terça-feira, novembro 04, 2008

O regresso ao voto em papel



Voto electrónico. Críticas ao modelo tecnológico

Os americanos vão às urnas esta terça- -feira e quase dez milhões vão votar de forma electrónica, quando se elevam as críticas a este modelo eleitoral.
Os problemas são principalmente técnicos. Não só os ecrãs tácteis dos equipamentos de voto falham ou registam a escolha no outro candidato, por vezes, como vários estudos independentes mostram que é fácil manipular o software das máquinas.
"Esperemos que não haja problemas com a fiabilidade" dos resultados, refere Susan Greenhalgh, da organização independente Voter Action, citada pela CNN. Mas com o processo de votação antecipado em 31 estados, alguns problemas com votos no candidato errado já foram detectados por eleitores no Colorado, Tennessee, Texas e Virgínia Ocidental. E em Springfield, na vertente humorística mas atenta ao problema, onde Homer Simpson tenta votar em Obama mas as escolhas seleccionam sempre McCain, num episódio que deve ser emitido esta noite na televisão americana, após ter circulado em sites como o YouTube, de onde foi entretanto removido.
Esta quinta-feira, as organizações cívicas Brennan Center, Verified Voting e Common Cause divulgaram que pode haver problemas nas máquinas de voto em cerca de 30 estados e que o voto electrónico deve ser validado manualmente ou emitido um comprovativo em papel para eventual recontagem.
Também esta semana, dois estados anunciaram o abandono dos sistemas de voto electrónico após as eleições. Maryland vai continuar a pagar a factura de 65 milhões de dólares (só em hardware) até 2014 mas não os volta a usar - o que obriga a um investimento paralelo de mais 40 milhões de dólares até 2011 para regressar ao papel. Tal como na Virgínia, que proibiu a aquisição de mais máquinas. Nenhum dos estados tinha equipamentos com emissão do voto em papel. Outro problema é a facilidade de instalação de software fraudulento para potencial manipulação dos votos. Isto foi feito recentemente em apenas sete minutos, usando uma chave de parafusos para abrir a máquina e instalar um microprocessador, por Andrew Appel, do Center for Information Technology Policy da Princeton University. Fabricantes como a Premier Election Solutions (o novo nome da muito criticada Diebold), a Sequoia Voting Systems ou a ES&S negam as facilidades de abuso e insistem na segurança dos equipamentos. O facto de um voto passar para um candidato indesejado deve-se a erro humano ou má calibração das máquinas, assegura David Beirne, da associação de vendedores dos sistemas de voto electrónico Election Technology Council. Mas "a batalha para sensibilizar os votantes se os sistemas electrónicos são bons ou maus foi perdida", reflecte Kimball Brace, presidente da consultora Election Data Services, e críticos como Appel "venceram essa batalha".Nesta eleição, só um terço dos votantes o fará de forma electrónica, quando nas eleições de 2006 se chegou aos 40%. Os críticos do abandono dessa opção salientam que o recuo ocorre quando muitos votantes já estavam habituados ao modelo tecnológico.
Desde 2002, com a aprovação do Help America Vote Act, mais de três mil milhões de dólares de fundos governamentais foram para a aquisição de equipamentos. O desperdício financeiro com as compras já efectuadas deve ser complementado com mais "segurança e salvaguardas", explica John Willis, político conhecedor do processo eleitoral, e "não regressar ao século XIX com o papel".

Sem comentários:

Dream On - “Um musical numa viagem ao Sonho” subiu ao palco no Casino Estoril

  O 10º aniversário, da Associação Palco da Tua Arte, foi assinalado com um espectáculo cujo o título foi Dream On – “Um musical...