quinta-feira, outubro 21, 2010

Londres tem maior pacote de austeridade da Europa



Reino Unido

Governo britânico anuncia cortes radicais na despesa do Estado e aumento de impostos. Plano visa reduzir défice e vai atingir meio milhão de trabalhadores do sector público.

O Governo britânico divulgou ontem um plano de quatro anos que pretende reduzir o défice orçamental do Reino Unido de 10,1% para 1,1% do PIB em 2015. Trata-se do maior corte de despesas públicas desde o fim da II Guerra Mundial e o maior na UE, com reduções de um quinto, em média, no orçamento dos ministérios e de 14% na Casa Real britânica.
Meio milhão de empregos públicos estão em risco e o plano está a ser fortemente contestado pelos trabalhistas, na oposição, mas também por activistas liberal-democratas (lib-dem), um dos partidos da coligação do Governo.
Todos os sectores do Estado serão afectados pelos cortes e o ministro das Finanças, George Osborne, explicou que as reduções de emprego público serão sobretudo alcançadas por "saídas naturais". Osborne também adiantou que os despedimentos são "inevitáveis", sem precisar a proporção no total de perdas de reduções de funcionários. Na sua opinião, há "redundâncias" no sector público.
Os cortes de despesa, em quatro anos, ascendem a 83 mil milhões de libras (95 mil milhões de euros), mas o Governo de David Cameron vai também proceder a aumentos de impostos que somam 30 mil milhões de libras. O défice orçamental está em 155 mil milhões. Para se avaliar a dimensão da verba envolvida, basta referir que estas poupanças são superiores a seis meses de produto interno português.
Ao anunciar a revisão orçamental, George Osborne referiu-se ao documento como sendo o "confronto com as facturas de uma década de dívidas", numa referência aos gastos efectuados pelos trabalhistas na área social e que estão na origem do perigoso défice orçamental britânico e da sua dívida.
Segundo o ministro, a "estrada é dura, mas leva a um futuro melhor". Osborne também explicou que pretende "evitar a falência" do país. Os custos com os juros da dívida pública estão em 120 milhões de libras diárias (137 milhões de euros), ou 43 mil milhões de libras por ano.
Os ministérios da Justiça, Interior, Ambiente, Cultura e Negócios Estrangeiros estão entre os mais atingidos pelas poupanças. Os dois últimos terão cortes de 24% até 2015. No mesmo período, e progressivamente, a defesa terá de fazer poupanças de 8% e os municípios de 7,1%. A BBC terá de poupar 16% do seu orçamento.
As medidas na Defesa, conhecidas já na terça-feira, foram as mais sensíveis, pois os cortes atingiram projectos cujo fim ameaça o estatuto de potência do Reino Unido. O país ficará sem porta-aviões até 2019 e a modernização dos mísseis Trident foi adiada. O sector perderá 42 mil postos de trabalho, incluindo 17 mil militares.
A oposição trabalhista recebeu o plano de redução de despesas com críticas contundentes. Para o Labour, trata-se de um projecto injusto, que vai atingir os mais pobres. O país ficará de joelhos, afirmou um dirigente. O líder trabalhista, Ed Miliband, disse que esta brutal redução na despesa "vai mergulhar o país numa recessão".
Mais polémica poderá ser a reacção dos lib-dem, sobretudo dos sectores do partido hostis à coligação que o líder, Nick Clegg, fez com os conservadores. Clegg, que é vice-primeiro-ministro, já informou os seus deputados de que o plano tem também a assinatura dos ministros liberal-democratas.
O problema está na extensão dos cortes na área social, que desagrada aos liberais. O Governo já tinha anunciado antes 11 mil milhões de libras em reduções na despesa social, aos quais foram agora adicionados mais 7 mil milhões. As rendas sociais vão aumentar drasticamente e a alteração da idade da reforma, de 65 para 66 anos, é antecipada para 2020.
Sem medidas, a economia britânica deveria subir este ano 1,1% e acima de 2% em 2011. Mas o défice estaria em 13% e a dívida acima dos 70% do PIB, níveis muito perigosos.

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