quinta-feira, novembro 25, 2010

O dia em que os CTT fecharam para almoço na Assembleia



Parlamento

Bloquistas e comunistas cumpriram os serviços mínimos. Excepção feita aos CTT, foi um dia normal em São Bento.

"Estimado cliente, informamos que esta estação de correio, excepcionalmente, hoje, dia 24, encerra no período de almoço das 13.00 às 14.30. Lamentamos o incómodo que possamos causar."
O anúncio impresso em tinta de improviso numa folha A4 esteve plantado diante da porta dos CTT de São Bento durante toda a manhã. Para quem chegava ontem ao Parlamento era o primeiro sinal da greve geral. Mas um dos últimos também.
Não fosse o teatro político e as saudações da esquerda e a maior greve de sempre - como lhe chamou o sindicalista João Proença - mal se teria feito notar na chamada Casa das Leis.
Enquanto lá fora o País estava paralisado de revolta, ontem no antigo Convento de São Bento os deputados faziam a fila habitual para o café da manhã e trabalhavam a todo o vapor para votar o Orçamento do Estado para o próximo ano.
Apesar dos atrasos nos transportes públicos, o debate no plenário arrancou com uma pontualidade pouco habitual - passavam poucos minutos das dez - e uma clareira na bancada do PCP. Os comunistas ficaram na rua a participar nos piquetes e deixaram Honório Novo e Bernardino Soares a falar e votar pelo grupo.
Ao seu lado, o Bloco apareceu unido e, de cravo na lapela, a enviar uma palavra para os grevistas. "Antes de mais queria deixar uma grande saudação a todos e todas e quantos hoje fazem uma grande greve geral", afirmou Mariana Aiveca.
Só que terminadas as votações da manhã, também os bloquistas se levantaram, saíram da sala e cada um deles foi travar a guerra contra a austeridade para outro lado. Ao leme ficaram Francisco Louçã, José Manuel Pureza e José Gusmão. E o plenário ficou o resto do dia a pender para a direita.
Nas salas dos assessores, o cenário era parecido. As de Bloco e PCP estiveram quase vazias, com uns poucos, que formalmente em greve, vieram assegurar os serviços mínimos para que as suas bancadas funcionassem e dessem eco à rua.
Nos corredores, a greve era apenas mais um dos temas de conversa. Os funcionários parlamentares solidarizaram-se com os grevistas, mas não faltaram ao trabalho.
Isso mesmo fez-se notar no café, na cantina, na papelaria e até no balcão da Caixa Geral de Depósitos, que contrariamente a quase metade dos balcões do banco lá fora, abriu como todos os dias.
Na cidade do Convento de São Bento só mesmo a estação de correios foi afectada. Uma das empregadas estava doente e não havia ninguém de outra estação disponível para a substituir. Restou ao que ficava fechar a porta quando teve de ir almoçar. As cartas dos deputados seguiram só depois do almoço.

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