sábado, janeiro 03, 2009

Cinema à borla provoca agitação


Polémica: Distribuidores queixam-se de concorrência desleal

A entrada em vigor de um cartão que dá acesso gratuito a salas de cinema Lusomundo a clientes da empresa ZON está a causar agitação nos meios da distribuição cinematográfica. O CM sabe que a Autoridade da Concorrência reuniu ontem para apreciar uma queixa formulada pelo conhecido produtor e distribuidor Paulo Branco, administrador da Medeia. Questionada pelo nosso jornal, esta entidade afirmou que "não comenta processos em curso." O tema deverá ser objecto de comunicação oficial dentro em breve.
"Isto vai levar ao fecho de muitas salas", afirma Paulo Branco, referindo-se ao cartão que está a ser enviado pelo operador aos clientes dos pacotes Funtastic, Clássico e Selecção (TV Cabo), cujo contrato vigora há pelo menos um ano. Os beneficiados poderão assistir gratuitamente a 52 filmes por ano. "São pessoas que costumam ir ao cinema e, assim, a Lusomundo, que já detém aproximadamente 70 por cento do mercado, passará a 90 por cento", argumenta Branco.
A TV Cabo, serviço televisivo da ZON, é o mais antigo distribuidor de sinal por cabo em Portugal, detendo a maior fatia do mercado – 74,3% segundo dados do primeiro semestre de 2008. A rival MEO, lançada em Abril passado, tem vindo a desenvolver acções concorrenciais para chamar a si mais assinantes.
"Claro que a oferta do cartão tem muito a ver com a guerra da ZON com a MEO, mas eles não podem afectar todo um sector por causa disso", alega Paulo Branco. A sua empresa, Medeia, está confinada, juntamente com outras duas, a Castello Lopes-Socorama e a UCI, a 30 por cento do mercado de distribuição cinematográfica. A Lusomundo controla 70 por cento.
Confrontada com a acusação de Paulo Branco, uma fonte da ZON afirmou ao CM: "O nosso objectivo não é esse; pelo contrário, queremos, com o cartão, que uma pessoa vá ao cinema e leve outra consigo." Dessa forma, "o que pretendemos é dinamizar o sector", acrescentou.

"REDUZIDOS A MERCADO ZERO"

Segundo as contas de Paulo Branco, da distribuidora minoritária Medeia, "pelo menos 800 mil pessoas, do milhão e meio de assinantes da ZON, têm acesso ao cartão que dá acesso gratuito aos cinemas da Lusomundo".
Este número é muito preocupante porque representa "40 milhões de potenciais bilhetes à borla para um universo de pagantes de 14 milhões", afirma o distribuidor, referindo-se ao número global de espectadores de filmes em Portugal previsível no presente ano.
"Ora, destes 14 milhões, a maior parte irá receber o cartão ZON", o que, na prática, deixar-nos-á [Medeia, Castello Lopes-Socorama e UCI] reduzidos a um mercado zero", assevera.
Paulo Branco considera que este desfecho atinge todo um sector porque "eles [ZON] passam a considerar o cinema como um complemento dos assinantes da TV Cabo, o que é inadmissível." Em sua opinião, o May ZON Card "irá acabar imediatamente com a distribuição e a exibição actuais."


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