segunda-feira, agosto 09, 2010

Banhistas conhecem regras e perigos mas preferem ignorar



Praias

Polícia Marítima fica-se por repreensões a veraneantes mais teimosos e multas não são aplicadas. Nadadores-salvadores alertam, mas nem sempre são bem recebidos.


Os editais afixados à entrada das praias são claros quanto às regras de utilização das praias, assim como às coimas por incumprimento. Mas a pressa e a ânsia de estender a toalha na areia fazem com que, quase sempre, os banhistas sigam em frente. Até conhecem as regras e os perigos, mas preferem ignorá-los.
A praia do Baleal, Peniche, está por estes dias lotada. Portugueses e estrangeiros vêm de todo o País para desfrutar da areia branca e fina e do mar. Há sempre aqueles que procuram zonas mais calmas. Durante a maré vazia é possível caminhar para norte por entre as falésias e descobrir pequenas praias desertas. A oportunidade de ter uma praia "privada" e com sombra natural são aliciantes de peso, que tornam as placas com alertas sobre a instabilidade das falésias meros avisos.
"Por acaso hoje estou muito perto da arriba, mas porque a maré estava muito cheia quando cheguei", admite Inês Castanheira, 31 anos. A residente do Baleal acredita que apesar da proibição, ficar encostado às falésias continua a ser um fruto apetecido. "As mais perigosas são as pequenas covas que se formam na base, pois têm muita sombra."
Foi numa destas covas que, em 2005, um casal de espanhóis morreu quando parte de uma falésia ruiu na praia da Almagreira, a poucos quilómetros do Baleal.
"Mesmo sendo fora da área concessionada, nós vamos até lá e alertamos para a presença da placa. Quem quer sair sai", avisa o nadador-salvador apontando para uma jovem deitada em debaixo de uma arriba sinalizada. Diogo Magalhães, 25 anos, é um dos responsáveis por garantir a segurança dentro e fora de água naquela praia.
De apito na boca alerta os banhistas para não nadar e ficarem-se pela zona de banhos. Afinal hoje a bandeira é amarela. "Ontem um senhor foi com as crianças para água numa zona perigosa. Avisei-o, foi rude na resposta, mas saiu." Recorda o nadador-salvador que pouco depois teve de abordar o mesmo veraneante. "Trouxe o cão para a área concessionada da praia, o que não é permitido."
O homem reagiu com insultos e Diogo foi forçado a chamar a Polícia Marítima, a autoridade competente para gerir estas situações. Apesar de ser caso para coima, o banhista só "foi convidado a retirar-se."
Esta Meca para os amantes do bronze e do surf é conhecida pelas inúmeras escolas e surfhouses. Surfar em zonas de banhos dá multa, mas além de cumpridores, os surfistas até se revelam grandes ajudas quando alguém fica em apuros. "Nos salvamentos eles até conseguem chegar lá primeiro do que nós e dar uma ajuda."
Mais a sul, na praia da Areia Branca, Lourinhã, o areal está repleto de locais e turistas, alguns de bem longe. "Sou de Vila Real, mas vivo em França. Há mais de 20 anos que venho para aqui de férias. É a terra do meu marido", confessa Maria Helena Valeviga. A emigrante leva a sério os perigos do sol e aplica protector solar. Mas não faz o mesmo em relação às placas de perigo de desabamento da falésia. O chapéu azul de praia está a menos de três metros da falésia, que no Inverno de 2005 foi palco de uma derrocada. "À partida não haverá perigo."
Jogar à bola à beira-mar é um passatempo interdito nas áreas concessionadas e pode levar a uma multa que pode chegar aos 2500 euros. "A praia tem de ter alguma diversão. Deixamos jogar à bola, desde que não estejam a incomodar as outras pessoas", revela o nadador-salvador de serviço. Diogo Marques, 22 anos, vigia as praias há quatro épocas balneares, o jovem garante que quando avisados os banhistas têm poder de argumentação. "Reclamam 'se é proibido porque estão ali a jogar raquetas?' e nós temos de explicar--lhes que estão a incomodar quem está por perto."

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