domingo, abril 26, 2009

Cavaco pede realismo e autenticidade nas eleições


Discurso no 35º aniversário do 25 de Abril

O Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, apelou hoje à participação activa dos cidadãos nas eleições deste ano, pedindo aos agentes políticos para apresentarem propostas com realismo, autenticidade e sem ilusões, num debate centrado nos grandes problemas do país.

"Aquilo que se promete deverá ter em conta a realidade que vivemos no presente e em que iremos viver no futuro. Dizer que essa realidade será fácil será faltar à verdade aos portugueses. Quem prometer aquilo que objectivamente não poderá cumprir estará a iludir os portugueses", afirmou Cavaco Silva, no discurso da sessão comemorativa do 25 de Abril, na Assembleia da República.
Numa intervenção dividida em duas partes, com a primeira dedicada à crise que Portugal atravessa e que "não pode ser iludida", o chefe de Estado falou longamente sobre os três actos eleitorais que irão decorrer entre Julho e Outubro - europeias, legislativas e autárquicas - fazendo um apelo directo à participação dos cidadãos.
"O exercício do sufrágio é, sem dúvida, a melhor homenagem que poderemos prestar à liberdade conquistada há 35 anos", disse, fazendo um "apelo directo" aos cidadãos para que "participem activamente" nas eleições, porque "a abstenção não é solução" e quem não vota abdica do direito de contribuir para "a construção de um Portugal melhor".
Depois do apelo à participação eleitoral, Cavaco Silva dirigiu-se aos agentes políticos e à comunicação social, advogando campanhas eleitorais "esclarecedoras", com os jornalistas a dever informar "objectiva e imparcialmente" sobre as propostas das forças políticas.
Aos políticos, o Presidente da República pediu para que "saibam dar o exemplo", concentrando-se num debate sobre a "resolução dos grandes problemas que o país enfrenta", com propostas com "realismo e autenticidade".
"Este não é, seguramente, o tempo das propostas ilusórias. Este não é o tempo de promessas fáceis, que depois se deixarão por cumprir. A crise obriga acrescida de prometer apenas aquilo que se pode fazer, com os recursos que temos e no país que somos e iremos ser", salientou.

"Crise não pode ser iludida"

Cavaco Silva defendeu ainda que a crise que Portugal atravessa não pode ser "iludida", alertando para a incerteza de que este seja "um momento meramente transitório" de recessão económica.
"A crise que vivemos não pode ser iludida e, num dia como o de hoje, haverá com certeza muitos portugueses que se interrogam sobre se foi este o país com que sonhámos em Abril de 1974", afirmou Cavaco Silva, num discurso na sessão solene comemorativa do 25 de Abril, na Assembleia da República.
Reconhecendo que "vivemos tempos difíceis, muito difíceis", o chefe de Estado lembrou as centenas de trabalhadores que são lançados no desemprego, num tempo em que Portugal está dominado pelas notícias de encerramento de fábricas e de empresas "apesar dos esforços para combater a crise".
Por outro lado, acrescentou, as previsões económicas divulgadas por instituições nacionais e internacionais "estão à vista de todos e não é possível negá-las".
"Devemos, por isso, compreender que esta crise leve muitos portugueses a interrogarem-se sobre aquilo que o futuro nos reserva", salientou, considerando essas interrogações tanto mais pertinentes, "quanto a crise que vivemos tornou mais nítidas as vulnerabilidades estruturais que o país ainda manifesta".
"Não há, assim, a certeza de que este seja um momento meramente transitório de recessão da actividade económica, a que se seguirão melhores dias num prazo mais o menos próximo".
Lembrando que "a ausência de valores e princípios éticos nos mercados financeiros" constituiu uma das principais causas da crise económica mundial, o chefe de Estado insistiu na necessidade de "a dimensão ética e a responsabilidade social" passarem a ocupar um lugar central no desenho das novas regras de controlo e supervisão das instituições e mercados financeiros.
"Seria condenável e imoral que os países mais pobres fossem obrigados a suportar os custos de uma crise para a qual em nada contribuíram", defendeu.
Porque, acrescentou ainda o Presidente da República, se é certo que a estabilidade financeira internacional é "um bem público global", cuja defesa é da competência de todos, "no caso da presente crise não restam duvidas sobre quem foram os que se aproveitaram das poupanças alheias e provocaram o colapso do sistema".
Ou seja, gestores financeiros "imprudentes ou incompetentes", outros "pouco escrupulosos ou dominados pela avidez do lucro a curto prazo", que abusaram da liberdade do mercado e da confiança dos cidadãos, com graves consequências na vida de milhões de pessoas.

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