Portagens nas SCUT do Norte rendem 120 e 150 milhões de euros por ano

SCUT Norte Litoral, Grande Porto e Costa de Prata permitirão um encaixe financeiro, este ano, entre 60 a 75 milhões.
As contas são do secretário de Estado das Obras Públicas e Comunicações, Paulo Campos, que no início do mês adiantou que o Estado prevê arrecadar uma receita entre 120 e 150 milhões de euros por ano com a introdução de portagens nestas três SCUT.
"As estradas sem custos para o utilizador custam neste momento ao Estado cerca de 600 a 700 milhões de euros por ano", disse, ontem, o ministro das Obras Públicas, António Mendonça.
Tendo em conta que as portagens nas actuais SCUT A29, A28, A41 e A42 só começarão a ser cobradas em Julho e segundo as estimativas do Governo, este ano deverão entrar nos cofres do Estado entre 60 a 75 milhões de euros.
O Governo fixou em oito cêntimos por quilómetro o valor de referência a cobrar nas autoestradas sem custos para o utilizador (SCUT) do Norte Litoral, Grande Porto e Costa de Prata, preço igual às autoestradas já com portagem.
A partir do próximo dia 1 de Julho, circular nos troços com portagem da Norte Litoral vai custar 4,05 euros, na Grande Porto 4,15 euros e na Costa de Prata 6,50 euros.
Em 2009, o tráfego médio diário anual nas três SCUT em que o Governo pretende introduzir portagens aumentou em comparação com o ano anterior, segundo dados da Estradas de Portugal.
Pela SCUT Costa de Prata passaram no ano passado, em média, 43112 automóveis, um aumento de cinco por cento em relação a 2008.
Na SCUT Grande Porto circularam, em média, 40424 veículos, mais 2563 (6,8%) do que em 2008.
Já a SCUT Norte Litoral registou um aumento do tráfego médio diário anual de 3,4% em 2009, para 33767 veículos.
O Governo pretende introduzir portagens nas outras quatro SCUT - Interior Norte, Beiras Litoral e Alta, Beira Interior e Algarve -, tendo anunciado que o estudo para aferir das condições para introdução de portagens nestas vias estará concluído este ano.
"O Governo tem em curso a avaliação a outras SCUT e, a partir do momento em que esses critérios sejam preenchidos, naturalmente que também as portagens serão aí introduzidas", disse António Mendonça.
Amanhã, quinta-feira, irão a votação na Assembleia da República propostas de revogação relativa à introdução dos DEM - mais conhecidos por chips - nas matrículas dos veículos.

Norte "revolta-se" contra portagens nas SCUT

No dia de mais um buzinão contra as portagens nas SCUT – agora reforçado com vuvuzelas – as palavras de Rui Rio continuaram a ecoar, com expressões de apoio e outras de repúdio, quando disse que as pessoas do Norte estão "à beira de se poderem revoltar".
Enquanto Luís Filipe Meneses, presidente social-democrata da Câmara de Gaia, rejeitava o cenário de revolta popular nortenha invocado por Rui Rio, dizendo que "o tempo da Maria da Fonte já lá vai há muito", o bispo do Porto, Manuel Clemente, assumiu que se deveria olhar com "redobrada atenção" a advertência deixada na véspera pelo presidente da Junta Metropolitana do Porto: "Uma pessoa com a responsabilidade e com a inteligência do dr. Rui Rio não fazia uma afirmação dessas de ânimo leve".
Já o presidente da Associação Comercial do Porto, Rui Moreira, acentuou a frase de Rui Rio para dramatizar um pouco mais e avisar que o "sentimento de revolta no Norte" vai "acabar mal de certeza absoluta".
Para pôr água na fervura, Carlos Lage, presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDRN), considerou que Rui Rio foi longe de mais: "O sentimento de falta de respeito pelas pessoas que vivem no norte litoral - embora não fosse a posição do Governo, mas foi assim que foi interpretada por muitos cidadãos - acaba por ter uma formulação mas expressões algo exageradas de Rui Rio". No entanto, Lage concorda com a posição dos sociais-democratas que têm defendido que o Governo deveria aplicar portagens em todo o país e não ser discriminatório.
A favor do presidente da Câmara do Porto estava também ontem Francisco Araújo, presidente do Conselho Regional do Norte, defendendo que expressou um "sentimento que perpassa ao nível da região Norte".
O socialista Guilherme Pinto, presidente da Câmara de Matosinhos, sugeriu que "o Governo deve anunciar quando serão portajadas as restantes", acalmando assim "o sentimento de injustiça existente". Ainda assim, reconheceu ter sido um "erro" a introdução de um pórtico de portagens dentro do município, separando duas freguesias (S. Mamede de Infesta e Leça do Balio) da sede do concelho e obrigando os residentes a pagarem portagem para se deslocarem à câmara.
Parte da revolta já foi manifestada ontem nas ruas, com o buzinão promovido pelas comissões de utentes contra a introdução de portagens nas SCUT A28, A29, A41 e A42, na rotunda da AEP, no Porto, tendo começado por volta das 18 horas e demorado cerca de hora e meia. Desta vez, além de buzinas, cartazes, panfletos e tarjas, surgiram as tão na moda vuvuzelas, que assim ajudaram a elevar o tom do protesto.

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