domingo, junho 20, 2010

Um adeus português ao escritor universal



Corpo do escritor chegou ontem a Portugal. Funeral é hoje, em Lisboa

Milhares de pessoas passaram ontem, desde o início da tarde, pelo Salão Nobre dos Paços do Concelho de Lisboa para uma derradeira homenagem ao escritor José Saramago, falecido anteontem, na ilha espanhola de Lanzarote. O funeral realiza-se hoje às 12 horas.
Anónimos e figuras públicas associaram-se à manifestação de pesar pelo desaparecimento físico do mais laureado escritor português contemporâneo. Primeiro, a conta-gotas e, ao fim de alguns minutos, com a chegada de um número crescente de pessoas, a fila não tardou a chegar à Praça do Município. A espera, essa, prolongou-se por longos minutos.
Além de familiares e amigos próximos, compareceram ao acto figuras das letras como Eduardo Lourenço, Manuel Gusmão e Gonçalo M. Tavares, mas também políticos de longa data (Jorge Sampaio, Diogo Freitas do Amaral e representantes dos principais partidos (como o primeiro-ministro, José Sócrates, Jerónimo Sousa e Francisco Louçã).
A ausência do presidente da República, Cavaco Silva, da cerimónia não passou despercebida aos presentes, mas, nas declarações aos jornalistas, ninguém criticou o chefe de Estado. Marcelo Rebelo de Sousa optou por desvalorizá-la, afirmando que "é mais importante a presença espiritual de Cavaco Silva do que a presença física", enquanto o antigo presidente da República Mário Soares observou que "a melhor homenagem é a que o povo português lhe está a prestar"
O cortejo fúnebre parte hoje, às 12 horas, rumo ao cemitério do Alto de S. João, em Lisboa onde será feita a cremação, conforme desejo expresso do autor de "Levantado do chão".

Vaticano critica escritor

O coro de homenagens ao escritor natural da Azinhaga percorreu Mundo, numa demonstração adicional do prestígio e da popularidade da sua obra, mas houve pelo menos uma excepção aos elogios rasgados: ontem mesmo, o diário oficial do Vaticano, "L'Osservatore Romano", publicou um violento artigo em que definia o escritor português como "populista e extremista" de uma ideologia antirreligiosa e marxista.
No texto, que reflecte a tensão existente há longos anos entre o romancista e os meios eclesiásticos, o articulista, Claudio Toscani, critica de forma áspera "o homem e o intelectual de nenhuma admissão metafísica, ancorado até ao final numa confiança arbitrária no materialismo histórico, aliás, marxismo".

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