sábado, julho 31, 2010

ERC defende Governo



Regulador dos Media diz que fim do ‘Jornal de 6.ª’, da TVI, é da responsabilidade da administração da Media Capital

Conselheiro Luís Gonçalves da Silva contra deliberação do restante Conselho, por considerar que há indícios de interferência do poder político na suspensão do noticiário a 3 de Setembro. Deliberação da ERC imputa culpas à administração da Media Capital, que detém a TVI.


Nove meses depois da abertura do processo de alegada ingerência política e económica na suspensão do ‘Jornal de 6ª’, da TVI, e após alguns diferendos entre membros do Conselho, Regulador delibera, com um voto contra, não haver prova de que o Governo pôs fim ao noticiário apresentado por Manuela Moura Guedes.
O conselheiro Luís Gonçalves da Silva votou contra a deliberação por entender que houve “indícios de interferência política na suspensão do ‘Jornal Nacional de Sexta’".
Mas os quatro restantes membros da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) consideraram que “não ficou demonstrado que a decisão da TVI de suspender o referido bloco noticioso tenha sido determinada por interferências políticas”, mas sim por influência dos administradores da Media Capital.
Luís Gonçalves da Silva alerta ainda para o facto de o Conselho não ter ouvido, por exemplo, "o Primeiro-Ministro - impedindo, aliás, o contraditório -, nem outras testemunhas relevantes, tais como Paulo Penedos, Rui Pedro Soares, Armando vara, Soares Carneiro e Zeinal Bava".
Fizeram ainda declarações de voto a conselheira Estrela Serrano e o vice-presidente da ERC Elísio de Oliveira.
Recorde-se que o presidente do Regulador, Azeredo Lopes, absteve-se aquando da abertura deste processo, a 13 de Outubro, e Estrela Serrano votou contra, sendo que ambos nunca assistiram às audições levadas a cabo no âmbito do processo.

Eduardo Cintra Torres: RTP perde processo




O terceiro processo da RTP contra o crítico de televisão chegou ao fim com a sua absolvição. Em causa estava um artigo de Cintra Torres sobre a cobertura dos incêndios florestais. O Tribunal considerou que actuou no “interesse legítimo de informar e criticar.”

Incêndio destrói cenários da NexTV



Grelha de emissão mantém-se como prevista

Um incêndio que deflagrou esta quinta-feira de madrugada na produtora de conteúdos televisivos NexTV, no Porto, provocou “estragos avultados” mas não impediu de prosseguir a grelha de emissão estipulada.


Segundo a agência Lusa, os prejuízos ainda não estão contabilizados, mas sabe-se que os “estragos são avultados”.
O relações públicas da empresa garantiu que “está tudo a funcionar”, embora o fogo tenha consumido grande “parte dos cenários”.
A produtora detém os canais RTV (Regiões TV), mvmTV (música, vídeo e moda) e Música Brasil TV.
Os bombeiros receberam o alerta por volta das 02h00 e as causas do incêndio tudo indicam que tenham tido origem num foco de luz acesso ou num curto circuito.

Eduardo Cintra Torres absolvido no processo da RTP



Artigo sobre alegadas censuras na cobertura dos incêndios

O crítico de televisão Eduardo Cintra Torres foi absolvido no processo interposto pela RTP em 2006 devido a um artigo em que afirma que o gabinete do primeiro-ministro deu instruções à estação para censurar a cobertura dos incêndios.


A 20 de Agosto de 2006, o jornal 'Público' publicou um artigo, intitulado ‘Como se Faz Censura em Portugal’ em que Eduardo Cintra Torras dizia ter informações que “indicam que o gabinete do primeiro-ministro deu instruções directas à RTP para se fazer censura na cobertura dos incêndios: são ordens directas do gabinete do Sócrates”.
Na sequência desta publicação, a RTP apresentou uma queixa-crime contra o jornal 'Público', o director do título e contra Cintra Torres.
Em 2007, o tribunal arquivou o processo mas a RTP recorreu. O julgamento terminou agora com a absolvição de Cintra Torres, podendo a estação televisiva ainda recorrer.
Segundo Eduardo Cintra Torres, a sentença é “uma excelente peça a favor da liberdade e do dever de informar e criticar e um aviso aos que pretendem usar a justiça para calar a opinião livre e a investigação independente dos factos”.
Existem ainda mais dois processos da RTP contra Cintra Torres que já foram arquivados.

sexta-feira, julho 30, 2010

Um adeus a António Feio: Actor de talento e coragem



Actor sucumbe ao cancro no pâncreas, aos 55 anos

A consternação foi geral: António Feio, soube-se em Março de 2009, estava em cena o espectáculo ‘A Verdadeira Treta’, sofria de cancro no pâncreas. Temeu-se o pior – e o pior aconteceu.


Terminou às 23h25 de ontem, precocemente, uma das mais brilhantes carreiras do teatro português. Desaparece, com 55 anos, um homem que o público se habituou a respeitar. António Feio, internado de urgência na quarta-feira no Hospital da Luz - onde teve ontem duas paragens cardiorespiratórias durante a manhã - acabou por sucumbir à doença que o afligia há ano e meio.
Para a história ficará a memória de um artista de talento que fez rir milhões, sobretudo nas últimas duas décadas, em que, ao lado de José Pedro Gomes, criou um estilo próprio e inimitável de fazer comédia. Ironicamente, começou por fazer chorar...
António Feio tinha 27 anos quando o seu rosto se tornou familiar ao grande público, ao interpretar, na telenovela da RTP ‘Origens', ‘Nando', um toxicodependente cujo drama comoveu o País. Já tinha anos de trabalho em teatro. Filho de uma actriz, havia-se estreado nos palcos com apenas 11 anos, desafiado por Carlos Avilez a interpretar ‘O Mar', de Miguel Torga.
Depois de uma breve passagem por um atelier de arquitectura, como desenhador o apelo das tábuas foi mais forte, e provou ser uma decisão acertada. A viragem na carreira aconteceria depois do encontro com José Pedro Gomes, no início da década de 90. A dupla de actores - cuja química se tornou evidente desde a primeira colaboração, em ‘Inox - Take 5' - assinou vários espectáculos que foram num crescendo de sucesso: ‘Conversa da Treta', ‘O Que Diz Molero', ‘Arte', ‘Pop Corn', ‘Jantar de Idiotas', ‘O Chato', ‘2 Amores'.
O anúncio da doença veio interromper um percurso ascendente nos palcos, mas nem os tratamentos impediram António Feio de continuar a trabalhar. Apesar dos médicos lhe terem dado três meses de vida, recusou-se a baixar os braços e encontrou tempo - e forças - para terminar a ‘A Verdadeira Treta', como actor, e de assinar duas encenações, uma das quais ‘Vai-se Andando', com José Pedro Gomes. A sua página da rede social Facebook foi o elo de ligação com os fãs. A sua última mensagem foi: 'Esqueçam a minha doença! Parem para pensar!'. O velório realiza-se hoje à tarde no Palácio Galveias, em Lisboa.

PERFIL

António Feio nasceu a 6 de Dezembro de 1954 em Lourenço Marques. Estreou-se no teatro em 1966 e colaborou com estruturas como a companhia Laura Alves, Cooperativa de Comediantes Rafael de Oliveira, Teatro Popular, Teatro Aberto ou Teatro Nacional D. Maria II. Fez televisão, cinema e dobragens, encenou inúmeros espectáculos. Formou gerações de jovens como professor de teatro (no Centro Cultural de Benfica). Foi casado duas vezes e teve quatro filhos.

HONRADO NO DIA EM QUE SE TORNOU COMENDADOR

'Só espero ser um digno representante deste tipo de honra.' Foi assim que António Feio reagiu à condecoração que o Presidente da República, Cavaco Silva, lhe atribuiu no último Dia Mundial do Teatro, a 27 de Março. Desde essa data, o actor passou a comendador da Ordem Infante D. Henrique e compareceu à cerimónia, no Museu dos Coches, visivelmente emocionado, até pela fragilidade visível, reflexo já do seu estado de saúde. 'Queremos um País mais vivo, teatralmente falando, e com mais cultura. O teatro para nós é e será sempre uma festa', disse o actor, que falou na altura em nome de todos os homenageados. Acompanhado pela família, assumiu andar mais emotivo.

DOENÇA APROXIMOU FEIO DA FAMÍLIA

António Feio deixa quatro filhos: Bárbara e Catarina (do casamento com Lurdes Feio), e Sara e Filipe, da relação de 18 anos com Cláudia Cadima. Com uma carreira exigente, nem sempre foi o pai que quis, mas no último ano a doença acabou por aproximar a família - sobretudo depois da morte da irmã, Helena Luísa, falecida em Setembro de 2009, com a mesma doença de António Feio.
'Nós sempre fomos uma família muito próxima, mas claro que nos uniu mais', admitiu, recentemente, a filha Catarina.
Conscientes da luta que o pai estava a travar, as filhas mais velhas chegaram a ir viver com ele, em alturas diferentes, e, tal como o pai, sempre mantiveram uma atitude positiva. Aliás, segundo Cláudia Cadima, era António quem lhes dava maior força. Ontem, voltam a estar unidos, de forma diferente. O nascimento do neto Dinis, actualmente com dois meses, foi um momento de felicidade para o actor, que deixa um desejo por concretizar: levar os filhos a Moçambique, a terra onde nasceu. Ainda assim, manteve, até ao fim, coragem para lutar contra o ‘bicho' que o consumia, mesmo quando admitiu:. 'Não tenho medo da morte'.

REACÇÕES

'VOU TER MUITAS SAUDADES DELE': Maria Rueff, Actriz

'Estou profundamente sentida com a morte do António. Vou ficar sempre com a memória de um extraordinário encenador, de um actor de comédia excepcional, que lutou sempre até ao fim contra a doença que o levou. Vou ter muitas saudades dele, mas sei que ele estará a sorrir onde quer que esteja'

'EXEMPLO DE CORAGEM PELA FORMA C0MO LUTOU': Nicolau Breyner, Actor

'Vou recordar o António Feio como um amigo de longa data. Tínhamos ainda uma grande diferença de idades. Era um actor muito inteligente, com um sentido de humor excepcional. O António deu também um exemplo de coragem pela forma como lutou com toda a força esta doença. Fez uma parelha fantástica comJosé Pedro Gomes.'

'PERDEU-SE UM HOMEM MUITO IMPORTANTE': Manolo Bello, Produtor

'Perdeu-se um grande homem e um grande actor. Era muito importante para o País. Amigo de toda a gente, estava sempre disponível. Lembro-me do António, há mais de 20 anos, no programa do Joaquim Letria, com o Nuno Artur Silva. Andava sempre preocupado com os textos, por causa da censura... Encarou este último momento da sua vida com muita dignidade.'

AMIGO CHORA MORTE DE FEIO

Aldo Lima, grande amigo de António Feio, acompanhou o sofrimento do actor ao longo das últimas semanas. Ontem, na hora do adeus, o comediante estava inconsolável, não conseguia controlar as lágrimas e, por isso, não conseguiu sequer dizer uma só palavra.

Dream On - “Um musical numa viagem ao Sonho” subiu ao palco no Casino Estoril

  O 10º aniversário, da Associação Palco da Tua Arte, foi assinalado com um espectáculo cujo o título foi Dream On – “Um musical...