem-lhe falta as polémicas que Saramago conseguia criar?

Não!

Consegue conviver com uma vida mais calma?

Saramago criava polémicas - criou-as inclusivamente depois de morto - mas a mim não me fazem assim tanta falta. Eu vivia--as porque estava ali e porque era a loba, insisto, mas não suspiro pelas polémicas. O meu marido era muito mais radical do que eu, que sou mais apaixonada. Mas ele, sim, era radical - então para a polémica - e entrava nelas com toda a força enquanto eu era muito mais apaziguadora. Ainda que pudesse parecer mais o contrário, era ele o radical.

O que é que lhe faltou fazer com José Saramago?

Nada...

Nada mesmo?

Sobrou-me uma coisa, o pequeno-almoço do dia em que morreu. Ele não queria comer mais e eu insisti: "Vá lá, José, acaba. Tens muitas células para alimentar." Só que eu não sabia que iria morrer uma hora depois. E obriguei-o… Insisti tanto que ele acabou docilmente a tomar o seu batido de frutas e o resto da refeição.

Como é a vida sem José Saramago?

É isto... (aponta para o vazio).

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