quarta-feira, outubro 06, 2010

ANF pede extinção do Infarmed e investigação policial



Suspeitas

O presidente da Associação Nacional de Farmácias (ANF) lançou hoje um conjunto de suspeitas sobre a política de comparticipações dos medicamentos em Portugal e propôs a extinção da autoridade reguladora do sector.

Na comissão parlamentar de Saúde, João cordeiro denunciou a situação da comparticipação de um medicamento antiepilético que "apenas foi considerado inovador em Portugal".
A situação levou mesmo o presidente da ANF a pedir uma investigação policial à comparticipação deste medicamento e à investigação farmacêutica em Portugal.
Em causa está o medicamento zebenix, que a ANF considera que não apresenta qualquer novidade ao nível da molécula e dos processos produtivos.
João Cordeiro sublinhou ainda que este medicamento tem custos diários 10 vezes superiores aos seus equivalentes: "o preço é um escândalo. Acho que o preço exige mesmo uma investigação policial".
A ANF frisa ainda que este medicamento não se encontra comparticipado em nenhum outro país da Europa e que apenas foi considerado inovador pela Autoridade Nacional do Medicamento (Infarmed).
"O Infarmed tem obrigação de evidenciar os ganhos em saúde com este investimento", declarou, recordando que este fármaco é comparticipado em 95 por cento pelo Estado.
A ANF disse ainda estranhar que o Governo vá financiar com 600 milhões de euros a investigação científica no laboratório que produz o Zebenix.
Para João Cordeiro, esta situação mostra que o Infarmed não tem cumprido as suas funções de organismo regulador e, como tal, deixa de ter razão para existir.
"Não percebo a necessidade do Infarmed em Portugal, sobretudo quando temos uma agência europeia do medicamento. Acho que o Infarmed é puro custo. Uma estrutura daquelas, com uns cerca de 300 funcionários, acho que é desnecessária", declarou aos deputados.
Além de considerar que o Infarmed não cumpre as suas funções no que respeita à comparticipação de remédios, lembrou que todos os medicamentos são introduzidos e retirados do mercado português por decisão da agência europeia.
João Cordeiro afirmou também que "alguma coisa de estranho se passa" com a venda de fármacos de alguns laboratórios em Portugal, que registaram crescimentos de mil ou dois mil por cento através de prescrições de determinados centros de saúde.
"Não é por acaso que a indústria farmacêutica investe milhões na sua relação com os médicos", declarou ainda o representante dos proprietárias das farmácias.

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