terça-feira, janeiro 20, 2009

Ultimato após greve


Educação: Números do Governo e dos sindicatos muito distantes

Os sindicatos de professores lançaram um ultimato ao Governo, prometendo endurecer a luta com mais "greves e manifestações", se o Executivo não ceder. A greve de ontem teve adesão de 91 por cento, segundo a Plataforma Sindical. Já o Ministério da Educação (ME) disse, em comunicado, que foi "muito inferior à de Dezembro" e aponta para uma adesão de 41%, com 318 escolas e agrupamentos fechados num total de 1170.
O CM visitou escolas por todo o País e em todas elas a adesão rondou entre os 90 e os cem por cento, à excepção da Secundária André Gouveia, em Évora, com 82%.
Estranho é o caso do Algarve. O director Regional de Educação, Luís Correia, afirmou à Lusa que de manhã a adesão foi de 74,7%. Mas os números revelados ao final da tarde pelo ME apontam para uma adesão de 39 por cento.
Para Mário Nogueira, os docentes saíram "reforçados" da greve: "Se o Governo quiser manter o conflito, mais cedo do que tarde terá novas lutas, novas greves, novas manifestações, provavelmente mais intranquilidade, que queremos que desapareça de uma vez por todas", afirmou o porta-voz da Plataforma Sindical à porta do ME, onde entregou um abaixo-assinado com mais de 70 mil assinaturas. Nogueira fez depender novos protestos da negociação do Estatuto da Carreira Docente, que arranca no dia 28. Os docentes exigem a eliminação da divisão da carreira em titulares e não titulares; o fim das quotas para as notas máximas, a substituição do modelo de avaliação e o fim da prova de ingresso. "O Governo sabe qual é o caminho para acabar com o conflito", disse Nogueira.
Jorge Pedreira, secretário de Estado Adjunto e da Educação, falou à Lusa numa adesão "significativamente inferior" e qualificou a greve às aulas assistidas que hoje começa como "puro boicote" à avaliação de desempenho.
A greve foi um transtorno para os pais, com o presidente da Confap, Albino Almeida, a contestar a decisão de fechar escolas, ameaçando recorrer aos tribunais em próximas paralisações para garantir "serviços mínimos" como refeitórios e a guarda das crianças.

PAIS ALGARVIOS FORAM AVISADOS

Os pais dos alunos da maioria das escolas algarvias do 1º ciclo e pré-escolar foram avisados para não levarem os filhos às aulas, devido à greve. A adesão nestes estabelecimentos de ensino foi de " 100 por cento". Segundo Rui Sousa, do Sindicato dos Professores da Zona Sul, os docentes "compareceram nas escolas e mostraram que não ficaram em casa a dormir".

"A GREVE CUSTA-NOS MUITO"

Célia Costa foi uma das centenas de docentes que ontem fez greve e participou na manifestação em Viseu. E assumiu-o na dupla condição de professora e mãe: fez-se acompanhar pelo filho, de 14 anos, e por uma menina, filha de um casal amigo que, devido à greve, não teve aulas e cujos pais não estavam em casa.
"Sou a prova evidente de como a greve, que nos custa muito, interfere com alunos e pais. Só o Governo é que não vê isso", referiu ao CM Célia Costa, adiantando que não teve alternativa se não a "de levar os menores" para a manifestação. A docente, que lecciona na Escola EB2/3 Gomes Eanes de Azurara, em Mangualde, era uma das que empunhava um cartaz onde se lia ‘Aposentação – Muito antes do caixão’. Segundo o Sindicato de Professores da Região Centro, no distrito de Viseu, metade das escolas Básicas e Secundárias encerrou. As restantes, frisa Francisco Almeida, do sindicato, registaram taxas de adesão "entre os 70 e 97%. Foi superior à de Dezembro", garantiu.

A PRESIDENTE QUE ADERIU POR CONVICÇÃO

Isabel Legué, presidente do Conselho Executivo da Escola Secundária Maria Amália Vaz de Carvalho, em Lisboa, aderiu à greve, apesar de ter comparecido ao serviço e cumprido as suas funções. "No meu cargo devo lealdade à tutela. Por isso, cumpro as minhas obrigações. Mas faço greve por uma questão de convicção. Creio não estar a cometer uma ilegalidade. Vou descontar um dia de vencimento e até poupo dinheiro ao Ministério", afirmou ao CM a responsável de uma escola onde a adesão foi superior a 90 por cento. Legué foi uma das representantes dos 139 conselhos executivos que reuniu com Maria de Lurdes Rodrigues. "Até acredito que tomou medidas bem intencionadas, mas as perversidades do modelo mantêm-se."

APONTAMENTOS

AULAS ASSITIDAS

Os professores iniciam hoje uma greve às aulas assistidas, protesto que se vai prolongar até 20 de Fevereiro.

PROTESTO DE DEZEMBRO

Na última greve de professores, a 3 de Dezembro, a adesão foi de 94% para a Fenprof e 66,7% para o Governo.

NOTAS

SINDICATOS: SEM ENTENDIMENTO

O secretário de Estado da Educação, Valter Lemos, lamenta que os sindicatos "não queiram nenhum entendimento". O governante falava na assinatura de um protocolo com a Microsoft

APELO: ENCHER PARLAMENTO

Mário Nogueira apelou aos professores para encherem na sexta-feira as galerias da Assembleia da República para a votação do projecto do CDS-PP que propõe a suspensão da avaliação

FARO: ÚLTIMO DIA DE TRABALHO

Um dos professores que não aderiu à greve na Escola Afonso III, em Faro, justificou a decisão aos colegas por ser o seu último dia de trabalho antes de entrar no período de reforma

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