domingo, dezembro 28, 2008

Pico da epidemia de gripe ainda está para chegar e urgências já estão em sobrecarga

Procura surpreendeu os responsáveis da Direcção-Geral da Saúde, que há duas semanas pediram aos hospitais para activarem os planos de contingência devido à epidemia

Foi um dia "absolutamente excepcional": na sexta-feira, entre hospitais públicos e centros de saúde, registaram-se mais de 37 mil episódios de urgência, uma afluência quase duas vezes superior ao normal, que provocou o entupimento de vários serviços e longas horas de atraso no atendimento. "Não há nenhum sistema de saúde que aguente isto", lamenta Mário Carreira, que está a monitorizar a situação na Direcção-Geral da Saúde (DGS) e pede às pessoas para evitarem a ida às urgências, a não ser nos casos mais graves.
A procura recorde destes serviços um pouco por todo o país surpreendeu os responsáveis da Direcção-Geral da Saúde (DGS), que estavam à espera de uma diminuição da afluência às urgências a seguir ao Natal, depois de, em dias anteriores, se terem verificado alguns picos devido sobretudo à epidemia de gripe que começou há três semanas. Na Europa, Portugal é o país onde a actividade gripal é mais intensa e, há duas semanas, a DGS pediu aos hospitais que activassem os planos de contingência para a doença. A epidemia, que tem provocado uma sobrecarga dos serviços de saúde, ainda está numa fase moderada, prevendo-se que venha a atingir o pico na próxima semana ou na seguinte, adianta Mário Carreira, que antecipa a continuação de uma grande afluência.
O dia mais difícil nos serviços de urgência costuma ser a segunda-feira, mas esta sexta-feira a procura foi superior. "A sobrecarga é completamente desproporcionada em relação à intensidade da gripe", nota o responsável da DGS, que compara os níveis actuais (65 casos novos por 100 mil habitantes por semana) com os registados em 2005 (163 casos novos/100 mil habitantes por semana). Uma das justificações para o maior recurso às urgências pode ser o facto de o vírus em circulação predominante este ano ser o AH3, que provoca sintomas mais agressivos.
Seja como for, a DGS não tenciona decretar medidas de excepção, à semelhança do que aconteceu no Inverno de 2007, porque os centros de saúde estão a responder em pleno. Na sexta-feira, para além das consultas normais, fizeram mais 20.261 atendimentos de recurso, as chamadas urgências dos centros de saúde, quando no mesmo dia de 2007 tinham realizado apenas 9750. Nos hospitais, na sexta-feira contabilizaram-se cerca de 17 mil episódios de urgência quando o normal, por dia e nesta época do ano, são entre oito mil e 10 mil.
Depois de um dia caótico, ontem a afluência às urgências hospitalares voltou a níveis considerados normais, apesar de ainda haver serviços com horas de espera. O Hospital Amadora-Sintra, com 574 doentes na sexta-feira, quase o dobro do normal, registou mesmo "a maior procura dos seus 13 anos de história" e mesmo os casos urgentes foram obrigados a aguardar 12 horas. Ontem à tarde, a equipa de oito médicos foi reforçada e a espera passou a cerca de quatro horas, em média, segundo o assessor de imprensa do hospital.
Nos maiores serviços de urgência do país (hospitais de Santa Maria, em Lisboa, de S. João, no Porto, e da Universidade de Coimbra), a situação estava relativamente calma ontem, mas havia hospitais que ainda se estavam a restabelecer da procura inusitada do dia anterior, como o Pedro Hispano, em Matosinhos, onde se chegaram a registar atrasos de sete a oito horas, e o dos Covões, em Coimbra. No Hospital Central de Faro, onde no início do mês a actividade do serviço de urgência chegou a estar condicionada, nesta sexta-feira a afluência não causou problemas, apesar de ter sido superior à média. Também há mais pessoas a ligar para a linha Saúde 24. "Temos tido cerca de 1800 chamadas por dia quando o normal são 1500", adianta o coordenador, Sérgio Gomes.

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